terça-feira, 23 de dezembro de 2008

LÚPUS E INFECÇÕES E IMUNIZAÇÕES

Infecções e Imunizações
Melhores técnicas para o diagnóstico, avaliação e controle da doença combinados a um uso mais criterioso de medicamentos têm melhorado significativamente o prognóstico dos pacientes lúpicos nas duas últimas décadas. Há trinta e cinco anos atrás, apenas 40% das pessoas com lúpus tinham uma expectativa de vida maior após o diagnóstico da doença. Com um diagnóstico precoce e as atuais terapias, 89 a 90% dos pacientes lúpicos agora vivem por mais de 30 anos após seu diagnóstico e muitos podem até ansiar por uma vida normal.
Obs.: Na minha opinião, muitos pacientes levam vida normal, apenas protegem-se e tratam-se melhor, apesar de termos algumas restrições, somos pessoas normais, não somente ansiamos, como procuramos viver da melhor maneira possivel e com dignidade.

Antes dos avanços médicos alcançados no diagnóstico e tratamento do lúpus, a maioria das mortes era resultado de falha renal ou complicações do sistema nervoso central. Hoje, muitos pacientes morrem tanto por infecções quanto pela doença sistêmica ativa. Esta é uma importante razão para o aumento de cuidados sobre o lúpus e seu relacionamento com infecções e imunizações. Lúpicos são mais suscetíveis à infecções do que a maioria das pessoas por duas razões:

- O lúpus afeta diretamente o sistema imunológico da pessoa, reduzindo sua capacidade de prevenir e combater infecções;
- Muitas das drogas usadas para tratar o lúpus inibem as funções do sistema imunológico, deixando o paciente mais suscetível às infecções.

Efeitos diretos do lúpus sobre o sistema imunológico
Lúpicos têm anomalias nos seus sistemas imunológicos que os predispõe ao desenvolvimento de infecções.

Efeitos dos medicamentos usados no tratamento do lúpus
Drogas como a cortisona (Prednisona) e cytotóxicas como azathioprina (Imuran) e ciclofosfamida (Cytoxan) aumentam essa suscetibilidade à infecções porque elas inibem as funções imunes normais e anormais. Contudo, o controle da atividade lúpica é mais importante do que o perigo oferecido por uma possível infecção causada pelos medicamentos imunossupressivos. O risco de infecções anda lado a lado com a dose e duração do tratamento com esteróides. Uma dose diária de 20 mg. de Prednisona é o bastante para impôr um risco significativo. A administração de esteróides dia sim dia não diminui o risco e a incidência de infecções.

Os lúpicos são mais suscetíveis à infecções mesmo sem ingerir corticóides. Especialistas em lúpus, como a Dra. Marian Ropes, usaram muito pouco os esteróides no tratatamento de seus pacientes nos anos 40 e 50. Porém, a Dra. Ropes publicou dados mostrando que a maioria de seus pacientes desenvolveu infecções sérias durante o curso da doença -- mesmo com baixas doses de esteróides.

Tipos de infecções no LES
As infecções que ocorrem em lúpicos se encaixam em duas categorias. A primeira categoria inclui aquelas causadas por organismos que podem ser induzidas em lúpicos e na população em geral. Essa categoria inclui organismos como o streptococcus, e staphylococcus.

A segunda categoria consiste de infecções "oportunísticas". As infecções oportunísticas são causadas por organismos capazes de induzir alguma doença apenas quando o sistema imunológico da pessoa está debilitado. A maior parte dessas infecções é causada por fungos, parasita ou protozoários. As infecções mais comuns que lúpicos contraem envolvem o trato respiratório, a pele e o trato urinário, e normalmente não exigem hospitalização. Felizmente, apenas uns poucos pacientes vão precisar de um tratamento hospitalar agressivo. Contudo, infecções em pacientes lúpicos tendem a durar mais tempo e requerem um curso maior de tratamento com antibióticos do que em pessoas que não têm lúpus. Lúpicos têm um risco acima da média de contrair salmonela, {herpes zoster} e cândida.

Avaliação clínica de possíveis infecções
A atividade lúpica e as infecções podem compartilhar muitos sintomas. E mais, a infecção pode induzir ou ser difícil de distinguir de uma crise do lúpus. Por exemplo, febre e falta de energia são sintomas genéricos que podem estar associados tanto ao lúpus quanto às infecções. Sintomas mais específicos, como garganta inflamada ou dores ao respirar fundo, podem ocorrer tanto numa crise do lúpus quanto numa infecção. Por isso, é importante que a pessoa com lúpus comunique seu médico sobre qualquer sintoma que possa sugerir uma infecção ou uma crise, assim pode se ter um histórico médico e fazer um exame clínico.

