segunda-feira, 30 de março de 2009

DOR LOMBAR III

O desequilíbrio funcional da coluna vertebral
O equilíbrio da coluna vertebral deve ser mantido contra a gravidade, usando-se um mínimo de energia e provocando o menor desgaste possível. A fim de minimizar o consumo de energia, os músculos não participam de modo importante dessa função, cabendo aos ligamentos e cápsulas a principal ação de sustentação. Quando a tensão sobre os ligamentos excede limites fisiológicos ocorre contratura muscular isométrica reflexa (os músculos ficam contraídos sem movimentar-se) protegendo-os de mais alongamento.
A contratura muscular sustentada leva a fadiga e conseqüente incapacidade de proteção ao alongamento excessivo. Numa primeira fase de sobrecarga postural, os pacientes referem desconforto e fadiga, sendo a dor de partes moles um evento posterior.
São numerosos os fatores envolvidos no que se pode denominar doença postural da coluna vertebral.

Entretanto, quatro são predominantes na sua influência e freqüência:
- Hiperlordose lombar (lordose é a posição côncava; hiperlordose é excesso de concavidade).
- Postura esteticamente normal, mas musculatura despreparada e/ou insuficiente flexibilidade dos tecidos moles
- Anomalias estruturais congênitas ou adquiridas (neurológicas, musculares, esqueléticas, ligamentares).
- Posturas adquiridas por mau hábito ou treinamento inadequado durante os anos de desenvolvimento.

1. Hiperlordose lombar
A grande maioria das pessoas com dor lombar estática possuem hiperlordose.
São exemplos de posturas hiperlordóticas transitórias que podem provocar dor:
- gravidez,
- dormir de barriga para baixo em colchão mole,
- usar calçados com saltos altos (projeta o corpo para frente e obriga a postura hiperlordótica para reequilibrá-lo)
- sentar-se em cadeiras sem encosto adequado.

Nessas situações, desfazendo-se a lordose excessiva, a dor alivia ou desaparece.
Os mecanismos que levariam esses pacientes a sofrer dor poderiam ser entendidos por:
- As facetas articulares se aproximam e a compressão excessiva levaria a dor;
- Os orifícios intervertebrais têm seu diâmetro diminuído e as raízes nervosas sensitivas que se dirigem aos músculos, articulações e ligamentos são comprimidas;
- O disco faz protrusão posterior, pressionando o ligamento longitudinal posterior e irritando terminações nervosas.

Os estímulos transmitidos pelas fibras sensitivas iniciam uma reação reflexa que leva à contratura muscular excessiva a qual tem a intenção de proteger a unidade funcional comprometida. Porém, a contração muscular sustentada torna-se um novo local de dor e, complicando mais ainda, a contração intensa também comprime os tecidos injuriados, fechando um círculo vicioso dor-contratura-dor.

Esse modelo conceitual de dor lombar relacionada com hiperlordose tem sido aceito por mais de cem anos.

Entretanto, ocasionalmente, a patogênese da lombalgia seria a permanência em flexão lombar por tempo prolongado, como ocorre com o homem moderno que gasta a maior parte do tempo sentado. Nessa posição, os tecidos posteriores são alongados em excesso e permitem que o disco intervertebral seja empurrado para trás.

O tratamento, nesses casos, é promover exercícios que fortaleçam os músculos extensores, recriando a lordose anatômica.

Cabe ao médico determinar se os sintomas do paciente se devem a hiperextensão ou hiperflexão. Provocar a dor ao reproduzir a posição anormal esclarece a fisiopatogenia de cada situação em particular. (Continua...)

Nenhum comentário: