segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

LÚPUS E GRAVIDEZ (II)

Posso ingerir medicamentos durante a gravidez?

É sempre imprudência ingerir medicamentos desnecessários durante a gravidez. Contudo, medicamentos necessários não devem ser descontinuados.

É seguro usar a maioria dos medicamentos normalmente ingeridos por pacientes com LES durante a gravidez. Prednisona, Prednisolona e, provavelmente, methylprednisolona (Medrol) não atravessam a placenta e são seguros para o bebê. Específicamente, dexamethasona (Decadrol, Hexadrol) e betamethasona (Celestone) atingem o bebê e são usados SOMENTE quando é necessário tratar também do bebê. Por exemplo, esses medicamentos podem ser usados para ajudar os pulmões do bebê a madurar mais rapidamente se o bebê vai ser prematuro. Aspirina é seguro; é freqüentemente usada para proteger contra a toxemia da gravidez.

Estudos preliminares sugerem que azathioprine (Imuran) e hidroxicloriquina (Plaquinol) não afetam os bebês, mas isso ainda não é confirmado. Cyclophosphamide (Cytoxan) é definitivamente nocivo se ingerido durante os três primeiros meses de gravidez.

O que dizer sobre o tratamento profilático (preventivo) com Prednisona?
Alguns poucos médicos acham que toda grávida com lúpus deveria ingerir pequenas doses de Prednisona para prevenir o aborto. Contudo, ainda não há dados confirmados de que isso é necessário. Da mesma forma, alguns médicos acham que esteróides devem ser ministrados ou terem as doses aumentadas após o nascimento do bebê para evitar 'crise pós-parto'. Mais uma vez, não há evidência de que isso seja necessário na maioria dos casos.

O que são anticorpos antifosfolipídeos e porquê são tão importantes?
Cerca de 33 porcento de pacientes com lúpus têm anticorpos que interferem com as funções da placenta. Esses anticorpos são chamados antiphospholipid anticorpos, o anticoagulante lúpico ou anti-cadiolipina. Esses anticorpos podem causar coágulos sangüíneos, incluindo coágulos na placenta, que impedem o seu crescimento e funcionamento normais. Isso ocorre normalmente durante o segundo trimestre. Uma vez que a placenta é a passagem dos nutrientes da mãe para o feto, o crescimento do bebê é desacelerado. O bebê pode nascer neste momento e será normal se estiver grande o bastante.

O tratamento para pacientes com lúpus que tenham estes anticorpos ainda está sendo testado. Aspirina, Prednisona, Heparin e PLAMAPHERESIS têm sido sugeridos como possíveis terapias. Contudo, mesmo com o uso de tais medicamentos, estes anticorpos ainda assim podem conduzir para um aborto.

Meu bebê será normal? A prematuridade é o maior perigo para o bebê. Cerca de 50 porcento das gestações com lúpus terminam antes dos 9 meses, usualmente devido às complicações apresentadas acima. Bebês nascidos após 30 semanas ou com mais de 1,2 Kg crescem normalmente. Mesmo bebês com cerca de 800 g têm sobrevivido e com saúde em todos os aspectos; mas o resultado é incerto para bebês deste tamanho. Não há nenhuma anormalidade congênita que ocorra apenas em bebês de pacientes com lúpus (exceto como descrito abaixo), e nenhuma freqüência anormal de retardamento mental.

Meu bebê terá lúpus?
Cerca de 1/3 das pacientes com lúpus têm um anticorpo conhecido como anti-Ro ou anti-SSA. Aproximadamente 10 porcento das mulheres com anti-Ro, ou cerca de 3 porcento de todas as mulheres com lúpus, vão ter um bebê com uma síndrome conhecida como lúpus neo-natal. Lúpus Neo-natal não é LES. Ele consiste de um(a) RASH passageiro(a), anormalidades na contagem sangüínea também passageiras, e um tipo especial de anormalidade no batimento cardíaco. Se a anormalidade nos batimentos cardíacos ocorrer, o que é muito raro, ela é passível de tratamento; mas é permanente. O lúpus neo-natal é o único tipo de anormalidade congênita encontrada em crianças cujas mãe tem lúpus. Bebês com lúpus neo-natal que não têm o problema no coração, não apresentam nenhum traço da doença já pelos 3-6 meses de vida, e ela não reaparece. Mesmo bebês com a anormalidade nos batimentos cardíacos crescem normalmente. Se uma mão teve um filho com lúpus neo-natal, há cerca de 25 porcento de chances de dar à luz outra criança com o mesmo problema.

Vou precisar fazer uma cesariana?
Bebês muito prematuros, ou que mostrem sinais de estresse, bebês de mães que tenham baixo número de plaquetas, e bebês de mães que estejam muito doentes são quase sempre nascidos de cesariana. Este é, normalmente, o método mais rápido e seguro de nascimento para esses casos. Normalmente, a decisão sobre o tipo de parto não é tomada com antecipação devido às circunstâncias específicas do momento do parto.

Posso amamentar?
Apesar da amamentação ser possível para pacientes com lúpus, o leite materno pode não descer se o bebê for muito prematuro porque eles não são fortes o bastante para sugar, e assim, não podem ingerí-lo. Contudo, o leite pode ser bombeado do seio para alimentar um bebê prematuro que não seja forte para sugar, isso se a mãe assim desejar. Plaquinol e as drogas citotóxias (Cytoxan, Imuran) passam para o bebê através do leite. Alguns medicamentos, como a Prednisona, podem impedir a produção do leite. Se você estiver ingerindo algum medicamento é melhor não amamentar, mas se o seu médico permitir você pode fazê-lo.

Quem vai tomar conta do bebê?
Futuros pais não perguntam normalmente o que vai acontecer após o nascimento do bebê se a mãe estiver doente e incapacitada de cuidar da criança. Já que é possível que uma paciente com lúpus tenha futuros períodos de doença, é prudente considerar a possibilidade e ter planos alternativos para os cuidados da criança (esposo, avós etc.) se necessários.

2 comentários:

São disse...

Viva!
Acho estupendo que partilhe informação sobre uma doença tão pouco conhecida.
Bem haja!

catia disse...

Infelizmente venho a ver que apesar dos anos ir avançando, não dão tanta importancia a esta doença.
É incrivel na televisão e nos jornais nao falarem, apenas falam em cancros ( que acho que deve ser falado) em artite reumatoite e outro tipo de doenças.

Obrigada