quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

RELACIONAMENTO COM O MÉDICO (REUMATOLOGISTA)

Relacionamento entre Médico e Paciente
Uma das coisas mais importantes e decisivas para o sucesso de um tratamento, especialmente de uma doença crônica, é o relacionamento entre médico e paciente. Pacientes com lúpus normalmente enfrentam problemas singulares, o que influencia enormemente esse relacionamento. Esses pacientes podem precisar de cuidados por muitos anos e, uma vez que o lúpus pode afetar vários diferentes órgãos e sistemas do corpo, eles podem precisar de médicos de diferentes especialidades ao mesmo tempo. Poucos médicos entendem bem o lúpus, e já que ainda há muita coisa desconhecida sobre a doença, o paciente pode encontrar diferentes opiniões a respeito da melhor forma de tratá-lo. Para completar, uma vez que o lúpus tem efeitos físicos e psicológicos, os pacientes podem apresentar dificuldades em se relacionar com outras pessoas. Issa dificuldade pode interferir no seu relacionamento com o médico.

Médicos e pacientes interagem de uma maneira íntima e muito complexa. Com os grandes avanços tecnológicos da medicina nos últimos 40 anos, muitos aspectos desse relacionamento médico-pacientes foram alterados. A começar pela escolha do médico, onde normalmente leva-se em conta o plano de saúde que o paciente possui. Há ainda, a dificuldade do médico visitar pacientes fora dos hospitais e centros de tratamento e a substituição do Clínico Geral por um crescente número de especialistas. Contudo, a natureza básica do relacionamento médico-paciente não foi alterada.

Médicos e pacientes sempre têm abordado as questões de saúde de maneiras diferentes. Quando o paciente leva suas reclamações ao médico, ele espera que toda dor e sofrimento que está sentindo desapareça imediatamente. Eles também esperam que seus medos sejam dissipados, que sua doença seja curada, e que qualquer tratamento necessário seja o mais indolor e barato possível. Os médicos, por outro lado, esperam acima de tudo, que eles possam diagnosticar corretamente o problema do paciente e indicar o tratamento adequado. Os médicos também têm esperança de por um fim aos medos e ao sofrimento dos pacientes, mas eles sabem que, muitas vezes, isso não é completamente possível.

No caso do lúpus, o diagnóstico pode ser o maior problema para os médicos. A maioria deles não acompanha muitos casos da doença, o que faz com que tenham dificuldades para reconhecê-la. Nos casos mais antigos, mesmo os mais experientes reumatologistas por várias vezes não concordavam nos diagnósticos. Os médicos nunca querem classificar alguém como portador de uma doença muito grave, até que eles estejam certos disso. Nisso, eles pedem um grande número de exames antes de dar o diagnóstico o que, involuntariamente, só faz aumentar os aborrecimentos do paciente. Enquanto o médico está à busca do diagnóstico correto, os pacientes, desconhecendo esse dilema do médico, podem achar que não estão recebendo a atenção merecida para as suas queixas e temores.

Os problemas também podem aparecer a respeito do tratamento recomendado. O médico pode achar por bem, devido ao estado em particular do paciente e a gravidade do caso, prescrever medicamentos como esteróides e imunossupressores (como os usados no tratamento do câncer). Esse tipo de tratamento pode acarretar efeitos colaterais indesejáveis e perigosos que devem ser explicados ao paciente. Tais explicações podem fazer com que o paciente fique confuso ou até mesmo recuse o tratamento. O médico deve, então, ressaltar o fato de que a doença, se não for tratada, pode ser mais perigosa e dolorosa do que a terapia. Infelizmente essa discussão, que por um lado ajuda o paciente a entender o problema, pode servir para aumentar os seus temores e sua ansiedade.

O mal-entendido entre o médico e o paciente pode ser decorrente de expectativas equivocadas que cada um pode ter. Vamos revisar algumas das coisas que o médico e o paciente podem esperar um do outro, e outras coisas que eles não deveriam pensar.