Exames de laboratório, incluindo a contagem de leucócitos, podem ajudar o médico a distinguir uma infecção de uma crise lúpica. Baixo número de leucócitos normalmente sugere lúpus ativo (embora algumas viroses apresentem o mesmo dado) enquanto que um número expressivo sugere uma infecção. O médico também pode querer fazer uma exame de cultura de urina, garganta, sangue ou {stool} e uma contagem completa de sangue (CBC) ou um raio-X do tórax. Alguns médicos acham que um exame sanguíneo de proteína C-reativa (CRP) pode ser útil para diferenciar o lúpus ativo de uma infecção, mas isso ainda é controverso. Febres podem ser causadas por uma infecção, reação a alguma droga ou ao lúpus ativo.

Qualquer paciente lúpico com febre deve ser extensamente avaliado, especialmente se esse paciente estiver ingerindo aspirina, não-esteróides (ex.: Advil, Naprosyn ou esteróides que reduzam a temperatura do corpo.

Se necessário, pacientes com suspeita de infecção {life-threatening} sem uma fonte definida podem ser hospitalizados. No hospital o paciente pode ser observado, culturas colhidas e exames como pesquisa por gálio, biópsia de medúla óssea, biópsia de {lymph node} ou broncoscopia podem ser realizados para ajudar a obter um diagnóstico rápido.

Tratamento e prevenção de infecções
O tratamento de infecções em pacientes lúpicos é basicamente o mesmo de outros pacientes. Mesmo aqueles que estão ingerindo altas doses de imunossupressivos podem responder bem a antibióticos. O uso de sulfanilamida (sulfa) no tratamento de infecções deve ser evitado sempre que possível, uma vez que elas aumentam a fotossensibilidade. Para prevenir possíveis infecções, pacientes com alto risco sempre se beneficiam da ingestão de antibióticos antes de tratamentos dentários ou procedimentos cirúrgicos. No geral, indivíduos com lúpus devem evitar o contato com pessoas com gripe ou com outras infecções.

Prevenção à infecções: imunização
O risco de certos tipos de infecção pode ser diminuido com a imunização (vacinação). Praticamente todos os lúpicos têm sido vacinados contra várias doenças sem muita dificuldade. Contudo, é possível que uma imunização com vacinas que usam vírus vivos pode resultar em uma crise. Mesmo assim, vacinas contra a pólio, sarampo e tétano, têm sido ministradas a centenas de milhares de pacientes lúpicos sem reação adversa. Imunização passiva (vacinar o paciente com um vírus morto), não causa nenhum problema em lúpicos. Gammaglobulina é um exemplo de uma vacina que usa um anticorpo não-específico ao invés de um vírus vivo.

Devemos observar que pacientes com lúpus podem ter reações adversas a dois tipos de imunização. Primeiro, alguns pacientes que recebem injeções contra alergia (imunoterapia) podem experimentar uma crise após esse tratamento. Por essa razão, em 1989, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou que pacientes com doenças auto-imunes não deveriam receber certos tipos de injeção para alergias. Essa imunoterapia pode fazer com que o paciente produza mais anti-DNA e outros anticorpos relacionados ao lúpus além de produzir os anticorpos contra o agente causador da alergia. Lúpicos são alertados para consultar seu reumatologista antes de receber qualquer tipo de imunoterapia.

Alguns pacientes também podem ter dificuldades após receber vacinas contra o tétano ou gripe. Parece que vacinas contra gripes não funcionam tão bem em lúpicos; o nível de anticorpos contra a gripe atinge apenas a metade do desejado, quando muito, nesses pacientes. Além disso, até 20% dos pacientes com lúpus vão se sentir mal ou doloridos por alguns dias após a vacinação. Este número é o dobro do que acontece na população em geral, onde apenas 10% dos indivíduos vão sofrer reações adversas após a injeção de gripe. Devido a esses problemas em potencial, pacientes com lúpus devem consultar seu médico antes de receber qualquer vacina.

2 comentários:

Tony Madureira disse...

Olá,

Feliz Natal!!


Beijinhos

Cadinho RoCo disse...

Toda ação preventiva é bem vinda.
Cadinho RoCol