terça-feira, 28 de setembro de 2010

NOCTÚRIA

NOCTÚRIA

Sinônimo: Urina noturna .

O que é?

- A eliminação de volume normal de urina durante a noite chama-se noctúria.
- Nictúria é a eliminação de volume aumentado durante a noite.
- Enurese noturna é a perda involuntária de urina durante o sono, numa idade em que o controle urinário já deveria estar presente (5 anos).

O volume diário de urina varia entre 800 a 1500ml, dependendo do volume de líquidos ingeridos, da temperatura corporal e ambiental e do esforço físico.

O volume urinário normal depende, também, de fatores hormonais, neurológicos, hemodinâmicos, psicosociais e culturais.

Normalmente a produção de urina obedece a um ritmo. Durante o dia, o volume urinário é de 2/3 e o noturno de 1/3, por exemplo, 1000ml de dia e 500 de noite. Após os 60 anos de idade o volume de urina diurno e noturno se equivalem (1:1). Quando esta relação se altera para mais durante a noite, é o caso da nictúria.

Como surge a noctúria?
A noctúria, que é o volume urinário normal durante a noite, pode ocorrer por várias causas:

1. Na insuficiência cardíaca congestiva, síndrome nefrótica, cirrose e desnutrição severa, há edema generalizado e por isso grande quantidade de líquido disponível no organismo. Nesses casos, pode haver um volume urinário aumentado durante a noite. O repouso por várias razões fisiológicas, mobiliza mais líquidos para o setor circulante e para o rim, facilitando a sua tarefa de produzir mais urina durante a noite;

2. No diabete melito, as altas taxas de açúcar sangüíneo, torna o paciente um grande bebedor de água e um grande eliminador de urina de dia e de noite. Com isto, evita que a concentração de açúcar no sangue (glicemia) se eleve demais.

3. No diabete insípido (sem açúcar), pela falta de um hormônio da hipófise - o hormônio antidiurético - o rim torna-se incapaz de concentrar a urina, obrigando-o a excretar grandes volumes de urina muito diluída. O volume urinário pode atingir até 10 litros/dia, durante o dia e a noite.

4. No diabete nefrogênico (sem açúcar), o rim se torna incapaz de concentrar a urina e por isso elimina grandes volumes de urina diluída. Nesta doença congênita, apesar de existir o hormônio antidiurético da hipófise, o rim é resistente ao seu efeito. A perda de urina é grande, mas diferente do diabete melito porque não tem açúcar.

5. No uso de diuréticos, antes de deitar, eles agem durante a noite, provocando uma maior diurese noturna.

6. No edema de várias causas, a água vai se acumulando no corpo durante o dia, principalmente nos membros inferiores, e mais nas pessoas que ficam muito tempo em pé e nos portadores de varizes. O líquido acumulado entra na circulação durante o repouso noturno e oferece mais líquidos para o rim eliminar.

7. Na insuficiência renal crônica, há produção de urina sempre clara, da mesma cor e com volume aumentado durante a noite. Essa informação é muito importante e corresponde à incapacidade do rim de concentrar a urina. Esse tipo de queixa é constante nos pacientes com insuficiência renal crônica e o médico só tem que comprová-la com os exames especiais para ver a capacidade funcional do rim (uréia e creatinina). O rim normal varia a cor da urina, conforme a necessidade de concentrá-la ou diluí-la.

Como se trata?
Cada uma das causas tem o seu tratamento específico e requer o diagnóstico e o acompanhamento médico.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

NEFROTOXIDADE

NEFROTOXIDADE

O que é?

A nefrotoxicidade é ocasionada por determinadas substâncias que podem gerar danos nos rins ao nível glomerular, tubular, intersticial e vascular. O rim tem características que o tornam vulneráveis a essas substâncias.

Que subtâncias?
Antibióticos, antiinflamatórios não esteróides (AINEs), anti-hipertensivos da classe inibidores da enzima conversora da angiotensina (captopril, enalapril...) e contrastes radiológicos, dentre outras.

Como elas atuam?

Elas podem causar lesão pela diminuição do fluxo sanguíneo renal, interagindo diretamente com a membrana celular ou através da geração de toxinas intracelulares. Assim, podemos evidenciar diminuição da filtração glomerular, proteinúria, alterações hidro-eletrolíticas, alterações do equilíbrio ácido-básico ou mecanismos de concentração urinária.

Isso é comum?
Ultimamente a insuficiência renal aguda (IRA), em decorrência de substâncias nefrotóxicas ao nível hospitalar, tem aumentado muito pela maior utilização dessas substâncias.

Que informações devo saber sobre os antibióticos?
A IRA por aminoglicosídeo (neomicina, gentamicina, tobramicina, amicacina, netilmicina) pode ter incidência de cerca de 20%, podendo atingir até 50% com tratamento prolongado. Geralmente, o aumento da creatinina ocorre nas fases finais do tratamento ou mesmo após seu término. A recuperação da função renal geralmente ocorre após a interrupção da droga, contudo, se o paciente já tem insuficiência renal, o quadro pode necessitar, inclusive, de diálise. A dose do antibiótico, bem como o número de administrações ao longo do dia, desidratação, ( perda) de sódio e potássio, idade avançada, obesidade, uso de diuréticos e outras drogas nefrotóxicas concomitantes podem potencializar o efeito nefrotóxico.

Os mecanismos através dos quais os aminoglicosídeos provocam lesão renal têm relação com a produção excessiva de radicais livres de oxigênio e a diminuição da ultrafiltração glomerular, dentre outros. Experimentos com animais que receberam aminoglicosídeos evidenciaram necrose tubular aguda tipo isquêmica. A forma clínica mais comum é a IRA aguda não-oligúrica (secreção urinária suficiente) ao final da primeira semana de tratamento. Penicilinas: os clássicos achados de febre, reação cutânea e eosinofilia (coloração rósea) ocorre em somente 1/3 dos casos de nefrite intersticial aguda (NIA).

A lesão renal pelas cefalosporinas (antibiótico), geralmente, é um quadro de necrose tubular aguda (NTA). As cefalosporinas de terceira e quarta gerações têm potencial nefrotóxico muito baixo. A Rifampicina (antibiótico)pode ocasionar NIA. A Sulfadiazina (antibiótico) pode causar IRA por precipitação intratubular ou formação de cálculos. NIA também pode ocorrer.

A vancomicina (antibiótico) tem uma incidência de nefrotoxicidade de cerca de 5%. A anfotericina (antibiótico) B ocasiona nefrotoxicidade, dependendo da dose. Ela provoca diminuição do fluxo plasmático renal e a conseqüente diminuição da filtração glomerular. Geralmente, há aumento progressivo da creatinina com manutenção do volume urinário. Ocorre também lesão tubular direta com perda tubular de potássio, magnésio, acidose tubular e perda da capacidade de concentração urinária.

Pode-se tentar prevenir essa lesão com utilização de teofilina (broncodilatador/diurético), bloqueadores dos canais de cálcio e hidratação. Inibidores da protease (Indinavir) ocasionam precipitação intra-renal com formação de cristais que podem apresentar clínica de litíase renal. Deve-se orientar hidratação.

Que informações devo saber sobre antiinflamátorios (AINEs)?
A ação dos AINEs ocasiona inibição de determinadas substâncias (prostaglandinas). Contudo, nos rins essas prostaglandinas têm o efeito de aumentar a circulação nas arteríolas, aumentando a filtração glomerular. Como os AINEs inibem essas substâncias, a função renal tende a piorar em situações especiais. Assim, pode-se observar diminuição do volume de urina, leve aumento do peso e diminuição da função renal, que em determinadas pessoas (particularmente quem já apresenta disfunção renal prévia – sobretudo pessoas idosas -) pode evoluir para IRA grave. Neste caso, deve-se interromper imediatamente o antiinflamatório.

O que é nefropatia por contrastes?

Os contrastes são substâncias atualmente muito utilizadas na Radiologia para auxiliar nos diagnósticos por imagens (tomografias computadorizadas, angiografias...). Essas substâncias são aplicadas por via endovenosa, e podem ocasionar diminuição da função renal em pessoas que já apresentavam insuficiência renal, bem como em diabéticos e idosos. Pessoas que apresentam insuficiência cardíaca, insuficiência hepática, desidratação, ou que necessitarão vários exames com contrastes, também apresentam risco de IRA.

A ação nefrotóxica do contraste é múltipla: lesão direta nos túbulos renais e diminuição no fluxo de sangue nas arteríolas renais, dentre outros. A deterioração da função renal ocorre cerca de 2 dias após o exame, retornando ao normal após cerca de 2 semanas, conforme o tratamento. É fundamental prevenir tal nefropatia nos pacientes de risco citados acima, através de hidratação endovenosa antes e após o exame.

Medicações para hipertensão também podem causar IRA?

Os anti-hipertensivos, sabidamente, são adjuvantes no sentido de proteção da função renal. As classes de anti-hipertensivos chamadas inibidores da enzima de conversão da angiotensina (IECA) e bloqueadores dos receptores AT1 da angiotensina ll (BRAll), que reconhecidamente têm potencial de prevenção da insuficiência renal, paradoxalmente, também podem, em situações especiais, causar IRA. Isso ocorreria em pessoas com estreitamento das artérias que irrigam os rins, idosos, insuficiência cardíaca congestiva grave, desidratação e/ou perda de volume (hemorragias), dentre outras. O que ocorre é que a ação benéfica dessas classes acaba por descompensar o mecanismo de auto-regulação intra-renal necessário naquelas situações especiais. Daí a importância dos pacientes não iniciarem ou alterarem a dosagem dos anti-hipertensivos por conta, pois essas medicações requerem periódicas monitorizações laboratoriais. A suspensão da droga geralmente reverte o quadro de IRA.