Algumas coisas que o paciente DEVE esperar do seu médico:
- Que o médico seja bem treinando e competente.
- Que o médico seja uma pessoa responsável e ciente de suas obrigações, e que sempre tentará fazer o melhor.
- Que o médico busque ajuda de outras pessoas se ele atingir o limite de seus conhecimentos e habilidades.
- Que o médico tenha bom senso moral, e que nunca vai tirar vantagem da intimidade física que o paciente permitir.
- Que o paciente vai manter em sigilo qualquer informação particular.
- Que o médico o trate com respeito e cortesia.
- Que o médico mostre consideração e interesse pelo sofrimento e temores do paciente.
- Que o médico mantenha um esforço contínuo para explicar a natureza da doença ao paciente, bem como o tratamento proposto.
- Que o médico, quando não estiver disponível, tenha substitutos à altura para o caso de emergências.
- Que o médico não forneça informações a seu respeito a terceiros sem a devida autorização.
- Que o médico converse sem restrições com outro profissional consultado a respeito do diagnóstico e/ou tratamento, se o paciente assim desejar.
- Que o médico considere a vida e situação financeira do paciente na hora de escolher um tratamento.

Algumas coisas que o paciente NÃO deve esperar do médico:
- Que o médico pode encontrar a solução para todos os problemas físicos.
- Que o médico vá tratar o paciente com a afeição de um amigo próximo ou de um membro da família.
- Que o médico é empregado do paciente, estando à sua disposição a qualquer momento.
- Que o médico estará sempre disponível para o paciente.
- Que o médico tem tempo ilimitado para passar com o paciente.
- Que a medicina é uma ciência exata e que todos os médicos chegam às mesmas conclusões e recomendações ao observar um mesmo conjunto de problemas.
- Que o médico pode sempre fazer o leigo entender problemas médicos muito complexos.

Os pacientes com lúpus devem perceber que eles têm uma doença crônica que não tem cura. Pelo fato da doença ser pra toda vida e ser bastante complexa, o paciente que encontrar um bom médico faz muito bem em permanecer com esse mesmo médico. Quando pacientes mudam de médico, informações vitais sobre o caso podem ser distorcidas ou perdidas. E essas informações, sobre como a doença tem afetado o paciente, são muito importantes. Algumas vezes a chave para entender o que está acontecendo, é entender o padrão das crises anteriores da doença.

Muitos pacientes com lúpus, assim como outros com doenças crônicas, criam uma certa dependência do médico e procuram por eles como fariam com seus pais ou com amigos queridos. Os médicos, contudo, não se sentem confortáveis ao tratar dos próprios filhos ou de amigos próximos. Os médicos precisam manter uma certa distância entre eles mesmos e os pacientes, dessa forma, o lado emocional não vai influenciar no julgamento profissional. É por isso que os médicos devem criar certos limites para as vontades de seus pacientes. Exceto em emergências, o médicos consultam pacientes apenas no horário comercial. Eles arranjam substitutos para quando não estiverem disponíveis. Alguns dos mais qualificados médicos são afiliados de grandes hospitais-escola, e sempre têm jovens médicos em treinamento (residentes ou colegas) ajudando-os a cuidar de pacientes. Ao entender as razões por trás dos limites interpessoais, os pacientes podem aprender a aceitá-los.

Uma grande fonte de confusão entre o médico e o paciente com uma condição complexa como o lúpus, reside nas tentativas que o médico faz de explicar, em linguagem simples, o que está acontecendo. Uma vez que as informações acerca do lúpus, e mesmo as palavras usadas para descrever essas informações, são constantemente alteradas, dificilmente dois médicos irão entender e/ou explicar o lúpus da mesma maneira. Normalmente, quando os médicos traduzem seus entendimentos da linguagem médica para a linguagem do dia-a-dia, eles o fazem de maneiras diferentes. O paciente com lúpus normalmente ouve duas explicações diferentes para um mesmo problema, de dois diferentes médicos. Por exemplo, um deles pode explicar que o lúpus e o resultado do ataque das defesas do corpo contra si mesmo, que o lúpus é uma doença auto-imune. Outro pode descrevê-lo como uma doença dos vasos sangüíneos, conhecida como vasculite. Ainda um terceiro, pode dizer que o lúpus é uma doença do tecido conjuntivo, similar à artrite reumatóide. Todos estão corretos.

Um comentário:

Tony Madureira disse...

Olá,

Este post está muito bom!

Parabéns!


Beijinho