sábado, 6 de dezembro de 2008

LÚPUS E SÍNDROME ANTIFOSFOLIPÍDICA - SAF (III)

A paciente com lúpus pode engravidar?
Há algumas décadas atrás, a medicina reprovava a gravidez em
mulheres com lúpus, porém mais recentemente com o melhor
controle da doença, isto se tornou um fato possível. Embora a
gravidez nesta condição seja considerada de risco, muitas mulheres
com lúpus têm gestações seguras resultando em bebes saudáveis.
Entretanto, este sucesso depende de uma ação planejada. Desta
forma, não se recomenda a gravidez em paciente com a doença em
atividade, principalmente se houver envolvimento de órgãos como
o rim, coração, pulmões ou sistema neurológico, devido o risco
de agravamento da doença materna, e, maior risco de ter bebês
prematuros.

Qual é a melhor ocasião para uma mulher com lùpus
engravidar?
Recomenda-se que a paciente esteja pelo menos seis meses com
a doença controlada, sem uso de medicação que possa causar
problemas no feto e após reavaliação clínica e laboratorial para
depois ser liberada para engravidar. Recomenda-se que a paciente
converse com o seu médico para receber as orientações sobre a
gravidez.

Quais os cuidados que uma grávida com lúpus deve ter?
Durante a gravidez a paciente com LES deverá fazer controle
clínico e laboratorial periodicamente com o reumatologista e
ter assistência, de preferência, de um obstetra que também conheça
o lúpus. O seguimento de pacientes com lúpus e com anticorpos
anticardiolipina ou anticoagulante lúpico deve ser mais rigoroso,
sendo fundamental acompanhar o crescimento do bebê através do
exame de ultra-som específi co para avaliar a circulação do sangue
na placenta (Dopplerfl uxometria) e dar as medicações necessárias
para prevenir as complicações de trombose na placenta. A avaliação
da vitalidade do bebê (Tococardiografia) também é muito
importante para ver se há necessidade de antecipar o parto. As
pacientes que têm anticorpos anti-Ro/SSA também devem fazer
ecocardiograma do feto, para detectar problemas cardíacos no bebê
(lúpus neonatal). Esta complicação é muito rara, e, mesmo tendo
estes auto-anticorpos, felizmente, a grande maioria dos bebês não
tem problemas.
Assim, recomendamos que a paciente com lúpus converse com
o seu médico sobre a gravidez, para que o médico possa fazer
os exames e avaliar se a paciente tem os anticorpos associados a
maior chance de complicações na gravidez e tomar a conduta adequada
para cada caso.
Mesmo sem ter estes auto-anticorpos, a gravidez em pacientes
com lúpus eritematoso sistêmico pode resultar em bebês prematuros
e de baixo peso e necessita um acompanhamento pré-natal
rigoroso.

As mulheres com lúpus têm problemas de fertilidade?
As mulheres com lúpus têm fertilidade comparável à das mulheres
sem lúpus, mas, as que fazem ou fi zeram uso de medicamentos
como a ciclofosfamida podem ter menor fertilidade ou
menopausa mais precoce.

A mulher com lúpus pode utilizar pílulas anticoncepcionais?
As pílulas anticoncepcionais são contra-indicadas em pacientes
com lúpus e anticorpo anticardiolipina ou anticoagulante
lúpico, pois estas aumentam o risco de trombose vascular. Embora
a atividade da doença desencadeada pelo uso de pílulas anticoncepcionais
com estrógenos seja considerada leve, recomenda-se que
mulheres com LES usem pílulas com progestágenos e sem estrógenos.
Nas pacientes que não se adaptaram ao uso de pílulas à base
de progesterona, pode-se prescrever pílulas anticoncepcionais com
baixas doses de estrógenos, desde que não tenham anticorpos antifosfolípides

ou história de trombose vascular. O uso de DIU não é
recomendado nas pacientes que tenham diminuição de plaquetas,
pelo risco de ter aumento do sangramento vaginal
. Também não
se recomenda o uso do DIU em pacientes em uso de corticoide em
dose > 20 mg/dia de prednisona ou em uso de imunossupressores,
pelo risco aumentado de infecções.

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