terça-feira, 28 de abril de 2009

DOR NOS JOELHOS II

Mas o que é inflamação? É a mesma coisa que infecção? NÃO!
Inflamação é uma reação do organismo a uma agressão no sentido de eliminá-la. Como conseqüência, desenvolvem-se calor local, vermelhidão (eritema), inchume (edema) e dor.

Um corte ou uma laceração na pele provocam inflamação sem infecção e o resultado final, ao curar, é a cicatriz. Se em uma incisão cirúrgica aparecer pus, significa que cresceram bactérias, ou seja, infeccionou. Quando a doença inicial é a infecção, o mecanismo de defesa do organismo é a reação inflamatória. Nesse caso, a infecção leva a uma inflamação.

Na "Tabela 1", nos diagnósticos em que há o asterisco (*) só haverá edema em fases mais avançadas. Ou seja, os pacientes estão com joelhos "secos". Mais tarde, devido às lesões locais provocadas pelos variados estímulos inadequados inerentes a cada doença, desenvolve-se a reação inflamatória. Nesses casos, o edema articular costuma ser pequeno, contrastando com a dor e a limitação de função, que podem ser importantes.

A síndrome do coxim gorduroso é freqüente. Aparece preferentemente em mulheres obesas a partir da 5a década. Se houver edema, esse é localizado, ocorrendo geralmente tendinite ou bursite associada (tendinite ou bursite anserina).

Bursas são cavidades fechadas localizadas em íntima vizinhança com tendões e articulações. Podem inflamar secundariamente à inflamação dos tendões, por traumatismo ou como manifestação de alguma doença como a gota, quando depósitos de cristais de ácido úrico provocam a inflamação. Em geral, as bursites de joelho são facilmente percebidas. As bursas localizadas na frente ou abaixo das rótulas podem infectar a partir de infecção da pele vizinha.

As tendinites estão apresentadas em capítulo próprio. O mecanismo que se caracteriza por ser mais freqüente na produção da tendinite é o desgaste que ocorre devido ao uso continuado ou exagerado dos tendões. Há minúsculas rupturas das fibras que compõem os tendões, levando a reação inflamatória local e cicatrização. A repetição do evento pode levar a "rasgões" nos tendões com variadas repercussões clínicas.

Nos joelhos, mais freqüente vê-se a tendinite anserina. Localiza-se na parte interna da perna e leva este nome devido à forma anatômica dos tendões que aí se inserem, semelhante a uma pata de ganso.

É uma causa bastante encontrada de joelho seco doloroso (periartrite seca de joelho). Pode haver discreto edema localizado. Quando houver edema intenso, deve-se pensar em outras causas, tais como gota, artrite reumatóide e infecção.
As doenças assinaladas com (**) estão apresentadas em artigos, na seção de ortopedia desse site.
Sinovite vilo-nodular é rara. É uma doença em que há crescimento anormal benigno (não é câncer) da membrana sinovial. O diagnóstico é feito por meio de ressonância magnética ou biópsia.

Osteoartrite somente provoca edema articular em fase avançada. Leia mais sobre osteoartrite em artigo específico nesse site. (Continua...)

segunda-feira, 20 de abril de 2009

DOR NOS JOELHOS

Quais as causas de dor nos joelhos?
Dor em joelho é extremamente freqüente. Há dezenas de causas. Algumas são muito comuns e fáceis de diagnosticar, mas há situações em que o esclarecimento do problema pode ser uma tarefa lenta e trabalhosa.
Na tabela1, abaixo estão as doenças mais freqüentes. e caracteristica)
Diagnóstico (representado por D)
D 1 - Síndrome de dor Patelo-femural(Patelo = rótula)
Características (representado por C)
C 1 - Jovens. Rótula mal Alinhada em sua articulação com o fêmur.
D 2 -Implantação alta da rótula*
C 2 -Jovens
D 3 -Síndromes de sobrecarga*
C 3 - Atletas, corredores, dançarinas, obesos.
D 4 - Defeito alinhamento entre coxas e pernas*
C 4 - Pernas “em xis”, arqueadas, rotadas.
D 5 - Hipermobilidade da rótula *
C 5 - rótula desliza fora da calha no fêmur.
D 6 - Doenças da rótula *
C 6 - Condromalacia, osteocondrite.
D 7 - Síndrome do coxim gorduroso
C 7 - Dor na “bola” de gordura que se forma na região interna do joelho.
D 8 - Bursite
C 8 - Na frente ou abaixo da rótula.
D 9 - Tendinite
C 9 - Mais freqüente na região interna da perna.
D 10 - Doenças dos meniscos **
C 10 - Após traumatismo ou em idosos. Também ocorre em situações de sobrecarga crônica.
D 11 - Ruptura parcial ou total de ligamentos **
C 11 - Traumatismo.
D 12 - Doença de Osgood-Schlatter **
C 12 -Dor e inchume na perna logo abaixo da rótula. Entre 9 e 15 anos. Mais em sexo masculino (ver osteonecroses).
D 13 - Doenças da membrana articular (sinovial)
C 13 - Sinovite vilo-nodular, condromatose**, tumores malignos**.
D 14 - Osteoartrite (artrose)
C 14 - Desestruturação da cartilagem.
D 15 - Artrite (sinovite)
C 15 - Doenças inflamatórias ou infecciosas.

Há duas situações bem distintas em relação à problema dor no joelho.
Em uma, há um problema local, isto é, uma ou mais estruturas que compõem o joelho apresentam-se com algum tipo de defeito.
Este pode ser congênito (defeitos das rótulas) ou instalar-se posteriormente como, por exemplo, ruptura ou degeneração de meniscos.
Essas são patologias ortopédicas e, geralmente, manejadas por ortopedistas. Reumatologistas podem intervir em fases iniciais ou quando não houver indicação cirúrgica.
Na outra situação um ou ambos joelhos estão inchados.

Por que os joelhos incham?
Quando uma articulação está inchada, há artrite, que significa inflamação articular. Logo, o que precisamos saber é: por que o joelho está inflamado?
(Continua...)

domingo, 12 de abril de 2009

DOR NO COTOVELO

DOR NO COTOVELO
Sinônimos: cotovelo de tenista, tendinite, epicondilite lateral
Há várias causas de dor no cotovelo, mas certamente a mais freqüente é uma tendinite comprometendo tendões que se inserem na parte lateral do cotovelo.

O que é tendão?
Tendão é a extremidade do músculo e está firmemente aderido ao osso para, quando o músculo se contrair, mover o osso. Com freqüência, os pacientes chamam tendões de nervos.
Onde se localizam os tendões comprometidos?
Ponha a palma da mão para cima. Deslize seus dedos pelo bordo lateral do antebraço até o cotovelo. O osso que você está palpando é o úmero e nesta região, chamada epicôndilo lateral, inserem-se os tendões dos músculos que fazem a elevação da mão e dos dedos.

O que é tendinite?
O sufixo ite significa inflamação. O mecanismo que gera inflamação na grande maioria das tendinites é semelhante ao que ocorre quando se corta uma cutícula, enfia-se uma felpa embaixo da pele ou de um corte cirúrgico. O tecido é lesado; ele não pode infeccionar e precisa cicatrizar. Cria-se uma reação inflamatória. Células de defesa migram para o local e aparecem calor, vermelhidão, edema e dor. O resultado final é a cicatrização.
O uso continuado dos tendões, principalmente sob tensão, provoca rasgões microscópicos, mas é o suficiente para desencadear uma reação inflamatória. Tendões jovens são flexíveis e resistem às tensões e somente são lesados sob estresse intenso e/ou contínuo. Com o passar dos anos, perdem progressivamente a flexibilidade e ficam expostos às trações exercidas pelas contrações musculares. As tendinites que ocorrem nestas circunstâncias são classificadas como secundárias a microtraumatismos de repetição.

Manifestações clínicas
A dor pode aparecer somente ao se segurar um objeto, ao escrever ou ao carregar um pacote. Pode localizar-se ao redor do epicôndilo lateral e irradiar-se ao longo do antebraço. Os pacientes podem não perceber que a origem da dor é o cotovelo. Às vezes ela é fraca e crônica e outras vezes aguda e muito forte. Pode haver sensação de perda de força de preensão da mão. Outras causas de tendinite do cotovelo são as doenças inflamatórias como artrite reumatóide e gota.

Outras causas de dor no cotovelo:
- Epicondilite medial(menos freqüente)compromete os músculos que fazem a flexão da mão
- Bursite
- Lesões ligamentares
- Compressão de raiz nervosa
- Doenças da articulação
- Doenças ósseas
- Dor irradiada da coluna cervical ou do ombro.

Tratamento (progressão de acordo com a evolução):
- Repouso, imobilização, analgésicos ou anti-inflamatórios
- Fisioterapia incluindo exercícios de alongamento
- Infiltração com corticóide
- Cirurgia

quinta-feira, 2 de abril de 2009

DOR LOMBAR V

4. Posturas adquiridas por mau hábito ou durante os anos de desenvolvimento
A influência dos padrões culturais, sociais, profissionais, hábitos, treinamento e psiquismo sobre a postura são importantes e muito numerosos, sendo, muitas vezes, difícil identificá-los. A associação de fatores, inclusive com os estruturais, complica mais ainda o problema.

Devem ser mencionados os gestos profissionais assumidos tanto na posição de pé como sentada, os diferentes modelos de assentos que provocam sobrecargas e alongamentos excessivos e os diferentes modos de sentar, inclusive no chão, influenciados por razões culturais incluindo as religiosas.

O psiquismo contribui de modo importante sobre a postura. A postura é a linguagem do corpo. Em parte, nós nos movemos e paramos como nos sentimos.

Os indivíduos deprimidos mantêm-se numa posição "caída", com o tronco curvado e os ombros projetados para a frente, assemelhando-se a uma pessoa muito cansada. Essa postura leva a estiramento anormal de ligamentos e dor, tornando-se muito fatigante, pois mantê-la leva à sobrecarga dos músculos extensores, adicionando um cansaço fisiológico à sensação psicológica preexistente.

Dor é uma sensação psicológica. Ela é sentida por alguém que posteriormente a descreverá, aí colocando sua reação à dor e sua interpretação do significado de seu sofrimento. Um observador experiente deve saber discernir entre o que podemos chamar de dor física e amplificação da dor que se observa em pacientes com severos distúrbios emocionais.

Também os indivíduos hipercinéticos, devido à agressividade, e os ansiosos, que se mantêm persistentemente tensos, demonstram seus sentimentos na postura.

Sua posição é de desequilíbrio, ficando o tronco anteriormente ao centro de gravidade e todos os músculos num constante estado de contração sustentada.

É comum encontrar meninas adolescentes com alta estatura que tentam diminuí-la curvando o dorso (dorso curvo da adolescente). Também podem modificar sua postura as adolescentes com seios volumosos e os de baixa estatura.

A prática de esportes durante os anos de desenvolvimento pode levar a assimetria corporal, como acontece em jogadores de basquete e tênis.

Também entre crianças e adolescentes os distúrbios psíquicos colaboram de modo importante para atitudes posturais inadequadas.

Todos os padrões de postura adquiridas no período de crescimento podem se perpetuar e tornarem-se problemas na fase adulta. Os tecidos desenvolvem-se de acordo com os estímulos ocorridos e podem terminar seu crescimento de modo defeituoso.

terça-feira, 31 de março de 2009

DOR LOMBAR IV

2. Doença postural relacionada com músculos fracos e/ou rigidez músculo-ligamentar
Uma situação muito freqüente como causa de lombalgia é coluna vertebral normal mas músculos abdominais fracos. São necessários músculos abdominais potentes para sustentar a pressão exercida pela cavidade abdominal e, também, equilibrar as forças dos músculos eretores da coluna; caso contrário, haverá tendência crescente em aumentar a lordose lombar.

Outra condição freqüente e importante (e muitas vezes não identificada) de lombalgia é a falta de flexibilidade dos músculos e ligamentos posteriores da coluna lombar, das coxas e das pernas.

A coluna lombar flexiona 45 graus. Para uma flexão adequada, os músculos eretores, suas fáscias e os ligamentos longitudinais devem ser suficientemente extensíveis.

Após os 45 graus de flexão da coluna lombar, o restante do movimento do tronco se faz através da flexão da pelve. A rotação anterior da pelve é feita ao redor das articulações coxo-femurais e é limitada pelo comprimento e grau de alongamento dos músculos posteriores das coxas e pernas.

Se os tecidos não têm ou não estão com flexibilidade suficiente, a tentativa de atingir a amplitude máxima provocará dor devido ao alongamento excessivo e, eventualmente, dano estrutural.

3. Anomalias estruturais congênitas ou adquiridas
Ao se avaliar a coluna vertebral ereta, devem ser procurados defeitos nos membros inferiores ou na própria coluna. Há várias causas de assimetria de comprimento de membros inferiores. Diferença de até 1 cm é considerada normal e só deve ser valorizada se não se encontrar nenhuma outra causa para dor ou desconforto interpretada como de origem postural.

Causas de encurtamento de membro inferior
- Hipoplasia congênita
- Poliomielite
- Pós-fratura
- Genuvalgo ou varo assimétrico
- Genurecurvatum assimétrico
- Contratura assimétrica da panturrilha com pé eqüino
- Dispraise de quadrilles
- Coxartrose
(Continua...)

segunda-feira, 30 de março de 2009

DOR LOMBAR III

O desequilíbrio funcional da coluna vertebral
O equilíbrio da coluna vertebral deve ser mantido contra a gravidade, usando-se um mínimo de energia e provocando o menor desgaste possível. A fim de minimizar o consumo de energia, os músculos não participam de modo importante dessa função, cabendo aos ligamentos e cápsulas a principal ação de sustentação. Quando a tensão sobre os ligamentos excede limites fisiológicos ocorre contratura muscular isométrica reflexa (os músculos ficam contraídos sem movimentar-se) protegendo-os de mais alongamento.
A contratura muscular sustentada leva a fadiga e conseqüente incapacidade de proteção ao alongamento excessivo. Numa primeira fase de sobrecarga postural, os pacientes referem desconforto e fadiga, sendo a dor de partes moles um evento posterior.
São numerosos os fatores envolvidos no que se pode denominar doença postural da coluna vertebral.

Entretanto, quatro são predominantes na sua influência e freqüência:
- Hiperlordose lombar (lordose é a posição côncava; hiperlordose é excesso de concavidade).
- Postura esteticamente normal, mas musculatura despreparada e/ou insuficiente flexibilidade dos tecidos moles
- Anomalias estruturais congênitas ou adquiridas (neurológicas, musculares, esqueléticas, ligamentares).
- Posturas adquiridas por mau hábito ou treinamento inadequado durante os anos de desenvolvimento.

1. Hiperlordose lombar
A grande maioria das pessoas com dor lombar estática possuem hiperlordose.
São exemplos de posturas hiperlordóticas transitórias que podem provocar dor:
- gravidez,
- dormir de barriga para baixo em colchão mole,
- usar calçados com saltos altos (projeta o corpo para frente e obriga a postura hiperlordótica para reequilibrá-lo)
- sentar-se em cadeiras sem encosto adequado.

Nessas situações, desfazendo-se a lordose excessiva, a dor alivia ou desaparece.
Os mecanismos que levariam esses pacientes a sofrer dor poderiam ser entendidos por:
- As facetas articulares se aproximam e a compressão excessiva levaria a dor;
- Os orifícios intervertebrais têm seu diâmetro diminuído e as raízes nervosas sensitivas que se dirigem aos músculos, articulações e ligamentos são comprimidas;
- O disco faz protrusão posterior, pressionando o ligamento longitudinal posterior e irritando terminações nervosas.

Os estímulos transmitidos pelas fibras sensitivas iniciam uma reação reflexa que leva à contratura muscular excessiva a qual tem a intenção de proteger a unidade funcional comprometida. Porém, a contração muscular sustentada torna-se um novo local de dor e, complicando mais ainda, a contração intensa também comprime os tecidos injuriados, fechando um círculo vicioso dor-contratura-dor.

