domingo, 30 de novembro de 2008

O LÚPUS E A GRAVIDEZ

O Lúpus e a Gravidez

Uma vez que o lúpus afeta principalmente mulheres jovens, a gravidez sempre passa a ser uma questão crucial. Há anos atrás, todos os textos médicos diziam que pacientes com lúpus não poderiam ter filhos e, se ficassem grávidas, deveriam realizar abortos. Obviamente, essas conclusões antigas estavam erradas. (Imagino a decepção e o desencanto das mulheres, com isso o seu lúpus, com certeza, ficariam ativos). Hoje em dia, 50 porcento de todas as gestações com lúpus são completamente normais, e 25 porcento dão à luz bebês prematuros. A perda do feto, devido a abortos espontâneos, ou a morte do bebê são responsáveis pelos 25 porcento restantes. Embora nem todos os problemas da gravidez com lúpus tenham sido resolvidos, ela é possível, e o nascimento de crianças normais é a regra.

Mesmo sendo perfeitamente possível que pacientes com lúpus tenham filhos, a gravidez pode não ser fácil. É importante notar que apesar de muitas gestações com lúpus serem completamente normais, todas devem ser consideradas de "alto risco". "Alto risco" é o termo usado comumente pelo obstetras para indicar que problemas podem ocorrer e que devem ser antecipados. Grávidas com lúpus devem ser acompanhadas por obstetras que estejam inteiramente familiarizados com gestações de alto risco, e que trabalhem em conjunto com o médico principal da mulher (o que acompanha o lúpus). O parto deve ser planejado para um hospital que disponha de uma unidade especializada no tratamento de recém-nascidos prematuros. Mamães com LES não devem tentar o parto em casa, nem devem estar excessivamente preocupadas com parto "normal", uma vez que complicações durante o parto são freqüentes. Contudo, sob severa observação, os riscos para a saúde da mãe são diminuídos, e o nascimento de bebês saudáveis é perfeitamente possível.

A gravidez vai despertar o meu lúpus?

Apesar de alguns textos médicos mais antigos sugerirem que crises de LES são comuns na gravidez, estudos recentes indicam que essas crises são raras e normalmente facilmentes tratadas. A verdade é que, de 6 a 15 porcento dos pacientes com lúpus atualmente vão experimentar uma melhora nos sintomas do lúpus durante a gravidez. As crises normalmente ocorrem durante o primeiro ou segundo trimestre, ou durante os dois meses imediatamente após o parto. A maioria das crises tende a ser suave. Os sintomas mais comuns dessas crises são artrite, RASHES e fadiga. Aproximadamente 33 porcento das pacientes com lúpus vão ter uma diminuição do número de plaquesta no sangue durante a gravidez, e cerca de 20 porcento vão ter um aumento ou nova ocorrência de proteína na urina. Mulheres que concebem após 5-6 meses de remissão da doença são menos suscetíveis à uma crise do lúpus do que aquelas que ficam grávidas quando o lúpus está ativo. Nefrite lúpica antes da concepção também aumenta as chances de se ter uma crise durante a gravidez. É importante distinguir os sintomas de uma crise do lúpus das mudanças normais do corpo que ocorrem durante a gravidez. Por exemplo, o fato dos ligamentos que unem as juntas normalmente se tornarem mais suaves na gravidez, favorecem o acúmulo de fluidos nas juntas, especialmente nos joelhos, o que causa inchaços. Apesar disso sugerir um aumento na inflamação devido ao lúpus, também pode simplesmente ser o inchaço que normalmente ocorre na gravidez. Similarmente, LUPUS RASHES podem aparentar uma piora durante a gravidez, mas isto é usualmente devido a um maior fluxo de sangue para a pele, comum na gravidez (o 'tom rosado' de uma grávida). Muitas mulheres também podem experimentar o nascimento de cabelo na gravidez, seguido de uma grande queda de cabelo após o parto. Embora a queda de cabelos seja um sintoma da atividade do LES, é mais um resultado das mudanças que ocorrem durante uma gravidez normal.

Qual é o melhor momento para ficar grávida?
A resposta é simples: quando você estiver mais saudável. Durante a remissão, as mulheres têm muito menos problemas do que quando a doença está ativa. Os bebês ficam bem melhores, e todos se preocupam menos.

Regras de boa saúde são essenciais: coma bem, tome os medicamentos conforme a prescrição, visite seu(s) médico(s) regularmente, não fume, não beba e, certamente, não use drogas.
Por quê visitas freqüentes ao médico são tão importantes numa gravidez com lúpus?
Visitas freqüentes ao médico são importantes em qualquer gravidez de alto risco, isso porquê muitos problemas podem ser prevenidos, ou tratados mais facilmente, se observados no início.

Cerca de 20 porcento das pacientes com lúpus têm um súbito aumento da pressão sangüínea, de proteína na urina, ou ambos durante a gravidez. Isto é chamado toxemia da gravidez (ou pré-eclâmpsia, ou hipertensão induzida pela gravidez). Essa é uma situação muito séria requerendo tratamento imediato e, usualmente, um parto prematuro. A toxemia é mais comum em mulheres mais velhas, negras, com gêmeos, com problemas nos rins, com pressão alta, e em mulheres que fumam. A quantidade de SERUM COMPLEMENT e de plaquetas no sangue podem estar anormais nesses casos. Uma vez que os níveis de COMPLEMENT e de plaquetas também são anormais durante as crises de LES, pode ser difícil para o médico ter certeza de que não é uma crise que está causando esses sintomas. Se a toxemia é prontamente tratada a mulher não fica em perigo, mas há um grande risco de morte do bebê se isso não acontecer. Se a toxemia é ignorada ambos, a mulher e seu bebê, ficam em perigo.

Durante o progresso da gravidez é prudente que o médico verifique o crescimento do bebê através de ultra-sonografias (que são inofensivas). O médico também deve checar com freqüência o batimento cardíaco do bebê. Anormalidades no crescimento do bebê ou no seu batimento cardíaco podem ser os primeiros sinais de problemas que podem ser tratados.

sábado, 29 de novembro de 2008

MEDICAMENTOS USADOS NO TRATAMENTO DO LÚPUS (VII) PULSOTERAPIA

Como essas drogas atuam

Imuran
O Imuran é menos potente e menos efetivo do que o Cytoxan (Ciclofosfamida) mas, de longe, produz bem menos efeitos colaterais. Seu uso pode causar uma diminuição na contagem de glóbulos vermelhos, leucócitos e plaquetas, podendo aumentar o risco do desenvolvimento de linfoma (tumor maligno envolvendo os gânglios linfáticos, fígado e baço). Contudo, é muito bem tolerado na maioria dos casos. Exames de sangue para determinar a contagem de glóbulos brancos, plaquetas e glóbulos vermelhos devem ser feitos regularmente em pacientes que recebem o Imuran. Ajustes na dosagem são feitos se os exames indicarem uma séria diminuição nessa contagem sangüínea.

O Imuran também é usado para tratar hepatite lúpica, artrite reumatóide e outras desordens auto-imunes, e para reduzir a quantidade de esteróides ministrada.

Cytoxan
O Cytoxan pode causar efeitos colaterais, mas é bem tolerado pela maioria dos pacientes. Como o Imuran, pode causar distúrbios no estômago (mal-estar), além de uma diminuição na contagem de glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas. Exames de sangue para determinar essas contagens devem ser efetuadas mensalmente nos pacientes que recebem esse medicamento. Se a contagem sangüínea estiver muito baixa a dosagem do remédio é ajustada, fazendo com que o sangue volte aos níveis normais.

Os pacientes tratados com cytoxan, têm um maior risco de desenvolver leucemia, câncer na bexiga e outros tumores. Cytoxan também pode causar uma esterilidade temporária, e até mesmo permanente, em homens ou mulheres, evitando a possibilidade de terem filhos. Também pode causar danos a um feto em desenvolvimento se a mulher engravidar acidentalmente durante o tratamento com essa droga. O uso cytoxan pode causar sangramentos na bexiga mas, normalmente, isso pode ser evitado com a ingestão de grandes quantidades de água. O cytoxan também pode predispor o paciente a desenvolver herpes, apresentando bolhas doloridas na pele. Também pode causar queda de cabelos. Como o Imuran, o uso do cytoxan pode predispor o paciente a desenvolver infecções incomuns, particularmente quando é usado em combinação com altas doses de esteróides.

125 a 150 miligramas (mg) diariamente, ministradas oralmente, é uma típica dose de cytoxan. 75 mg ou menos pode ser considerada como uma dose baixa. De preferência, o cytoxan deve ser ingerido pela manhã e não à noite, quando a ingestão de líquidos é menor. O cytoxan e o imuran raramente são usados juntos, exceto em algumas condições experimentais. O cytoxan (mas não o imuran) pode ser ministrado em doses muito mais altas mensalmente, por via intravenosa. Isso pode ser muito mais efetivo para tratar problemas graves nos rins, e pode ajudar a evitar alguns efeitos colaterais que ocorrem quando a droga é ministradas diariamente por via oral.

Drogas correlatas
Outras drogas citotóxicas relacionadas à ciclofosfamida (cytoxan) são chlorambucil (Leukeran) e {nitrogen mustard} (Mustargen). O Leukeran tem efeitos colaterais similares aos do Cytoxan. Como afirmado acima, os pacientes que recebem ciclofosfamida (Cytoxan), azathioprine (Imuran), chlorambucil (Leukeran) ou Mustargen, devem ter sua contagem sangüínea monitorada mensalmente. Em resposta aos exames e aos efeitos colaterais, a dosagem dessas drogas é ajustada para prevenir ou reverter uma toxidade mais grave.

Methotrexate é normalmente ministrado oralmente uma vez por semana, embora também possa ser ministrado através de injeções. A dosagem é geralmente de 7,5 a 20 miligramas semanais. O Methotrexate é bem tolerado pela maioria dos pacientes. O seu uso no tratamento do lúpus ainda não foi exaustivamente testado, mas é comumente dado para o tratamento da artrite reumatóide e tem mostrado melhoras nas dores das juntas e nos inchaços. Ele não predispõe o paciente ao desenvolvimento de malignidades, contudo, doenças no fígado e reações nos pulmões podem ocorrer com o uso desse medicamento, além dele ser sensível à luz solar. Pode ser preciso reduzir a dose se houver algum problema nos rins. A contagem sangüínea também deve ser efetuada mensalmente nos pacientes que recebem essa droga e a dosagem deve ser alterada ao serem constatados efeitos colaterais.

Conclusão
Os medicamentos citotóxicos não são necessários e não deveriam ser usados nos casos mais brandos de lúpus, eles podem ser muito úteis quando os rins ou outros órgãos principais são afetados, ou ainda quando o lúpus é muito ativo e sintomático. Algumas vezes, uma biópsia dos rins ou de outros tecidos é necessária antes de se decidir pelo uso desses medicamentos. Mesmo nos casos mais sérios, com envolvimento de órgãos principais, eles não devem ser usados indefinidamente sem uma boa razão.

Portanto, é importante avaliar os benefícios e os riscos que envolvem uma terapia desse tipo. Os médicos usam o termo "taxa de custo-benefício" para descrever a comparação dos efeitos colaterais com os benefícios do medicamento. Apesar dessas drogas não serem aprovadas pelo FDA (órgão americano de controle de remédios), elas são comumente usadas e aceitas como uma prática padrão. Pessoas com lúpus deveriam discutir com seus médicos o índice de custo-benefício desse medicamentos.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

MEDICAMENTOS USADOS NO TRATAMENTO DO LÚPUS (VI) PULSOTERAPIA

PULSOTERAPIA (Quimioterapia)
Imuran, Cytoxan e Drogas Correlatas
Robert S. Katz, M.D.Presbyterian St. Lukes Medical CenterSt. Lukes's/Roosevelt Hospital CenterAssociate Professor, Rush Medical CollegeChicago, Illinois

Por que alguém iria tomar um medicamento que diminui abruptamente o número de leucócitos ou de plaquetas no sangue, levando a uma maior suscetibilidade à infecções ou uma tendência à hemorragias? Por que alguém iria tomar um medicamento que, de certo modo, o predispõe a certos tipos de câncer? As pessoas com lúpus tomam esses medicamentos porque eles podem ser muito úteis, especialmente nos casos em que os rins ou outros órgãos maiores são afetados.

Enquanto alguns dos efeitos colaterais do Imuran (azathioprine), Cytoxan (ciclofosfamida) e outras drogas imunossupresivas são observados acima, eles normalmente são reversíveis na redução a dosagem ou na suspensão da medicação. Embora essas drogas imunossupresivas tenham graves efeitos colaterais, elas podem ser de grande valia no tratamento do lúpus. Eles podem ajudar a prolongar a vida, preservar funções renais, reduzir os sintomas e, algumas vezes, podem servir para colocar a doença em remissão. Essas drogas ajudam a diminuir os sintomas e os danos a órgãos vitais, como os rins, até que uma remissão natural ocorra. Algumas vezes elas ajudam a atingir a remissão mais cedo.

As drogas imunossupresivas e citotóxicas são algumas vezes usadas no tratamento do lúpus sistêmico eritematoso (LES) por duas razões principais. Primeiro, elas são drogas potentes que ajudam reduzir a atividade da doença em órgãos superiores como os rins. Segundo, elas podem reduzir ou algumas vezes eliminar a necessidade de esteróides (derivados da cortisona como a prednisona. Quando são usados apenas esteróides para tratar o envolvimento de órgãos superiores, normalmente são necessárias altas doses. Isto aumenta o risco de efeitos colaterais de curto e longo prazo, o que pode algumas vezes ser pior do que a própria doença. Drogas imunossupresivas também podem ser usadas para complementar, ou para substituir os esteróides ou para diminuir a dose necessária, preservando os pacientes dos indesejáveis efeitos colaterais do tratamento com esteróides.

Como essas drogas atuam?
As células do nosso corpo se dividem e crescem à taxas variadas. Exemplos de rápida divisão de células incluem, anticorpos produzidos pelo sistema imunológico, células sangüíneas, células dos cabelos, {gonadal cells} e células malignas (câncer). Drogas citotóxicas (cito=célula) atuam na identificação e destruição de células que têm uma alta taxa de crescimento. No lúpus, o sistema imunológico está hiper-ativo e produz auto-anticorpos rapidamente. Medicamentos citotóxicos têm seu maior efeito contra células que se dividem rapidamente e, portanto, podem ser benéficas no tratamento do lúpus ao suprimir as células envolvidas na hiper-atividade imunológica. O efeito é uma redução da atividade da doença. Existem riscos associados ao uso de drogas citotóxicas. O sistema imunológico pode ser suprimido demais e causar um aumento da suscetibilidade à infecções como o herpes e a pneumonia. A medula óssea pode ser suprimida ao ponto haver uma diminuição de glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas. A supressão do crescimento das células do cabelo pode levar a uma pequena calvície. Os efeitos citotóxicos nas células {gonadal} podem levar a esterilidade. (Continua...)

MEDICAMENTOS USADOS NO TRATAMENTO DO LÚPUS (V)

Efeitos Colaterais do Uso Prolongado de Esteróides
Efeitos colaterais causadas pelo uso prolongado de esteroides incluem catarata, fraqueza muscular, necrose avascular dos ossos e osteoporose.

A necrose avascular dos ossos, usualmente associada à altas doses de prednisona por um longo período, causa dores, um esquadrinhamento anormal dos ossos e uma aspecto atípico no raio-X. Isso ocorre com mais freqüência no quadril, mas também pode afetar os ombros, joelhos e outras juntas. A necrose avascular dos ossos é bastante dolorida e normalmente requer uma biópsia da medula, estímulos elétricos, ou uma total substituição cirúrgica das juntas para alívio das dores.

Os esteróides reduzem a absorção de cálcio através do trato gastrointestinal, o que pode resultar em osteoporose ou afinação dos óssos. A osteoporose pode levar à fraturas, especialmente às fraturas de compressão das vértebras, causando fortes dores nas costas. A ingestão de cálcio e outros medicamentos podem ajudar a prevenir a osteoporose.

Também há uma relação entre os esteróides e a arteriosclerose prematura, que é um estreitamento dos vasos sangüíneos causados por depósitos de gordura (colesterol).

No geral, há uma clara relação entre os efeitos colaterais do uso de esteróides e a dosagem e duração do tratamento. Assim, altas doses de esteróides ministradas por um longo período causam mais efeitos colaterais do que uma dose mais baixa ministrada por um prazo menor.

Conclusão
Os corticosteróides são agentes antiinflamatórios extremamente eficientes e podem ser muito úteis no tratamento do lúpus ativo, apesar dos seus significantes efeitos colaterais. Os tratamentos com esteróides devem sempre ser mantidos nas doses mais baixas possíveis e nunca devem ser interrompidos subitamente. Esperamos que em breve sejam desenvolvidas terapias alternativas eficientes menos tóxicas do que os esteróides. A história da maioria das terapias mostra, contudo, que aquelas mais eficientes sempre são associadas a efeitos colaterais. Este, certamente, é o caso dos esteróides.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

MEDICAMENTOS USADOS NO TRATAMENTO DO LÚPUS (IV)

Esteróides Usados no Tratamento do Lúpus
Robert S. Katz, M.D.Presbyterian St. Lukes Medical CenterAssociate Professor, Rush Medical CollegeChicago, Illinois

Muitos dos sintomas do lúpus são resultados de inflamações em vários tecidos do corpo. A cortisona, fabricada naturalmente pelas glândulas supra-renais e também artificialmente, é reconhecida por ter um efeito anti-inflamatório marcante.

A cortisona e seus derivados são os chamados esteróides, as drogas conhecidas com mais efetiva ação anti-inflamatória. O seu uso pode reduzir substancialmente o inchaço, ardor, sensibilidade e dor, sintomas associados à inflamação.

A dosagem de esteróides deve ser mantida no nível mais baixo possível, e não deve ser interrompida abruptamente se estiver sendo usada por mais de quatro semanas. Após esse período, as glândulas supra-renais podem sofrer um encolhimento, e podem não produzir cortisona o bastante se os esteróides sintéticos são descontinuados de uma única vez. Uma lenta redução na dosagem permite que as glândulas recuperem sua habilidade de produzir a cortisona natural. Por isso, a ingestão de prednisona ou de outro esteróide não deve ser interrompida abruptamente.

Os pacientes lúpicos devem discutir as razões do uso de esteróides com seu médico, além de poder optar por terapias alternativas.

Prednisona
Os esteróides produzidos pela parte mais externa (córtex) das glândulas supra-renais são chamados de "corticosteróides". A prednisona é o corticosteróide sintético mais usado no tratamento de lúpus. Ela vem em comprimidos de 5 e 20 miligramas (mg). Pode ser ministrada, no máximo, até 4 vezes por dia, no mínimo, uma vez dia sim dia não ou em qualquer dosagem entre esses números. Menos de 10 mg por dia é considerado uma dose baixa; de 11 a 40 mg é uma dose moderada; e de 41 a 100 mg por dia é uma dose alta.

Os esteróides também podem ser ministrados por via intra-venosa ou injetada diretamente nas juntas. Ocasionalmente, doses bastante altas podem ser ministradas por um curto período. Este tratamento, conhecido como "pulsoterapia", consiste em ministrar por via intra-venosa 1000 mg de metil-prednisona diariamente, durante três dias.

A prednisona é uma droga extremamente efetiva e pode ser necessária para controlar a atividade do lúpus. Embora muitos dos pacientes não precisem do uso contínuo de esteróides, aqueles que apresentem doença grave ou ativa e os rins afetados seriamente, podem requerer um tratamento de longo prazo com esteróides.

Normalmente há um alívio imediato da maioria dos sintomas após o início do tratamento com corticosteróides. Quando há a ocorrência de pleurise ou pericardite, doses baixas ou moderadas de esteróides são muito úteis. Os esteróides sempre podem ser completamente evitados nos casos mais brandos do lúpus (por exemplo, aqueles que envolvem apenas as juntas e a pele).

Além da prednisona, alguns outros derivados da cortisona incluem a hidrocortisona, metil-prednisona (Medrol) e dexametasona (Decadron).

Efeitos Colaterais
Alguns dos efeitos colaterais mais comuns do uso de esteróides incluem mudanças na aparência, tais como acne, desenvolvimento de uma face arredondada, e um aumento de apetite que leva a um ganho de peso. Os esteróides também podem causar uma redistribuição de gordura, levando a um inchaço na face e no abdomen, mas com uma magreza nos braços e pernas. Em alguns casos, a pele fica mais frágil, o que pode facilitar o aparecimento de machucados.

Os efeitos colaterais do uso de esteróides incluem irritabilidade, agitação, euforia ou depressão. A insônia também pode ser um efeito colateral. Essas mudanças na aparência e no humor são mais notáveis com o uso de altas doses de esteróides.

Um aumento na suscetibilidade à infecções pode ocorrer com o uso de altas doses de esteróides. A prednisona também pode agravar a diabete, glaucoma e a pressão alta, e com freqüência aumenta os níveis de colesterol e de triglicérides no sangue. Em crianças, os esteróides podem inibir o crescimento.

MEDICAMENTOS USADOS NO TRATAMENTO DO LÚPUS (III)

Quimioterapia
Quimioterapias similares às do tratamento do câncer são usadas para suprimir o sistema imunológico do paciente com lúpus. As drogas mais comuns usadas nesse tratamento são a azathioprina (Imuran), (via oral) e ciclofosfamida (Cytoxan), (via endovenosa). Essas drogas normalmente são reservadas às pessoas com manifestações mais sérias da doença como a nefrite lúpica ou distúrbios neurológicos onde o tratamento com corticosteróides falhou. Devido aos efeitos tóxicos associados a essas drogas, alguns dos quais muito sérios, é muito importante que as quimioterapias sejam conduzidas apenas por médicos acostumados com o seu uso. (Obs.: A Predinisona (hidrocortisona) tambem é usada junto ou separada da ciclofosfamida, via endovenosa)

Os possíveis efeitos tóxicos das quimioterapias são consideráveis e os pacientes tratados com essas drogas devem ser cuidadosamente monitorados. As drogas afetam as células produzidas pela medula óssea incluindo leucócitos, hemácias e plaquetas. Por isso, pacientes tratados com quimioterapia devem fazer exames de contagem do sangue (CBC) para ter certeza de que os níveis dessas células no sangue não fiquem muito baixos. E ainda, a quimiterapia reduz a capacidade do indivíduo de combater infecções; sendo também mais suscetíveis a ataques viróticos como herpes e outras infecções mais sérias.

Existem ainda outras toxidades distintas para cada tipo de droga usada na quimioterapia. A ciclofosfamida, por exemplo, pode causar náuseas e vômitos, perda de cabelo, complicações na bexiga, e esterilidade. A azathioprina normalmente causa distúrbios gastro-intestinais e tem sido associada com um tipo de hepatite alérgica. Imagina-se que ambas as drogas podem aumentar o risco da pessoa desenvolver câncer.

Há uma necessidade das pessoas com lúpus em saber mais sobre as drogas usadas no tratamento. Esse texto fala brevemente sobre as mais importante e mais usadas drogas utilizadas. Se você tiver questões ou dúvidas relativas às informações aqui apresentadas, você deveria checar com seu médico, farmacêutico ou outro profissional da área.

OBS.: O MICOFENOLATO MOFETIL (Cellcept) é um novo medicamento, tambem, usado como imunosupressor. Meu reumato, Dr. Evandro, em 2001 fez a substituição, suspendeu a azatioprina pois eu estava refratária a ela (antes eu usei Azatioprina e tambem fiz por 24 meses aplicação de ciclofosfamida).
A

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

MEDICAMENTOS USADOS NO TRATAMENTO DO LÚPUS (II)

Corticosteróides (cortisona)
Costicosteróides são drogas com propriedades antiinflamatórias muito potentes. Elas podem ser usadas como creme ou pomadas para as inflamções cutâneas ou ministrados como comprimidos ou injeções. A maioria dos sinais do lúpus respondem rapidamente ao tratamento com corticosteróides e, às vezes, eles podem de fato salvar vidas.

A decisão de ministrar corticosteróides e os detalhes do tipo e qual a dosagem dessas drogas é altamente individualizada e depende das necessidades do paciente. Pacientes com sintomas como febre, artrite, ou pleurisia que não responderam ao uso de drogas não-esteroidais, são normalmente tratados com baixas doses de corticosteróides por via oral como a prednisona ou metilprednisolona (prednisolona). Por outro lado, pacientes com manifestações mais sérias do lúpus, como nefrite com massiva presença de proteína na urina, anemia ou baixo número de plaquetas, ou convulsões podem requerer altas doses de corticosteróides. Na maioria dos casos, o corticosteróide é ministrado em dose única pela manhã. Outras formas de ministras essa droga incluem várias doses durante o dia, doses em dias alternados, ou em altas doses por via intravenosa (pulsoterapia). Em geral, uma vez que os sintomas do lúpus respondem ao tratamento, a dose é reduzida gradualmente enquanto o paciente é observado para verificar se não há nenhuma recaída. Quanto mais a pessoa faz uso de corticosteróides, mais difícil se torna reduzir a dose ministrada.

Existem várias complicações no tratamento com corticosteróides. No geral, os riscos dessas complicações são maiores quanto maiores as doses requeridas, ou quando o medicamento é usado por um longo período. Os corticosteróides podem produzir mudanças na aparência física do paciente tais como, ganho de peso, inchaço das bochechas, afinamento da pele e dos cabelos, e facilidade para ferimentos. Desconfortos estomacais como dispepsia ou azia são comuns e podem ser minimizados com a ingestão das drogas durante as refeições ou juntamente com outros remédios para prevenir danos ao estômago. Os pacientes podem notar mudanças de humor que incluem a depressão e volubilidabe emocional (alterações de humor). Os corticosteróides podem ainda causar diabetes, aumentam o risco de infecções ou, quando ministrados por vários vezes, podem causar catarata. Podem ainda atingir os ossos, causando danos nas juntas do quadril, joelhos, ou outras articulações (osteonecroses); também podem causar osteoporose (afinamento dos ossos) após longos períodos de uso. Para muitos, cálcio ou outros medicamentos que previnem a osteoporose são ministrados juntamente com os corticosteróides.

Antimaláricos
Drogas usadas no tratamento da malária são largamente usadas no controle dos sintomas do lúpus. Elas são particularmente efetivas no tratamento da artrite lúpica, inflamações cutâneas, e ulcerações na boca. A droga hidroxicloroquina (Plaquinol) é o mais usada dos agentes antimaláricos. Os antimaláricos podem apresentar pequeno risco de danos ao feto, sendo normalmente descontinuados quando a paciente fica grávida.

Os efeitos colaterais da terapia com baixas doses de antimaláricos incluem sintomas gástricos (dores no estômago ou dispepsia), inflamações ou escurecimento da pele, e fraqueza dos músculos. Logo após o início do tratamento pode haver um pequeno embaçamento da visão, esse efeito some completamente por si mesmo.

Quando em altas doses como aquelas usadas no tratamento da malária, essas drogas podem produzir danos à retina causando distúrbios visuais e até a cegueira. O risco dessa complicação com o uso de baixas doses no tratamento do lúpus é extremamente baixo. Contudo, como precaução, pacientes tratados com antimaláricos geralmente passam por um exame oftalmológico completo no início e a cada 6 meses durante a terapia. Isso possibilita a detecção precoce de qualquer dano à retina e, se necessário, adroga pode ser suspenda para evitar danos maiores à visão.

MEDICAMENTOS USADOS NO TRATAMENTO DO LÚPUS

Medicamentos Usados no Tratamento do Lúpus
John H. Klippel, M.D.Clinical Director, National Institute of Arthritis and Musculoskeletal and Skin Diseases, National Institute of HealthBethesda, MDJennifer M. GlunzDubuque, IA

Os medicamentos são um importante aspecto do tratamento de muitos pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES). Existem dois objetivos básicos dessas drogas: 1) reduzir a inflamação dos tecidos afetados, e 2) inibir anormalidades do sistema imunológico consideradas responsáveis pela inflamção. Esse texto discute as principais drogas usadas no tratamento primário do lúpus. Ainda, é importante notar que pessoas com lúpus normalmente precisam de outros remédios para o tratamento das complicações normalmente observadas na doença. Exemplos desses tipos de medicamentos incluem diuréticos contra a retenção de fluidos, drogas contra a hipertensão, anticonvulsivantes, e antibióticos para o tratamento de infecções.

Drogas Antiinflamatórias
Drogas antiinflamatórias aliviam os sintomas do lúpus ao reduzir a inflamação responsável pela dor e pelo desconforto. Os antiinflamatórios são, de longe, os medicamentos mais usados no tratamento do lúpus, particularmente quando o paciente apresentam sintomas como febre baixa, fadiga, artrite, ou pleurisia. A melhora dos sintomas geralmente é notada após vários dias de tratamento. Na maioria das pessoas com lúpus, os antiinflamatórios são os únicos medicamentos necessários para controlar a doença.

Essas drogas são divididas em duas subcategorias: agentes não esteróides ou corticosteróides. Entre as drogas da classe não-esteróide, os salicilatos (normalmente na forma de aspirina) são os mais comumente usados. A aspirina normalmente é acondicionada com algum antiácido ou outra substânica para reduzir sintomas gatrointestinais. Como alternativa para os salicilatos, existe uma série de outras drogas não-esteroidais. Algumas dessas drogas precisam de prescrição médica enquanto outros, como ibuprofen, podem ser comprados diretamente sem qualquer receita. Por razões ainda desconhecidas, as pessoas com freqüência respondem melhor a certos não-esteróides do que a outros. Portanto, pode ser necessário o uso de pequenos cursos de várias drogas diferentes até que seja determinada a mais efetiva.

O efeito colateral mais comum associado ao uso de drogas não-esteroidais é a irritação do estômago ou intestino causando dor abdominal. Raramente isso leva a complicações mais sérias tais como úlcera com sangramento. Para reduzir as chances desses problemas, esse tipo de droga normalmente é ingerido durante as refeições ou ministradas juntamente com outros remédios para proteger o estômago e intestino.

Vários e muito raros efeitos colaterais dessas drogas não-esteroidais podem ser confundidos com sinais do lúpus. Essas drogas podem causar febre ou inflamações cutâneas, sendo facilmente confundidos com sinais da atividade lúpica. Elas ainda podem produzir alterações nos rins conduzindo a um edema ou anormalidades nos exames de urina ou sangue que lembram a nefrite lúpica. Similarmente, essas drogas também podem causar febre e dores de cabeça que podem imitar um tipo de distúrbio neurológico observado no lúpus. A identificação desses efeitos colaterais é importante um avez que os sintomas são prontamente reversíveis, bastando apenas interromper o uso desses medicamentos.

O TRATAMENTO DO LÚPUS

O Tratamento do Lúpus Eritematoso Sistêmico
Para a grande maioria das pessoas, um tratamento efetivo pode minimizar os sintomas, reduzir as inflamações e manter as funções do corpo normais.
Medidas preventivas podem reduzir os riscos de uma crise. Para pacientes fotossensíveis, evitar (excessiva) exposição ao sol e/ou o uso regular de protetor solar, evita o aparecimento de erupções cutâneas. Exercícios regulares ajudam a prevenir a fraqueza dos músculos e fadiga. A imunização protege contra infecções específicas. Grupos de apoio, aconselhamento, conversas com familiares, amigos e médicos, podem ajudar a aliviar os efeitos do estresse. Não é necessário dizer que maus hábitos podem ser terríveis para pacientes com lúpus. Isso inclui fumar, consumo excessivo de álcool, tomar a medicação em excesso ou em dosagens abaixo da prescrita, além de adiar visitas regulares ao médico.
A focalização do tratamento é baseada em necessidades e sintomas específicos de cada pessoa. Pelo fato das características e do curso do lúpus variar significativamente de pessoa para pessoa, é importante enfatizar que uma avaliação médica constante é essencial para assegurar um diagnóstico e tratamento adequados.

Alimentação:
Apesar de não se ter muitos conhecimentos sobre os fatores nutricionais nos vários tipos da doença, ninguém questiona a necessidade de uma dieta bem balanceada. Dietas da moda, que pregam um excesso ou uma exclusão total de certos alimentos, trazem mais malefícios do que benefícios para qualquer doença, inclusive o lúpus. Os cientistas têm mostrado que os anticorpos e outras células do sistema imunológico podem ser seriamente afetadas por deficiências nutricionais. Assim sendo, desvios significativos de uma dieta balanceada podem provocar efeitos em uma rede tão complexa quanto o sistema imunológico. Têm surgido várias sugestões sobre alimentos no tratamento do lúpus, um exemplo é o óleo de peixe. Entretanto, essas dietas têm sido usadas apenas em cobaias com sucessos limitados e não devem ser considerados como fundamentais para uma pessoa.

Prognósticos:
A idéia de que o lúpus é uma doença fatal é uma das mais graves concepções errôneas sobre a doença. De fato, os prognósticos a respeito do lúpus são melhores do que nunca. Hoje, com um diagnóstico precoce e as atuais terapias, 80 a 90% das pessoas com lúpus podem esperar por uma vida normal se eles seguirem as instruções do seu médico, tomarem todos os medicamentos conforme prescritos, e souberem quando procurar por ajuda quando efeitos colaterais ou novas manifestações da doença aparecerem. Apesar de alguns pacientes terem duras recaídas e serem freqüentemente hospitalizados, muitas pessoas com lúpus jamais precisam de cuidados hospitalares.
As novas pesquisas trazem resultados inesperados a cada ano. Os progressos feitos no tratamento e no diagnóstico durante a última década são os maiores dos últimos cem anos! É, portanto, muito importante a idéia de manter controlada uma doença que amanhã pode ser curável.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

O DIAGNÓSTICO DO LÚPUS (II)

Testes de laboratório usados para diagnosticar Lúpus:

O primeiro teste de laboratório elaborado foi o teste celular LE (Lupus Eritematoso). Quando o teste é repetido várias vezes, é eventualmente positivo em 90% das pessoas com lúpus sistêmico. Infelizmente, o teste celular LE não é específico para o lúpus sistêmico (apesar do tom oficial do nome). O teste também pode dar positivo em até 20% de pessoas com artrite reumática; em pessoas com outras condições reumáticas como a Síndrome de Sjogren's ou esclerodermia; em pacientes com problemas no fígado; e em pessoas que tomem certas drogas (tais como procainamide, hydralazine e outras).

O Teste de Fator Anti Nuclear (ANA ou FANA - The Immunofluorescent Antinuclear Antibody) é mais específico para o lúpus do que o teste celular LE. Este teste dá positivo em virtualmente todas as pessoas com lúpus sistêmico e é o melhor exame disponível atualmente. Se o resultado for negativo, provavelmente o paciente não tem lúpus sistêmico. Por outro lado, um resultado positivo não é um diagnóstico completo de lúpus, uma vez que o resultado também pode ser positivo nos seguintes casos:
- em indivíduos com outras doenças relacionadas aos tecidos;
- em indivíduos sem sintomas;
- pacientes tratados com certas drogas, incluindo procainamide, hydralazine, isoniazid e chlorpromazine;
- indivíduos em outras condições que não o lúpus, tais como esclerodermia, artrite reumatóide, mononucleose infecciosa e outras doenças infecciosas como lepromatus leprosy, subacute bacterial endocarditis, malária etc., além de problemas no fígado.

Os resultados do teste ANA apresentam um indicador. Este indicador mostra quantas vezes o sangue do indivíduo deve ser diluído para se obter uma amostra livre de anticorpos anti-nucleares (anti-nuclear antibodies). Assim, um índice de 1:640 mostra uma concentração maior de anticorpos anti-nucleares do que um índice de 1:320 ou 1:160. O índice é sempre maior em pessoas com lúpus. Pacientes com lúpus ativo vão ter índices muito altos no teste ANA.

Testes de laboratório que medem os níveis de complementos no sangue, também são de algum valor. Complemento é uma proteína do sangue que, com anticorpos, destrói bactérias. É uma espécie de "amplificador" da função imunológica. Se o nível total de complemento no sangue é baixo, ou os valores dos complementos C3 e C4 são baixos, e a pessoa também tem um ANA positivo, algum peso é adicionado ao diagnóstico do lúpus. Baixos níveis dos complementos C3 e C4 em indivíduos com resultados positivos no teste ANA, também podem indicar lúpus com envolvimento maior dos rins.

Os testes de laboratório são mais úteis quando se consegue lembrar as seguintes informações: Se um indivíduo apresenta sinais e sintomas de lúpus (pelo menos quatro dos critérios apresentados pela Associação Americana de Reumatismo), um resultado positivo no teste ANA confirma o diagnóstico e não são necessários mais exames; se uma pessoa tem apenas dois ou três sintomas, então um resultado positivo no ANA reforça o diagnóstico. Nesse caso, a menos que testes mais específicos dêem positivo (ex.: anti-DNA, anti-Ro), o diagnóstico do lúpus é considerado incerto até que sejam encontrados mais sinais clínicos ou outros exames sangüíneos mais específicos, como os citados acima, também apresentem resultados positivos.

Alguns médicos também podem optar por fazer uma biópsia nas erupções cutâneas e nos cabelos do paciente. Essas biópsias podem ajudar a diagnosticar o lúpus sistêmico em 75% dos casos.