Esse modelo conceitual de dor lombar relacionada com hiperlordose tem sido aceito por mais de cem anos.

Entretanto, ocasionalmente, a patogênese da lombalgia seria a permanência em flexão lombar por tempo prolongado, como ocorre com o homem moderno que gasta a maior parte do tempo sentado. Nessa posição, os tecidos posteriores são alongados em excesso e permitem que o disco intervertebral seja empurrado para trás.

O tratamento, nesses casos, é promover exercícios que fortaleçam os músculos extensores, recriando a lordose anatômica.

Cabe ao médico determinar se os sintomas do paciente se devem a hiperextensão ou hiperflexão. Provocar a dor ao reproduzir a posição anormal esclarece a fisiopatogenia de cada situação em particular. (Continua...)

sexta-feira, 27 de março de 2009

DOR LOMBAR II

O que é a coluna vertebral? Como ela funciona?
A coluna vertebral é um conjunto de vértebras e discos sobrepostos.
Duas vértebras separadas por um disco intervertebral formam uma unidade.
O segmento anterior da unidade funcional está preparado para suportar peso, absorver choque e ter flexibilidade. No segmento posterior localizam-se as estruturas nervosas (medula e raízes nervosas) e um par de articulações que orientam os movimentos de cada unidade. Completam os constituintes da coluna ligamentos que têm função de sustentação e músculos.

A coluna vertebral estática
Vista de lado, a coluna vertebral tem quatro curvas fisiológicas: as lordoses cervical e lombar e as cifoses dorsal e sacra. Ela é sustentada pelo sacro, que se situa entre os ilíacos. A última vértebra lombar e a primeira vértebra sacra assumem um ângulo fisiológico que orienta a posição da coluna vertebral . O ângulo lombo-sacro é determinado pelo desenho de uma linha paralela à superfície superior do sacro dirigida a uma linha horizontal e mede ao redor de 30 graus. Ele depende da posição da pelve a qual, por sua vez, é equilibrada centralmente em um eixo transverso que se situa entre as articulações coxo-femurais (coxas com a bacia). Qualquer movimento rotatório da bacia modifica o ângulo lombo-sacro. A inclinação anterior (elevação da região anterior da bacia) o diminui e o movimento inverso, inclinação posterior, posiciona o sacro em direção horizontal, aumentando o ângulo lombo-sacro e a lordose lombar.

A posição da bacia se mantém por meio de controle ligamentar das articulações coxo-femurais. Em bipedestação, a extensão das articulações coxo-femurais é limitada à posição neutra pelos ligamentos ileopectíneos, que são espessamentos dos tecidos capsulares anteriores das articulações coxo-femurais. A pelve também é sustentada pelo tensor da fascia lata, que reforça a posição dos quadris e evita hiperextensão dos joelhos; essa fascia tem sua inserção proximal na crista ilíaca e distal no trato ileotibial na face lateral do joelho. A sustentação dos membros inferiores se faz, nos joelhos, por meio da cápsula articular posterior e ligamentos, não havendo necessidade de contração dos quadríceps. Há pequena contratura da musculatura da panturrilha dispendendo mínima energia. Pode-se observar, então, que a manutenção da postura ereta é essencialmente relacionada aos ligamentos com mínimo gasto de energia.

Vista de frente, a coluna vertebral normal não deve ter desvios laterais ou esses devem ser mínimos. Isso requer um sacro adequadamente alinhado, isso é, horizontalizado. O que determina a horizontalização do sacro é a igualdade de comprimentos dos membros inferiores. Assimetria de desenvolvimento da pelve também é causa de desvio do sacro, apesar de rara.

Em ambas situações, haverá diminuição da altura da bacia no lado afetado e o sacro ficará inclinado e, conseqüentemente, haverá uma atitude escoliótica (não é escoliose verdadeira) secundária com assimetria e sobrecarga nas articulações entre as vértebras. Se a escoliose não for corrigida, desenvolvem-se alterações estruturais nas facetas articulares e nos discos intervertebrais devido a sobrecarga assimétrica.