A interpretação de todos estes testes, positivos ou negativos, e sua relação com os sintomas, é freqüentemente difícil. Um teste pode ser ora positivo, ora negativo, refletindo a atividade relativa da doença ou outras variáveis. Quando certas questões não puderem ser esclarecidas, consulte um especialista em lúpus.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O DIAGNÓSTICO DO LÚPUS

O Diagnóstico do Lúpus Eritematoso Sistêmico
Pelo fato do lúpus apresentar sintomas de muitas outras doenças, algumas vezes vagamente outras que vêm e desaparecem, o seu diagnóstico é muito difícil. O diagnóstico é feito, muitas vezes, por uma cuidadosa e completa revisão no histórico médico da pessoa, além de exames de rotina em laboratórios e outros exames mais específicos sobre o status imunológico do paciente.
Atualmente não há um teste específico para determinar se a pessoa tem lúpus ou não. Para auxiliar o médico no diagnóstico do lúpus, a Associação Americana de Reumatologia listou 11 sintomas ou sinais que ajudam a distinguir o lúpus de outras doenças (ver Tabela 2). O suspeito de lúpus é aquele que apresentar, pelo menos, quatro desses sintomas. Os sintomas não ocorrem todos necessariamente ao mesmo tempo.

Tabela 2: Os 11 Critérios Usados Para Diagnosticar Lúpus
Erupções cutâneas

-Erupções no malar (maçãs do rosto)
-Erupção discóide (em forma de disco)
-Manchas vermelhas protuberantes
Fotossensibilidade
-Reação à luz do sol, resultando num aumento das erupções cutâneas
Ulcerações Orais
-Feridas no nariz e na boca, normalmente sem nenhuma dor
Artrite
-Artrite não erosiva, envolvendo duas ou mais juntas periféricas (artrite que não destrói os ossos próximos às juntas)
Seroenterite
Pleurite ou pericardite
Desordem renal

-Excesso de proteína na urina (mais do que 0,5 gm/dia ou 3+ nos testes) e/ou lançamentos celulares(?) (elementos anormais na urina, derivados de hemácias e/ou leucócitos e/ou de células de tubos renais(?)
Distúrbios
-Neurológicos
Convulsões e/ou psicose na ausência de drogas ou distúrbios metabólicos que são conhecidos por causar tais efeitos
-Hematológicos
Anemia hemolítica ou leucopenia (contagem de leucócitos abaixo de 4000 células por milímetro cúbico) ou linfopatia (menos de 1500 linfócitos por milímetro cúbico). A leucopenia e a linfopatia devem ser detectadas em duas ou mais ocasiões. A trombocitopenia deve ser detectada na ausência de drogas conhecidas por induzí-la.
-Imunológicos
Teste LE positivo, teste anti-DNA positivo, teste anti-SM positivo ou teste de sífilis falso-positivo (VDRL).
Teste positivo para anticorpos antinucleares na ausência de drogas conhecidas por induzi-los.

domingo, 23 de novembro de 2008

BIÓPSIA RENAL (II)

O que acontece - Durante
Você será deitado de bruços, com um travesseiro ou outro apoio no seu estômago (isso ajuda a esticar sua coluna);
Sua costa será esterilizada com uma solução antiséptica;
Será ministrada uma anestesia local;
Com a ajuda do equipamento de imagem (a não ser que o exame seja feito no próprio leito), o médico vai localizar o seu rim; ele, então, pede para você respirar fundo e prender a respiração. Enquando você prende a respiração (isso mantém o rim imóvel), o médico insere uma agulha e retira uma amostra do rim. Ele vai te avisar a hora de respirar novamente;
O médico, provavelmente, irá extrair 3 a 5 amostras para examinar;
Depois de retiradas as amostras, será aplicada uma pressão na área;
Com o anestésico local, este procedimento se torna desconfortável, mas não é dolorido;
O tempo total do procedimento é de, mais ou menos, trinta minutos.

O que acontece - Depois
Após o procedimento, será feito um curativo no local;
Você será colocado em repouso, de costas, por aproximadamente 24 horas. Normalmente esse procedimento requer uma internação de um dia no hospital;
Nessas 24 horas, seus sinais vitais, seu hematócrito e o local da inserção serão examinados com freqüência;
Você será orientado a evitar certas coisas (se possível) que causem aumento de pressão no abdomen (como tossir, por exemplo);
Toda a sua urina nesse período de 24 horas será coletada e examinada para verificar a ocorrência de sangramento;
Você será estimulado a ingerir grande quantidade de líquido;
Você será orientado para evitar atividades extenuantes nas duas semanas seguintes (tais como, andar à cavalo, carregar peso, praticar esportes de contato) - qualquer coisa que possa machucar os rins;
Você será instruído a contactar o seu médico na ocorrência de: febre; dor nos flancos, queimação na hora de urinar, sangue na urina, ou qualquer outro sinal de que tem algo errado.

sábado, 22 de novembro de 2008

O LÚPUS E OS RINS (IV) BIÓPSIA RENAL

Insuficiência Renal
Apesar do tratamento apropriado, alguns pacientes com nefrite lúpica desenvolvem uma progressiva perda da função dos rins com conseqüente insuficiência renal. Isso requer o suporte da função renal através do uso de diálise artificial, que pode ser feito através da hemodiálise, na qual o sangue passa em uma máquina de diálise para ser filtrado, ou através de um processo chamado diálise peritoneal, no qual o fluido é introduzido na cavidade abdominal e subseqüentemente removido. Finalmente, o transplante de rins tem obtido muito sucesso em pacientes com insuficiência renal causada pela nefrite lúpica, eliminando a necessidade da diálise artificial.
Nas últimas décadas têm havido muitos avanços na compreensão do que causa a nefrite lúpica e, principalmente, avanços nos métodos de tratamento dos pacientes.

Biópsia Renal

Biópsia dos Rins - Punção dos Rins
Definição: Uma biópsia renal fornece tecido dos rins que podem ser microscópicamente examinados para os seguintes objetivos:
-Para diagnosticar a causa da doença renal (nefríte lúpica, glomerulonefrite etc.)
-Para detectar a malignidade (primária e metastática) no rim.
-Para avaliar o grau de rejeição num paciente transplantado (isso permite ao médico ajustar as doses de imunossupresivos)
Vantagens
Facilmente realizada por um médico competente;
Menos risco de infecção, comparada com uma biópsia "aberta";
Existe um risco muito pequeno de complicações nesse procedimento;
O tempo de recuperação é mínimo, comparado com uma biópsia "aberta";
Não é necessária anestesia geral.
Contra-indicações/Complicações:
Em pacientes que tenha problema de sangramento - há um risco de hemorragia excessiva; Em pacientes que tenham um tumor operável - esse procedimento pode disseminar as células do tumor;
Em pacientes com hidronefrose - poderia resultar num vazamento persistente de urina, necessitando de intervenção cirúrgica;
Em pacientes com infecção no trato urinário - isto poderia espalhar a infeção para além do trato urinário;
Pode causar sangramento do rim;
É possível que algum órgão seja indevidamente punçado - pulmões, fígado, bexiga, vasos sangüíneos importantes;
Há um leve risco de infecção.

O que acontece - Antes
Seu médico (aquele que pediu o exame), deve te explicar o que ele está procurando;
Você pode ser advertido para não ingerir comida ou água nas 12 horas que antecedem a biópsia - isto é importante para o caso de ocorrer algum problema durante o procedimento;
Seu sangue será examinado para avaliar os índices normais/adequados de sangramento e coagulação; Você deve informar o técnico/médico se você tiver qualquer contra-indicação;
Embora não seja necessário o uso de qualquer sedativo ou analgésico, muitos médicos ministram algum tipo de medicamento no paciente antes desse procedimento. Você deve perguntar ao seu médico se você vai ou não receber algum tipo de medicamento previamente;
Em alguns casos, esse procediemento é realizado no próprio leito. Mas, na maioria dos casos, são realizados com o auxílio de equipamentos de ultrasom e fluoroscopia (para o posicionamento mais adequado da agulha);
Faça todas as perguntas que achar necessárias ao seu médico.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

O LÚPUS E OS RINS (III)

Tratamento
A terapia da nefrite lúpica deve ser individualizada, de acordo com as necessidades do paciente específico. Fatores como a quantidade de edema (inchaço), anormalidades urinárias, quantidade de proteína na urina, redução da função renal, além dos resultados da biópsia, devem ser levados em consideração na hora de decidir pelo tratamento. Princípios gerais de controle médico dos rins são extremamente importantes na nefrite lúpica. Isso inclui o uso de agentes diuréticos que ajudam a eliminar o excesso de fluidos, drogas contra a hipertensão para controlar a pressão sangüínea, e mudanças na dieta para controlar a ingestão de sal, proteínas e calorias.
As duas mais importantes formas de terapia usadas no tratamento específico da nefrite lúpica são corticóides para controlar a inflamação nos rins, e drogas imunossupressivas para diminuir a atividade do sistema imunológico.
Os corticóides, como Prednisona, Prednisolona ou Metilprednisolona (Medrol), são usados com freqüência para tratar da nefrite lúpica. Embora os corticóides tenham sido usados por quase quatro décadas no tratamento da nefrite lúpica, ainda existem muitas questões sem resposta, do tipo: como eles atuam e como podem ser usados de forma mais efetiva. No geral, altas doses de corticóides, tomadas por via oral ou intravenosa, são ministradas até que uma melhora seja verificada. A dose de corticóides é então lentamente diminuída até que uma cuidadosa observação médica determine que a nefrite não piore.
Altas doses de corticóides, ou mesmo quando ministrados por um longo período, podem causar uma série de efeitos colaterais. Eles incluem um aumento de apetite e retenção de fluido com conseqüente ganho de peso, inchaço na face, suscetibilidade a ferimentos, alterações de humor, além do aumento no risco de infecções e diabetes. Alguns desses efeitos colaterais podem ser minimizados pela mudança na dieta, como redução da quantidade de calorias seguida de uma dieta com baixo teor de sal.
Drogas citotóxicas ou imunossupressivas como a azathioprine (Imuran) ou ciclofosfamida (Cytoxan) são normalmente usadas em pacientes que não respondem ao uso de corticóides. Essas drogas bloqueiam as funções do sistema imunológico para prevenir maiores danos aos rins. Existe uma clara evidência em pesquisas de que essas drogas sejam benéficas para pacientes com grave nefrite lúpica. Contudo, o uso dessas drogas é controverso, principalmente devido às sérias complicações associadas ao seu uso.
Surgem várias terapias experimentais para a nefrite lúpica, sendo temas de intensa investigação. Essas terapias incluem o uso de novas drogas imunossupressoras como a cyclosporine, a remoção de anticorpos associados à nefrite lúpica através da plasmaferese seletiva, e a administração de agentes biológicos que suprimem o sistema imunológico.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

O LÚPUS E OS RINS (II)

Exames Para Avaliar a Nefrite Lúpica
Existem vários tipos de exames para avaliar o envolvimento dos rins de um paciente com lúpus.

Urinálise
O exame de urina é, de longe, o mais simples e mais comum método para avaliar a nefrite lúpica. Nesse exame, uma amostra da urina é analisada para verificar a presença de proteínas e células sangüíneas que não seriam encontradas numa amostra comum. As proteínas ou células sangüíneas podem se formar dentro dos túbulos dos rins, sendo excretadas na urina como "casts". "Casts" são identificados ao examinar a urina em um microscópio. A presença de proteína (proteinúria), hemácias (hematúria), leucócitos (leucocitúria) ou "casts" na urina, sugere a possibilidade da nefrite lúpica e geralmente indicam a necessidade de maiores exames.

Exames sangüíneos
A principal função dos rins é livrar o corpo de dejetos e do excesso de fluidos. Exames de sangue podem ser feitos para medir se os rins estão desempenhando esta função adequadamente. Uréia e Creatinina são dois exames usados para determinar se os dejetos estão sendo adequadamente removidos pelo rins e não estão se acumulando no sangue. A perda de proteína na urina diminui seus níveis no sangue, sendo tipicamente medida pela albumina. Desequilíbrios de sal e água no sangue são detectadas por exames químicos como os de sódio, potássio e bicarbonato.
Os exames de sangue também podem ser feitos para detectar anormalidades do sistema imunológico que são normalmente observados em pacientes com nefrite lúpica. Medir os níveis de Complementos (C3, C4) e anti-DNA no sangue, são exames comumente usados por muitos médicos para monitorar a nefrite lúpica.

Urina 24 horas
Os exames feitos na urina coletada num período de 24 horas são significativos para determinar o envolvimento renal no paciente com lúpus. Esses exames medem a habilidade dos rins de filtrar dejetos (Clearance de Creatinina), e a quantidade exata de proteína perdida na urina no período de 24 horas.

Exames de raio-X
O tamanho e formato dos rins pode ser determinado por uma pielografia. Esses exames são normalmente feitos antes de uma biópsia renal para ajudar o médico a realizar esse procedimento.

Biópsia renal
Uma biópsia renal pode ser realizada em pacientes com evidência de nefrite lúpica demonstrada pelos exames de sangue e urina. A biópsia é realizada para confirmar o diagnóstico e para determinar a extensão e a gravidade do problema renal. Essa biópsia requer internação do paciente. Normalmente é feita com a introdução de uma agulha através da pele nas costas do paciente para a retirada de um pequeno pedaço do rim. Em ocasiões muito raras, a biópsia precisa ser realizada cirurgicamente em uma sala de operações.
A amostra do rim obtida na biópsia é examinada em um microscópio para determinar quanta inflamação e/ou danos permanentes estão presentes nos rins. Esses resultados são usados para classificar o tipo de nefrite lúpica. Os quatro tipos mais comuns são: nefrite mesangial, nefrite proliferativa focal e segmentar, nefrite proliferativa difusa e nefrite membranosa. Conhecer o tipo de nefrite lúpica é importante para determinar a melhor forma de tratamento.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O LÚPUS E OS RINS (I)

O Lúpus e Problemas nos Rins
John H. Klippel, M.D.Clinical Director, National Institute of Arthritis and Musculoskeletal and Skin Diseases, National Institutes of Health Bethesda, MDJennifer M. GlunzDubuque, IA

Nefrite Lúpica (ou glomerulonefrite lúpica) é o termo médico para a doença dos rins que ocorre no lúpus eritematoso sistêmico (LES). Estima-se que cerca de um terço dos pacientes com lúpus venha a desenvolver nefrite, o que requer uma avaliação médica e o respectivo tratamento. A nefrite lúpica é um sintoma importante e potencialmente grave no lúpus.

Curso Clínico da Nefrite Lúpica
Existem poucos sinais ou sintomas da nefrite lúpica. Ela não causa dor no abdômen ou nas costas, e nem dor ou ardor na hora de urinar. Na nefrite lúpica, a perda de proteína na urina pode levar à retenção de fluidos com ganho de peso e inchaço (edema). Isto pode resultar em inchaços nas pernas, tornozelos e/ou dedos. Esse inchaço é freqüentemente o primeiro sintoma da nefrite lúpica notado pelo paciente.
O curso clínico da nefrite lúpica é altamente variável. Normalmente a nefrite lúpica é evidente apenas através da análise da urina. Em muitos pacientes, as anormalidades urinárias são muito poucas e podem estar presentes em um exame e ausentes em outro logo a seguir. Este tipo de nefrite lúpica é muito comum e, geralmente, não requer uma avaliação médica ou tratamento especiais. Contudo, em alguns pacientes, as anormalidades na urina persistem e podem piorar após algum tempo. Pacientes com esse tipo de lúpus correm o risco de falência renal. Podem ser precisos exames adicionais para avaliar a extensão da doença e para determinar a melhor forma de tratamento.
É importante reconhecer que nem todos os problemas nos rins de pacientes com lúpus são devidos à nefrite lúpica. Por exemplo, infecções no trato urinário com sensação de ardor ao urinar são muitos comuns nos pacientes com lúpus e requerem um tratamento à base de antibióticos. Da mesma forma, medicamentos usados no tratamento do lúpus podem produzir sinais e sintomas de problemas nos rins que podem ser confundidos com a nefrite lúpica. Compostos de salicilatos, como a aspirina, ou drogas antiinflamatórias não esteroidais são os medicamentos mais comuns usados por lúpicos que podem causar problemas aos rins. Essas drogas podem causar diminuição da função renal ou retenção de fluidos. Esses problemas normalmente desaparecem quando a medicação é descontinuada.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

O SISTEMA NERVOSO CENTRAL E O LÚPUS II

Etiologia - As causas
Existem várias classificações para as causas do envolvimento do Sistema Nervoso Central:
Vasculopatia (problemas com os vasos sangüíneos)
Hialinização (uma substância formada na parede dos vasos, que ocorre quando os vasos estão degenerando)
Inflamação perivascular (inflamação em volta dos vasos sangüíneos)
Proliferação endotelial (um engrossamento das paredes dos vasos)
Trombose (coágulos)
Infartos (obstrução do fluxo sangüíneo)
Microinfartos
Grandes infartos
Hemorragia (sangramento)
Subaracnóideo (sangramento sob uma das "coberturas" do cérebro)
Microhemorragias (sangramentos muito pequenos, algumas vezes não diagnosticados)
Subdural (sangramento entre a cobertura principal do cérebro/espinha dorsal)
Intracerebral (sangramento no cérebro)

Infecção
Meningite (infecção das meninges - cobertura - da espinha dorsal)
Inflamação perivascular (inflamação resultado de infecção ao redor dos vasos sangüíneos)
Hemorragia séptica
Cerebrite focal (locais específicos de inflamação dentro do cérebro)
Vasculite (inflamação dos vasos sangüíneos)

Tratamento
A dificuldade em diagnosticar e tratar do envolvimento do Sistema Nervoso Central consiste, é claro, no fato de que existem muitas outras causas para a maioria desses sintomas. As seguintes possibilidades precisam ser eliminadas antes que o paciente possa ser diagnosticado:

Fibromialgia
Infecções no Sistema Nervoso Central
Estresse emocional
Doença não relacionada ao lúpus
Esclerose Múltipla ou Esclerose Lúpica
Desequilíbrios eletrolíticos e nos fluídos
Desordem psiquiátrica

Como já dissemos, diagnosticar e tratar um paciente lúpico com envolvimento do Sistema Nervoso Central pode ser muito difícel. Devido às várias possíveis causas para os sintomas - que não o lúpus -, é importante que você seja devidamente avaliado. O que inclui uma boa avaliação? Os exames a seguir deveriam fazer parte de qualquer bom exame neurológico:
Histórico detalhado
Exame físico
Exames laboratoriais
CBC e Diferencial
Taxa de Sedimentação
Perfil ANA
ANA
Anti-dsDNA
Anti-ribosomal P
Níveis de Complemento
Antifosfolipídeos
Exames Especializados (que podem ou não estar disponíveis para todos os médicos)
CT Scan
MRI
EEG
Spinal Tap
PET ou SPEC scans
Testes Neuropsiquiátricos

O tratamento do paciente lúpico com envolvimento do Sistema Nervoso Central, depende do paciente, do médico, da doença. Os medicamentos podem incluir: esteróides, imunossupresivos, afinadores do sangue, antibióticos, anti-convulsivos ou anti-depressivos. Embora alguns pacientes tenham sintomas irreversíveis, um grande percentual se recupera após algum tempo.

domingo, 16 de novembro de 2008

O SISTEMA NERVOSO CENTRAL E O LÚPUS

O Sistema Nervoso Central
Sintomas Definições Causas Tratamentos
Revisado por Terry L. Moore, MDDirector of Rheumatology at St. Louis University School of Medicine and Health Sciences Center, Director of Pediatric Rheumatology at Cardinal Glennon Children's Hospital, Professor of Internal Medicine and Pediatrics at St. Louis University School of Medicine.

O envolvimento do Sistema Nervoso Central é muito comum no Lúpus Eritematoso Sistêmico. Ele pode variar da forma mais simples até àquela que requer tratamento por toda a vida. É a manisfestação do lúpus mais difícil de ser diagnosticada -- muitas vezes é difícil distinguí-la dos sintomas de outras doenças e/ou medicamentos.
Sintomas
Dos pacientes lúpicos, cerca de 24 a 51% apresentam envolvimento do SNC. Embora este envolvimento do SNC no lúpus tenha sido objeto de muitos estudos, é difícil comparar essas diferentes pesquisas porque não existem definições padronizadas para essa situação. Enquanto alguns pesquisados consideram sintomas mais simples como envolvimento com o SNC, outros consideram apenas os sintomas mais graves. A seguir, você tem uma lista dos sintomas mais reconhecidos:
Disfunção cognitiva
Dores de cabeça
Convulsões
Alterações na consciência
Meningite asséptica
Hemorragia cerebral
Paresia (perda de sensibilidade)
Mielopatia
Neuropatia periférica
Disfunção das habilidades motoras
Ataxia
Tremor
Coréia
Alterações de comportamento
Psicose
Síndrome orgânica do cérebro (SOC/OBS)
Depressão
Confusão
Desordem afetiva
Derrame
Neurite ótica
Pseudotumor cerebri

Definições
Indo um pouco além nas definições de alguns dos sintomas apresentados:
Disfunção cognitiva A disfunção cognitiva poderia ser descrita como a dificuldade de pensar/concentrar, dificuldade de falar, dificuldade de lembrar e dificuldade de manipular números -- algumas vezes mencionada (pelos pacientes) como mente embaçada. Estima-se (a partir de diversas pesquisas) que entre 20 e 40% dos pacientes com lúpus tenham alguma disfunção cognitiva.

Perfis psicológicos tais como, MMPI ou a "Wechsler Adult Intelligence Scale" são frequentemente úteis para diagnosticar a disfunção, mas seus resultados podem ser distorcidos por medicamentos ou fadiga. As disfunções cognitivas podem ser encontradas em adultos e crianças, e parecem ter correlação com a presença e níveis de certos anticorpos (anti-dsDNA, anticorpos linfocitóxicos, anticorpos anti-neuronais).

Dor de cabeça - Dor de cabeça lúpicaDor de cabeça sé uma das mais freqüentes manifestações em pacientes lúpicos com envolvimento do Sistema Nervoso Central. Pesquisas indicam que essas dores de cabeça podem ser vasculares (tais como a da enxaqueca) ou musculares. Foram observadas algumas associações entre a forma vascular e a presença de anticorpos antifosfolipídeos. Também existem indicações de que as dores de cabeça vasculares tem correlação com a atividade da doença. O tratamento para essas dores podem variar desde o tratamento usado nas enxaquecas até simples aspirinas - não existe um único tratamento que funcione para todos os pacientes lúpicos com dor de cabeça.
Os pacientes lúpicos apresentam mais enxaquecas parciais ou enxaquecas oculares, do que o resto da população em geral. Uma enxaqueca parcial ou ocular é descrita como os sintomas iniciais, comuns nas enxaquecas (tais como distúrbios visuais), sem a dor de cabeça propriamente dita.

Convulsões As convulsões no lúpus não foram adequadamente estudadas. Em parte, porque a incidência de convulsões diminuiu significativamente nas últimas décadas - devido ao tratamento imediato de manifestações mais graves. Alguns relatórios associam as convulsões a antifosfolipídeos. As convulsões normalmente respondem bem à terapia com esteróides e/ou medicamentos anticonvulsivos. O maior problema ao lidar com convulsões e lúpus, é que muitos dos medicamentos usados para tratá-lo podem causar as convulsões: esteróides, antimaláricos e alguns citotóxicos.

Mielopatia Mielopatia - doença da espinha dorsal - é uma manifestação rara do lúpus. Alguns estudos indicam que há uma associação entre a mielopatia e anticorpos antifosfolipídeos. Os estudos também mostram uma correlação entre a mielopatia lúpica e o lúpus neonatal, hipertensão pulmonar, neurite ótica, meningite asséptica e gravidez. Existem três apresentações principais para a mielopatia lúpica: grandes infartos na espinha dorsal (áreas que "morrem" devido à falta de fluxo sangüíneo), hematomas subdurais na espinha dorsal (sangramento dentro da espinha) e leucomielopatia subapical (doença dos tratos condutores da espinha). Os tratamentos mais efetivos dependem do paciente específico, e normalmente incluem: altas doses de esteróides, heparina e ciclofosfamida.

Neuropatia periférica A neuropatia periférica ocorre em mais de 20% dos pacientes lúpicos. Os sintomas incluem: síndrome do túnel carpal, sensações alteradas (paralisia, "tingling", queimação) na pele, distúrbios visuais, dores na face, tremor nas pálpebras, zunido nos ouvidos, e "dizziness". Sintomas podem ser devidos à outras condições que não o lúpus (tais como os medicamentos, traumas e outras doenças).
Exames elétricos, tais como o eletromiograma (EMG) e exames de condução dos nervos são normalmente úteis para determinar se os sintomas têm outra origem ou causa.
Inflamação dos nervos periféricos (chamada mononeurite múltipla) é tratada com corticóides.

Disfunção das habilidades motoras Essas manifestações são raras, ocorrendo em apenas 5% dos pacientes com lúpus. Os sintomas normalmente consistem em dificuldade para usar os músculos tais como caminhas ou apertar objetos. A grande maioria dos pacientes com esses sintomas é criança. Esteróides e Haloperidol são as opções de tratamento. Parece que um bom percentual desses pacientes (20%) também têm evidências de anticorpos antifosfolipídeos.

Síndrome Orgânica do Cérebro Qualquer tipo de trauma no cérebro, pode sarar e cicatrizar - isso inclui os traumas causados pelo LES. A Síndrome Orgânica do Cérebro é devida a traumas anteriores no cérebro (de qualquer causa) que não foram curados adequadamente. Cerca de 30% dos pacientes lúpicos apresentam evidências de SOC. A verdadeira SOC (crônica) não tem nenhuma tratamento efetivo - ela é, ao mesmo tempo, não progressiva e irreversível.

"Pseudotumor Cerebri" O "Pseudotumor Cerebri" é uma forma de hipertensão intracraniana benigna. Os pacientes normalmente reclamam de dores de cabeça. Seus discos óticos se apresentam inchados, mas o fluído sinovial está normal. Isto normalmente se manifesta em mulheres jovens, é está associada à suspensão rápida da ingestão de esteróides ou "dural venous sinus thromboses". O tratamento normalmente consiste do uso de altas doses de esteróides ou agentes anticoagulantes/antiplaquetas.

sábado, 15 de novembro de 2008

RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA E O LÚPUS

Radiação Ultravioleta e o Lúpus
Tradução livre do artigo "Facts about ultraviolet radiation in sunlight and fluorescent lighting" (Reproduzido com a gentil permissão da Revista Saskatchewan Lupine) da "Lupus UK" (sem data da publicação)Por: Nicole Schlossinger Liguori Dias (e-mail: art_trade@wac.com.br)

Uma porcentagem alta dos portadores de lúpus tem problemas de pele, uma parte deles pode ser sensível à luz ultravioleta, e iluminação fluorescente.
Raios ultravioletas são invisíveis, e são os raios mais curtos do espectro e correspondem aproximadamente a 10% da luz solar. São estes raios que produzem o bronzeado e as queimaduras. A ação destes raios é química e germicida. No entanto os mais curtos destes raios também podem destruir tecidos, da mesma forma que destroem bactérias. Este efeito pode ser visto em queimaduras solares.
Sensibilidade ultravioleta pode estar presente na doença do lupus ou pode desenvolver durante o curso da doença. Exposição a ultravioleta pode desencadear novas lesões de pele.
Aumento de cansaço, dores, fraqueza, dores nas juntas, náuseas e vômitos também têem sido mencionados após excesso de exposição.
Pessoas com sensibilidade à luz ultravioleta deveriam evitar exposição aos raios solares e outras fontes conhecidas como iluminação fluorescente e lâmpadas solares.
Medidas de proteção deveriam incluir o uso de protetores solares e uso de roupas adequadas.
Luz Fluorescente emite raios ultravioletas e um protetor solar deveria ser utilizado dentro de casa.
Lâmpadas solares emitem mais ultravioleta do que a luz solar e 3 a 5 minutos(min) podem equivaler a 15 minutos de luz natural.
Radiação ultravioleta aumenta quanto mais alta for a altitude.
Raios ultravioletas podem afetar os olhos e levar à fotoqueratites, que causam dores ou coceiras nos olhos, dando a sensação de areia ou asperezas nos olhos. (Esta é a razão de se usar máscara ao estar sob uma lâmpada de sol.
Raios ultravioletas refletidos na neve, água, areia, vidro ou cimento são mais intensos.
Sol do meio dia das 10:00 hs da manhã às 3:00 hs da tarde deveriam ser evitados, pois os raios ultravioletas são mais intensos.
Um céu encoberto não diminui muito os raios ultravioletas.
Medicações antimalária aumentam a tolerância a ultravioleta muito pouco e a proteção ainda é necessária.(sensibilidade ultravioleta dos olhos pode aumentar com os antimaláricos e óculos escuros deveriam ser utilizados).
Óleos de bebê, minerais, de oliva, etc não oferecem nenhuma proteção ultravioleta.
Queimaduras solares são causadas por ondas ultravioletas de comprimento de 290 a 320 nanometros(nm) (luz UVB) e, bronzeado entre 320 e 40 nm (luz UVA). Numa pessoa de pele clara exposição de 15 a 20 minutos causará eritema (vermelhidão) da pele.
O vidro oferece apenas proteção limitada porque ele impede apenas a luz UVB mais curta (vidro de automóvel escurecido)
Precaução extra deveria ser tomada quando a pele for clara, se tiver sardas, se tiver dores de friagem frequentementes, se tiver erupções no malar ou estiver tomando medicação que aumente a sensibilidade ao ultravioleta, ie, tetraciclina, griseofulvin, phenothialida, chlorthiazida, sulfa.
A sensibilidade também pode aumentar com exposição à luz solar após uma sauna ou chuveiro quente.
Protetores solares não oferecem 100% de proteção e portanto outras precauções deveriam ser tomadas também.
Transpiração excessiva ou natação retirarão os produtos de proteção solar e portanto faz-se necessário renovar a aplicação.
Um protetor solar utilizado sob uma base, deveria secar no mínimo 20 minutos antes de se colocar a base.
Um protetor solar também ajuda a prevenir pele seca e rachada. (Protetores solares que contém paba esteres podem manchar a roupa de amarelo amarronzado nos lugares onde houver excessiva transpiração , como no colarinho.
Para remover a mancha coloque a roupa em água morna com soda antes de lavar).
Clínicas de cuidados da pele ou lojas às vezes empregam lâmpadas de ultra violeta para face, etc. Estas lâmpadas têm o mesmo efeito que a luz solar e deveriam ser evitadas.
Raios UVA são mais compridos 320 a 400 nm e causam vermelhidão da pele seguida de bronzeamento. Estes causam queimaduras leves, mas podem causar erupções sérias nos indivíduos sensíveis.
Raios UVB são mais curtos 290 a 320 nm e causam as queimaduras de sol comuns com estragos irreversíveis para a pele depois de exposição prolongada.
Roupas molhadas, principalmente quando feitas de algodão leve, não oferecem proteção solar. Blusas feitas de tecidos leves oferecem apenas proteção limitada.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O LÚPUS E PROBLEMAS DE PELE (III)

Fotossensibilidade

A fotossensibilidade é uma característica comum do lúpus eritematoso. A grande maioria das lesões específicas do lúpus (lesões discóides e lesões cutâneas subagudas) ocorrem em áreas expostas à luz solar. Indo mais além, aproximadamente de 40 a 70% das pessoas com lúpus podem notar que o processo de sua doença, incluindo problemas na pele, são agravados pela exposição solar. Além disso, pessoas com lúpus eritematoso cutâneo subagudo, especialmente aqueles com anticorpos anti-Ro (SSA) demonstram fotossensibilidade acentuada (estima-se que 90% desses pacientes sejam fotossensíveis). E mais, muitos desses pacientes são tão fotossensíveis que são afetados pelo sol mesmo através de janelas de vidro! As janelas de vidro filtram a luz solar e protegem as pessoas normais contra queimaduras. Entretanto, os vidros das janelas não filtram os raios ultravioletas com comprimento de onda maior; esses raios são capazes de agravar as lesões de pele nas pessoas lúpicas com anticorpos anti-Ro (SSA).

Um estudo recente mostra que a radiação ultravioleta visível e aquela com longo comprimento de onda (aquelas ondas que não são bloqueadas pelo vidro das janelas), causam lesões lúpicas na pele naqueles pacientes com lúpus sistêmico, naqueles com lesões do lúpus cutâneo subagudo e naqueles que apresentam apenas lesões cicatriciais (lesões discóides) sem evidência da forma sistêmica da doença. Esses dados fornecem uma clara evidência dos papel que a radiação ultravioleta tem nas lesões de pele lúpicas

Existe evidência clínica e experiemental que mostra que os raios ultravioletas também podem induzir crises em pessoas com lúpus eritematoso sistêmico. A maneira pela qual esses raios disparam essas crises sistêmicas (ou leva ao desenvolvimento de lesões na pele) ainda não é conhecida. Contudo, algumas evidências sugerem que a radiação ultravioleta é capaz de levar a um aumento no número de auto-antígenos contra os quais o paciente está reagindo.

Tratamento
O tratamento dos problemas de pele do lúpus eritematoso, envolve o uso de algumas drogas bem como de protetor solar. As lesões lúpicas podem ser tratadas individualmente com a aplicação de cremes à base de esteróides, com o uso de gaze impregnada com os mesmos esteróides para cobrir as lesões , ou com a injeção de pequenas doses de esteróides dentro da lesão. As lesões lúpicas muito dispersas não normalmente tratadas com o uso apenas de hidroxicloroquina (Plaquinol), ou em combinação com uma pequena quantidade de esteróides. Em situações bastante raras, incontroláveis, lesões lúpicas objetivamente cosméticas/estéticas, têm sido tratadas com derivados de vitamina A (Tegison) com muito sucesso.
Proteger-se dos raios solares também pode fazer bastante para prevenir o aparecimento de lesões lúpicas na pele. Pessoas lúpicas devem evitar exposição prolongada aos raios do sol, especialmente entre 10 e 15 horas, quando o sol está mais forte. Também é uma boa idéia usar um chapéu de aba larga e evitar roupas feitas de tecidos que não protegem dos raios solares. E mais, o uso regular de protetor solar com FPS 15 ou mais também protege bastante. Nos últimos anos, pesquisas indicam que raios ultravioletas com grande comprimento de onda, bem como os raios do espectro solar, são capazes de ocasionar lesões lúpicas na pele. Para isso, já temos disponíveis os bloqueadores solares. Ao contrário dos protetores comuns, que normalmente contêm ésteres do ácido paraminobenzóico (PABA) e benzophones, esses são realmente bloqueadores pois contêm óxido de titânio.
Para maiores informações a respeito do tratamento das várias manifestações na pele do lúpus eritematoso, assim com sobre o uso de protetores/bloqueadores solares, consulte o seu Rreumatologista/dermatologista.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

LÚPUS E O PROBLEMA DE PELE (II)

Lesões Cutâneas Subagudas
O segundo tipo de lesão específica do lúpus foi mais recentemente descrita por Sontheimer e Gilliam no final dos anos 70. Essa lesão é caracterizada como uma lesão discóide, eritematosa (avermelhada), não cicatricial que é muito fotossensível (piora quando exposta a raios ultravioletas).
Esse tipo de lesão ocorre em pacientes que, em 50% das vezes, apresentam características do lúpus eritematoso sistêmico. Problemas renais, entretanto, são incomuns nesses pacientes. Essas lesões cutâneas também ocorrem em pessoas que apresentam apenas evidências clínicas de problemas na pele, e não mostram nenhum sintoma do lúpus sistêmico. Aproximadamente 70% das pessoas com essas lesões têm anticorpos anti-Ro (SSA).

A lesão cutânea subaguda do lúpus pode, algumas vezes, imitar as lesões da psoríase ou aparecer como lesões discóides não cicatriciais. Essas lesões podem ocorrer na face (asa de borboleta) ou podem cobrir vastas áreas do corpo. Ao contrário das lesões discóides, essas lesões não produzem cicatriz permanente, mas podem ser de grande significância cosmética/estética.
Essas lesões também podem ser observadas como uma característica da síndrome lúpica neonatal. Crianças com lúpus neonatal, nascidas de mães com anticorpos anti-Ro (SSA), podem desenvolver uma erupção lúpica transitória que desaparece por volta dos seis meses de idade. No momento, as melhores evidências sugerem que o anticorpo anti-Ro (SSA) passa para o feto via placenta, tendo um papel significativo na doença de pele lúpica.

Lesões lúpicas não específicas: Alopecia
As lesões lúpicas não específicas incluem várias forma de perda de cabelo (alopecia) que não estão relacionadas à presença de lesões lúpicas discóides no couro cabeludo. Pacientes com lúpus sistêmico severamente acometidos da doença podem, após um certo tempo, desenvolver uma perda de cabelos transitória, onde grandes quantidades de cabelo entram em uma fase de dormência e caem. Contudo, eles são rapidamente repostos. Ainda, uma crise grave do lúpus eritematoso sistêmico podem resultar em um crescimento capilar irregular, o que faz com que o cabelo fique frágil e quebre facilmente. O cabelo se quebra sobre a superfície do couro cabeludo, dando a aparência característica denominada "cabelo lúpico".

Vasculite
Pacientes com lúpus eritematoso sistêmico podem desenvolver uma doença inflamatória dos vasos sangüíneos (vasculite). São várias as manifestações cutâneas da vasculite.
As lesões podem aparecer como protuberâncias avermelhadas por vastas áreas do corpo. Essas lesões também podem aparecer como pequenas linhas vermelhas na borda das unhas (cutícula) ou nas pontas dos dedos ou como manchas vermelhas nas pernas. Além disso, essas manchas avermelhadas podem ulcerar. Algumas vezes, os vasos sangüíneos envolvidos nesse processo inflamatório podem estar localizados numa parte mais profunda da pele, produzindo nódulos avermelhados e doloridos. Eles são normalmente encontrados nas pernas.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

O LÚPUS E PROBLEMAS DE PELE (i)

O Lúpus e Problemas de Pele
Thomas T. Provost, M.D.Noxell Professor and ChairmanDepartment of DermatologyThe John Hopkins School of Medicine, Baltimore, MD

Problemas de pele são muito comuns no lúpus eritematoso, ficando em segundo lugar como sintoma mais freqüente, atrás apenas da artrite. Aproximadamente 20% das pessoas com lúpus eritematoso sistêmico (LES) vão apresentar lesões cicatriciais em forma de anel ou disco como sintoma inicial da doença. E mais: estima-se que de 60 a 65% das pessoas com LES irão desenvolver erupções ou lesões cutâneas em algum momento durante o curso da doença. Entretanto, com o uso de esteróides por via oral (Prednisona) e drogas antimaláricas (hidroxicloroquina, ou Plaquinol), o aparecimento dessas lesões na pele têm sido menos freqüente.
As erupções e lesões cutâneas do lúpus eritematoso podem ser divididas entre aquelas que são específicas do lúpus e outras que podem ocorrer também em outras doenças (lesões não específicas). Existem duas lesões específicas associadas ao lúpus eritematoso: lesões discóides (características do lúpus eritematoso discóide), e lesões em forma de moeda, sem cicatriz (características do lúpus eritematoso cutâneo subagudo).

Lesões Discóides
O termo discóide é um termo muito confuso que, infelizmente, é indevidamente usado por muitas pessoas, inclusive médicos. O termo discóide significa simplesmente de forma circular, como uma moeda. As lesões cicatriciais discóides, normalmente observadas em áreas da pele expostas ao sol foram denominadas lúpus eritematoso discóide. Essa denominação refere-se apenas à descrição da lesão lúpica na pele e não deve ser empregada para distinguir o lúpus cutâneo do lúpus eritematoso sistêmico. Um médico não pode determinar se a lesão lúpica discóide na pele ocorre na presença ou na ausência de características sistêmicas, apenas observando a forma da lesão. Isso só pode ser feito através de um exame clínico completo, com a correta interpretação dos exames sangüíneos apropriados.
Qual a relação entre o lúpus discóide e o lúpus eritematoso sistêmico? Essa é uma pergunta muito comum.
O lúpus eritematoso deve ser visto como o conjunto de um espectro da doença. Numa das pontas do espectro, na sua forma mais suave, é caracterizada pelas lesões cutâneas discóides cicatriciais, às quais nos referimos como lesões discóides. Na outra ponta do espectro estão aqueles pacientes com lúpus eritematoso sistêmico, sem lesões na pele, mas com características sistêmicas (ex. artrite ou problemas renais). As pessoas apenas com lesões discóides e sem nenhuma característica sistêmica, normalmente não têm auto-anticorpos em seu soro (ex.: os exames de anticorpos antinucleares ou anti-DNA são negativos). Por outro lado, as pessoas com lúpus eritematoso sistêmico são caracterizadas pela presença de um ou mais tipos de auto-anticorpos em seu sangue. Com base em experiência pessoal e revisão da literatura, estima-se que de 5 a 10% dos pacientes que inicialmente apresentam apenas as lesões discóides, com o tempo, desenvolvem características sistêmicas.
Como mencionado acima, aproximadamente 20% das pessoas com lúpus eritematoso sistêmico vão apresentar, no início de sua doença, lesões discóides. Esses dados indicam que, ocasionalmente, o processo do lúpus seja dinâmico e, com tempo, um pequeno percentual daqueles pacientes que têm apenas lesões discóides, eventualmente irão desenvolver a forma sistêmica da doença. Além dessas lesões discóides cicatriciais, existem vários diferentes tipos de lesões lúpicas discóides com as quais o pacientes deveria se familiarizar. Ocasionalmente, as lesões lúpicas discóides podem ocorrer no couro cabeludo, produzindo uma calvície cicatricial localizada chamada alopecia. Outras vezes, essas lesões discóides podem aparecer por sobre a parte central da face e nariz, produzindo a característica lesão em forma de "asa de borboleta".
Esse tipo de lúpus tem, obviamente, significativas implicações cosméticas. As lesões lúpicas discóides podem desenvolver crostas grossas e escamosas (hiperqueratônicas), sendo denominadas lesões lúpicas hiperqueratônicas ou hipertróficas. Essas lesões também podem ocorrer na presença de espessamento (enduração profunda) das camadas da derme. A isso chamamos lupus profundus.
Até o momento, as pesquisas indicam que as lesões discóides são resultados de um processo inflamatório na pele onde os linfócitos do paciente (predominantemente as células T) têm um papel considerável. Isso é um contraste com o lúpus eritematoso sistêmico, onde anticorpos e complexos imunológicos são responsáveis por muitos dos sintomas clínicos.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

OS OLHOS E O LÚPUS

Os Olhos e o Lúpus
Por W. Kevin Thomas, M.D.De Lupus Erythematosus, Vol. 2, Atlanta Chapter, Lupus Erythemotosus Foundation, Inc.

O lúpus eritematoso sistêmico é uma doença de amplo espectro que afeta muitos órgãos e sistemas do corpo, e o olho não é uma exceção. O envolvimento do olho em si é muito mais freqüente do que o envolvimento da órbita, ou soquete do olho.
Contudo, quando há o envolvimento da órbita, isso é frquentemente manifestada pela formação de nódulos na conjuntiva (a camada mais externa do globo ocular e interna das pálpebras). Também pode ocorrer inchaço ou edema das próprias pálpebras.
A alteração ocular mais comum observada no lúpus é a presença de "pontos brancos" na retina, ou membrana do olho. Esses "pontos" representam áreas da retina que estão edematosas devido à diminuição do fluxo sangüíneo, e assim do suprimento de oxigênio, nessas áreas. Essas mudanças na retina são de grande importância para o paciente e para o médico, pois elas normalmente occorem em paralelo com exacerbações no estado geral da doença. Apesar desses "pontos brancos" na retina não serem específicos do lúpus, sua presença em jovens ou pessoas de meia idade podem sugerir a ocorrência do lúpus.
Existem outras mudanças menos comuns que podem se denvolver na retina, isso inclui o acúmulo de células de gordura, que diminui o suprimento de sangue arterial, e a oclusão dos importantes vasos sangüíneos do olho, o que poderia resultar numa significante perda da acuidade visual.
Keratoconjunctivitis sicca, ou a síndrome do olho seco, é outro problema encontrado com freqüência nos pacientes com lúpus. Ela é manifestada com sensação de irritação nos olhos, diminuição de lágrimas, queimação e coceira.
O interessante é que, um aumento paradoxal de aquosidade dos olhos pode ocorrer devido à irritação. Esta é a condição que mais incomoda, e que pode ser tratada sintomaticamente na maioria dos pacientes com medicação adequada.

A ocorrência de keratoconjunctivitis sicca, com sintomas como boca seca e artrite, é a condição conhecida como Síndrome de Sjogren.
O envolvimento do cérebro, ou sistema nervoso central, pode causar cegueira, atrofia do nervo ótico, nistagmo (movimento involuntário dos olhos), ou mesmo a paralisia de vários músculos que controlam os movimentos dos olhos.
A terapia do lúpus e de suas complicações oculares é orientada de acordo com o local da atividade da doença. O uso de repouso, salicilatos (aspirina), antimaláricos (como a cloroquina-aralen, plaquinol) e esteróides (cortisona) podem ser bastante benéfico para o paciente. O uso de certos imunossupressores ainda está sendo estudado.
O uso prolongado de cloroquina (Plaquinol) pode resultar em mudanças patológicas na córnea, na retina, ou em ambas. Os efeitos na córnea (chloroquine kerathopathy) são manifestados como depósitos em forma de redemoinho na própria córnea. Normalmente isso aparece no começo do tratamento, mas some assim que para a ingestão da droga.
Muito mais importantes são os efeitos da cloroquina sobre a retina (que contém os bastonetes e cones). A concentração da droga em certas camadas da retina pode levar à sua ruptura causando um problema chamado maculopatia. Com esse problema ocorre a perda da acuidade visual, que é irreversível mesmo quando a ingestão da droga é interrompida. Devemos observar, entretanto, que o risco de envolvimento da retina é maior após dois anos de tratamento ou em pacientes com mais de 60 anos. Uma vez desenvolvida e retinopatia, não há como revertê-la. Por tudo isso, recomenda-se um exame oftalmológico completo, que inclui fotografias da retina, antes de começar a terapia com cloroquina e há cada 3-6 meses, de acordo com a dosagem.

O esteróides (cortisona) também são usados com freqüência no tratamento do lúpus. Esse medicamento pode ser ministrado via oral, ou usado em gotas diretamente nos olhos para tratar de problemas visuais. Por qualquer forma de aplicação, pode se desenvolvida a catarata e, de fato, 40% dos pacientes que usam esteróides por um longo tempo vão desenvolvê-la. Doses de 15mg diárias de prednisona por mais de um ano seguido, podem aumentar significativamente as chances de se desenvolver catarata.
Aumento de pressão intra-ocular (ou glaucoma) também pode ser resultado do uso prolongado de cortisonas, especialmente naqueles pacientes que já têm histórico da doença na família. O glaucoma é uma doença especialmente complicada, pois geralmente não apresenta sintomas e pode levar à cegueira.
Embora o aparecimento de catarata ou glaucoma possa ocorrer durante o tratamento do paciente com lúpus, isso não significa que ele/a ficará cego. A catarata pode ser eliminada com modernas técnicas cirúrgicas, onde o cirugião faz uma incisão no olho de apenas 3 milímetros. Após a remoção da catarata, a visão normal pode ser obtida com a implantação de lentes pláticas no olho; ou com lentes de uso prolongado que podem ser removidas pelo médico ou pelo próprio paciente há cada seis meses. Assim, o desenvolvimento de catarata não deve ser considerado como um problema maior pelo paciente com lúpus.
Mesmo o tratamento do glaucoma tem mudado radicalmente nos últimos anos. O tratamento mais efetivo para essa doença inclui, simplesmente, o uso de colírio pela manhã e à noite; e, normalmente, só isso é necessário para controlar a doença na maioria dos pacientes. Ocasionalmente, pode ser necessário uma cirurgia. Nesse caso, o advento de novas técnicas de microcirurgias tem melhorado bastante o tratamento do glaucoma.
Além do que já foi mencionado acima, o paciente com lúpus pode ser suscetível a hemorragias e oclusão dos vasos sangüíneos na retina. Isso pode ser em decorrência da própria doença, e não das terapias acima citadas.
Hemorragias retinais também são significativas e podem levar à diminuição da visão e cegueira. Entretanto, mesmo nesse caso, os avanços nos últimos anos têm melhorado bastante o prognóstico desses pacientes. O Laser é usado com freqüência nesse tipo de problema para estancar os vasos sangüíneos, além de ser usado nas cirurgias oculares, não sendo necessária nehuma incisão.
NOTA: Esta informação já tem mais de 10 anos mas ainda é pertinente em uma série de aspectos.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

O QUE É OSTEOPOROSE

O que é Osteoporose
A osteoporose é uma doença na qual os ossos se tornam frágeis e mais fáceis de quebrar. Se não for prevenida ou não for tratada, a osteoporose pode progredir, sem dor alguma, até que um osso se quebre. Esses ossos quebrados, as fraturas, normalmente ocorrem no quadril, na espinha, e punhos.
Qualquer osso do corpo pode ser afetado, mas as fraturas no quadril e espinha merecem atenção especial. Uma fratura no quadril quase sempre requer internação e cirurgia. Isso pode afetar a capacidade da pessoa poder caminhar sem auxílio, além de causar uma debilidade permanente ou até mesmo a morte. Fraturas vertebrais (na espinha) também têm sérias consequências, incluindo diminuição na altura, fortes dores nas costas e deformidades.
Apesar das mulheres serem quatro vezes mais suscetíveis de desenvolver a doença, os homens também podem sofrer com a osteoporose.

Você Sabia?
A osteoporose é uma condição de baixa massa óssea que pode levar à fraturas permanentes,
A osteoporose atinge pessoas de todas as idades. O uso de corticóides, seja em doses pequenas por um longo período, ou uso rápido de altas doses, pode resultar na osteoporose induzida por corticóides.
A osteoporose é uma doença silenciosa, não sendo detectada por muitos anos até que ocorra uma fratura,
Uma em cada duas mulheres, e 1 em cada oito homens terá uma fratura relacionada à osteoporose na sua vida.
Pelo menos 20 por cento dos pacientes com fratura no quadril morrem dentro de seis meses devidos à complicações; mais de 50% jamais retornam a uma vida independente,
Já existem novos medicamentos não-hormonais que podem reduzir a perda óssea e mesmo aumentar massa dos ossos.

Como posso constatar a saúde dos meus ossos?
É importante compreender que o osso não é uma estrutura dura e sem vida; na realidade ele é um tecido compexo e vivo. Nossos ossos fornecem o suporte estrutural para os músculos, protegem órgãos vitais e armazenam cálcio, essencial para a sua densidade e firmeza.
Devido ao fato dos ossos estarem em permanente mudança eles se regeneraram, e podem ser afetados pela alimentação e exercícios. Até os trinta anos, você constrói e mantém os ossos de maneira eficiente. Então, como parte natural do processo de envelhecimento, seus ossos começam a se deteriorar mais rapidamente do que você pode repará-los. Nas mulheres, a perda óssea é acelerada com a menopausa, quando seus ovários páram de produzir estrogênio -- o hormônio que protege contra a perda óssea.
Pense nos seus ossos como uma caderneta de poupança. Existe tanta massa óssea na sua conta quanto você deposita. Os anos críticos para construir essa massa óssea são pouco antes da adolescência até cerca de trinta anos. Alguns especialistas acreditam que as mulheres possa aumentar sua massa óssea em, no máximo, 20 por cento -- um fator crítico na proteção contra a osteoporose.

Determinando sua saúde óssea
Para determinar se você tem ou corre o risco de ter osteoporose, seu médico irá questionar vários aspectos do seu estilo de vida e de seu histórico médico. Ele vai querer saber se alguém na sua família já sofreu de osteoporose ou apresenta ossos fraturados. Baseado num levantamento médico abrangente, o seu médico pode recomendar que você meça a sua massa óssea.
A medição da sua massa óssea é a única maneira de dizer se você tem ou não osteoporose. Um exame especializado, chamado densiometria óssea, pode avaliar a massa óssea em várias partes do corpo.
Esse exame pode:
- Detectar a osteoporose antes que ocorra uma fratura;
- Prever as suas chances de uma fratura no futuro;
- Determinar a sua taxa de perda óssea e/ou monitorar os efeitos do tratamento se o exame for realizado a intervalos de um ano ou mais.

domingo, 9 de novembro de 2008

JUNTAS E MÚSCULOS (Continuação)

Miosite Lúpica
Ao contrário das juntas, os músculos podem ser seriamente danificados pelo LES. Estes danos podem resultar em fraqueza dos músculos e perda de resistência a menos que um tratamento apropriado seja dado logo no início.
Músculos inflamados podem não ficar apenas doloridos, mas também sensíveis ao toque. A fraqueza dos músculos é o sintoma mais comum da miosite lúpica.
Caracteristicamente, os músculos do tronco são afetados (ex. pescoço, pélvis, coxas, ombros e membros superiores). Dores nos pequenos músculos das mãos e falta de firmeza para apertar não são sintomas da miosite lúpica.
Contudo, os nervos bem como as fibras musculares podem ser atacadas no processo inflamatório e, ocasionalmente, fraqueza nos punhos e nas mãos ou nos tornozelos e pés podem ocorrer como resultado de danos aos nervos.

Diagnóstico.
O diagnóstico de miosite lúpica é relativamente acurado. Existem enzimas (ex. CPK, SGOT, SGPT, aldolase), normalmente concentradas nas fibras musculares que escapam para a corrente sangüínea quandos essa fibras estão sendo danificadas pela inflamação. Assim, os resultados dos exames desses elementos no sangue são anormais na miosite lúpica.
Esses exames também podem ser usados para determinar a gravidade do comprometimento dos músculos: quanto mais alto os níveis dessas enzimas no sangue, mais grave é a miosite. Tais exames são, portanto, úteis no diagnóstico e no acompanhamento do curso da doença e na resposta à terapia.
Assim como o eletrocardiograma (ECG) reflete os danos nos músculos cardíacos, o eletromiograma (EMG) pode ser usado para determinar a natureza do dano muscular na miosite lúpica.
Quando a inflamação está presente, o EMG mostra uma resposta elétrica característica. Um exame microscópico de uma amostra do tecido muscular (biópsia) também pode ser feito em um músculo dolorido para confirmar a presença da inflamação e para ajudar a identificar a sua gravidade.

Tratamento.
Corticóides (prednisona) são necessariamente prescritos para o tratamento da miosite lúpica. Altas doses (50 mg ou mais por dia de prednisona ou equivalente) são dadas inicialmente para suprimir e controlar a inflamação.
A dose do esteróide é gradualmente reduzida assim que a inflamação cessa, como determinado pelos sintomas e níveis de enzimas no sangue do paciente. A grande maioria de pessoas com lúpus respondem prontamente ao uso de corticóides. Raramente é necessário o reforço do tratamento com medicamentos imunossupressivos ou citotóxicos.
Uma vez que a fase inflamatória aguda passa, um programa bem dirigido de exercícios deve ser posto em prática para ajudar o paciente a recuperar a resistência muscular normal e suas funções.

As Complicações Músculo-Esqueléticas do Lúpus e seu Tratamento
Corticóides, tomados isoladamente ou em combinação com agentes citotóxicos, são usados para controlar certas manisfestações do lúpus (ex. envolvimento dos órgãos superiores, miosite, anormalidades sangüíneas graves).
Tal tratamento, quando requerido em altas e constantes doses, pode algumas vezes acarretar danos aos ossos e fraqueza muscular.
Contudo, tais complicações causadas apenas pelos medicamentos são raras, mas são devidas a uma combinação de fatores. Por exemplo, pacientes lúpicos podem ser mais suscetíveis à infecções, incluindo infecções nas juntas, devido ao uso de corticóides e de medicamentos imunossupressivos.
Lúpicos que tomam esteróides por muito períodos prolongados podem desenvolver necrose isquêmica dos ossos (também chamada necrose ascética ou necrose avascular).
Esta condição é causada por uma alteração no fluxo sangüíneo em determinada porção do osso, o que causa uma necrose naquela área. Uma vez que o corpo repara essa área, uma fraqueza do osso ocorre e uma porção da superfície desse osso pode entrar em colapso.
O quadril, ombros e joelhos são as áreas mais comumente afetadas. O sintoma inicial da necrose isquêmica é uma dor nas juntas quando estas se movimentam ou suportam algum peso. Ao progredir essa situação, as dores também são sentidas mesmo com a pessoa em repouso, especialmente à noite.
Eventualmente ocorre uma diminuição no alcance dos movimentos das juntas afetadas. Atualmente não há tratamento para essa condição, mas uma descompressão cirúrgica com agulha parece retardar o processo. Em algumas pessoas com lúpus, uma substiuição completa das juntas se torna necessário para resolver o problema.
Tratamento prolongado com corticóides também pode elevar o risco do paciente desenvolver ósteoporose.
Ósteoporose, que é uma diminuição da massa óssea, que o indivíduo está mais sujeito a uma fratura ou a uma compressão de vértebras na espinha. Ósteoporose é um problema comum, especialmente em idosos e pessoas inativas, com lúpus ou não e com o uso de corticóides ou não. As mulheres têm maior propensão a desenvolver a ósteoporose do que os homens porque têm menor massa óssea. O uso de cálcio e vitamina D, como complemento a exercícios regulares, podem ajudar a evitar a osteoporose.
Um programa regular e bem feito de exercícios é importante para evitar a fraqueza muscular em pessoas com miosite lúpica.

sábado, 8 de novembro de 2008

JUNTAS E MÚSCULOS

Dores nas Juntas e Músculos
Mary Betty Stevens, M.D.Professor of MedicineThe Johns Hopkins School of Medicine, Baltimore, MD

Dores nas juntas e nos músculos são sintomas muito comuns do lúpus erithematoso sistêmico (LES). De fato, 90% das pessoas com lúpus vão experimentar esses sintomas em algum momento durante o curso da doença. Os problemas dos pacientes com inflamações desse tipo são variados. Com freqüência, as dores persistentes nas juntas (artralgia) e nos músculos (mialgia) podem imitar doenças viróticas ou como se fosse uma gripe. Outros podem ter os sintomas característicos da artrite, ou seja, juntas que não ficam apenas doloridas, mas também inchadas, quentes e sensíveis. Outros ainda, com inflamação intensa nos músculos (miosite), podem experimentar uma fraqueza progressiva a perda de resistência aliadas à dores nos músculos.

Essas dores nas juntas e músculos podem ocorrer à qualquer momento durante o curso do LES, ou podem ainda preceder outros sintomas da doença por meses ou anos. Contudo, deve ser enfatizado que embora sejam sintomas comuns do lúpus, o LES é uma causa rara desses sintomas. Por exemplo, as dores nas juntas são causadas com maior freqüência pela ósteoartrite ou pela artrite reumatóide do que pelo LES. Portanto, um diagnóstico de LES deve se basear em uma examinação física completa, um histórico médico detalhado e em resultados de exames de laboratório especializados, em adição a esses sintomas de dores nas juntas e músculos.

Artrite Lúpica
As dores nas juntas da artrite lúpica vêm e vão com freqüência. Crises isoladas podem durar vários dias ou semanas e então cessam, retornando tempos depois. As juntas mais distantes do tronco (ex. dedos, punhos, cotovelos, joelhos, tornozelos) são as mais atingidas, normalmente várias de uma única vez. Rigidez e dores pela manhã, que melhoram no decorrer do dia, são características da artrite lúpica. No final do dia, com o cansaço, as dores voltam.
Outra característica da artrite lúpica é que as dores são normalmente simétricas, ou seja, afetam as juntas em ambos os lados do corpo. Portanto, uma única junta inchada e dolorida, mesmo numa pessoa lúpica, tem muitas vezes outras causas.
Dores nas costas ou no pescoço não são causadas pela artrite lúpica, uma vez que a espinha não é atacada pelo lúpus.
Diferente da ósteoartrite, a artrite lúpica normalmente não causa deformidades ou destruição das juntas. Essa carência de danos às juntas é observada tanto clinicamente quanto através de raios-X, mesmo após meses com a presença desses sintomas.

Diagnóstico
O padrão das dores nas juntas e o local onde ocorrem são as melhores pistas para determinar se são causadas pelo LES ou não. Os raios X das juntas atacadas de pessoas lúpicas não apresentam nenhuma anormalidade. Um exame do fluido sinovial dentro de uma junta inchada pode ser efetuado para determinar se há uma reação inflamatória de baixo nível.
Contudo, esses estudos são usados para excluir outras possíveis causas de dores nas juntas, e não para determinar um diagnóstico de LES.
De fato, quando a artrite é o único sintoma do lúpus, o diagnóstico se torna muito difícil, se não impossível. Nesses casos, uma oservação cuidadosa e uma re-avaliação médica assim que outros sintomas do LES evoluem, são essenciais para fazer um diagnóstico de lúpus com precisão.
Exames laboratoriais como o de anticorpos anti-nucleares (ANA) e o teste do fator reumatóide podem ser úteis algumas vezes.
Pelo menos 67 porcento das pessoas com artrite reumatóide vão ter um anticorpo (fator reumatóide) no seu sangue.
Pelo menos 95 porcento das pessoas com LES apresentam várias outras formas de anticorpos em seu sangue (anticorpos anti-nucleares).
Contudo, devemos enfatizar que nenhum desses anticorpos é específico da artrite lúpica ou do LES. Eles ocorrem em cerca de 25 porcento dessas doenças, e em várias outras condições.

Tratamento
Uma das concepções errôneas mais comuns sobre a artrite é a de que não há nenhum tratamento satisfatório disponível. Pelo contrário, existem tratamentos apropriados para as mais variadas formas de artrite que podem retardar os danos às juntas e diminuir as suas dores.
A artrite lúpica é usualmente tratada com medicamentos anti-inflamatórios e não esteróides (ex. aspirina, ibuprofen, naproxen). Esses medicamentos são suficientes na maioria dos casos e normalmente bem tolerados pelo organismo. Entretanto, essa linha de terapia não é efetiva, drogas anti-malária tais como a hidroxicloroquina (Plaquinol) podem ser adicionadas. Corticóides (prednisome) são usados muito raramente, apenas quando as juntas permanecem inchadas e doloridas apesar dos outros tratamentos. Medicamentos citotóxicos (cytotoxic) não devem ser usados para tratar apenas a artrite lúpica. Também é importante que a pessoa conheça procedimentos de proteção das juntas, para estarem aptas a dar o devido descanso a essas mesmas juntas durantes crises da artrite lúpica.