O Lítio pode causar nefropatia?
O Lítio é uma medicação muito usada pelos psiquiatras no tratamento do distúrbio bipolar ( mania- depressão). Contudo, quando utilizado por muito tempo pode levar a danos no filtro renal, com perda de proteínas na urina e inchaço ( edema ) nas pernas.

O Lítio também pode causar urina extremamente ácida, e não conseguir concentrar a urina, levando o paciente a urinar muitas vezes durante o dia. Cerca de 20% dos pacientes que o usam por longo tempo (anos) podem ter sua função renal lentamente diminuída, podendo atingir uma perda de até 50% da função renal.

O chumbo causa nefropatia?
Pessoas que têm contato com este metal,como pintores ( algumas tintas contêm chumbo) e profissionais com exposição acentuada no trabalho com baterias, ou que trabalham em postos com combustível contendo chumbo, podem apresentar alterações renais caso as concentrações de chumbo no organismo estejam elevadas. O chumbo se acumula nos túbulos renais provocando um processo inflamatório e lesando o rim.

Que outras medicações podem causar IRA?
Drogas imunossupressoras para transplantes como a ciclosporina e o tacrolimus; medicações para neoplasias como interleucina, ciaplatina, metotrexate e o interferon, que também é utilizado no tratamento das hepatites B e C.

Animais também podem causar IRA?
Algumas espécies de serpentes como a Jararaca e cascavel podem acarretar IRA geralmente por NTA. Acidentes com determinadas vespas, abelhas, aranhas e lagartas também podem ocasionar insuficiência renal.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

NEFRITE

NEFRITE

Sinônimo: Glomerulonefrite

O que é?

A nefrite é o resultado de um processo inflamatório difuso dos glomérulos renais tendo por base um fenômeno imunológico. É responsável por 50% das doenças renais. O fenômeno imunológico responsável pela nefrite ocorre quando uma substância estranha (antígeno) entra na circulação e é levada aos setores de defesa do nosso corpo. O organismo, para se defender do antígeno agressor, produz um anticorpo. A reunião do antígeno com o anticorpo forma um complexo solúvel antígeno-anticorpo que, circulando pelo organismo, pode se depositar nos tecidos, criando as lesões inflamatórias. Quando o glomérulo é o tecido atingido, a lesão inflamatória chama-se glomerulonefrite.

As lesões inflamatórias do rim podem ser mínimas ou de tal intensidade que esclerosem totalmente o glomérulo. Quanto maiores as lesões, maiores serão as manifestações clínicas e laboratoriais da doença.

Como se apresenta a nefrite?

A nefrite se apresenta na forma aguda ou crônica.

Na nefrite aguda ocorre sangue e albumina (proteinúria) na urina e edema por todo o corpo, mais hipertensão arterial. Após seis meses de evolução da forma aguda, temos certeza que a nefrite cronificou; continuaremos encontrando albumina e sangue na urina e, eventualmente, hipertensão.

Nas crianças, as nefrites agudas curam em 90-95% dos casos, nos adultos, as nefrites curam somente em 50% dos casos e o restante delas cronifica. A destruição do glomérulo pode ser lenta ou rapidamente progressiva. A cronificação lenta pode levar muitos anos, até décadas, para destruir totalmente o rim.

Causas das nefrites
As causas mais comuns de glomerulonefrites são de origem infecciosa. As infecciosas são as provocadas por qualquer microorganismo (malária, tifo, salmonela, toxoplasmose, herpes e outros vírus e bactérias) que forme o complexo antígeno-anticorpo e o precipite no rim. Há também causas não infecciosas, as quais são provocadas por doenças de vários órgãos ou por medicamentos como lítio, ouro, captopril, que liberam antígenos e desencadeiam o mecanismo imunológico que leva à nefrite. Os pacientes transplantados que eram portadores de doença crônica nefrítica também podem refazer a doença no rim do doador.

Como se faz o diagnóstico?
Quando uma pessoa relata ao médico que sua urina está diminuída ou diminuindo e de cor sanguinolenta, apresenta edema nos olhos e/ou nas pernas e surgiu hipertensão, o médico começa a suspeitar que o paciente está com uma glomerulonefrite. Cabe a ele descobrir se a causa é infecciosa ou não. Os exames laboratoriais confirmam o sangue na urina (hematúria) e a proteinúria.

Na fase aguda da doença, os dados clínicos e laboratoriais são evidentes e convincentes. Na fase crônica, podem manifestar-se fracamente, mas em alguns casos, já pode haver sinais clínicos e laboratoriais da insuficiência renal crônica de grau variado. Muitas vezes somente a biopsia renal pode nos afirmar que a doença é realmente uma glomerulonefrite e nos confirmar seu estágio.

Tratamento
As nefrites agudas, que ocorrem após a infecção bacteriana, requerem somente repouso e cuidados com o excesso de água e sal. Se a infecção ainda está presente, o antibiótico adequado deve ser usado.

Passada a fase aguda, devemos tratar o processo inflamatório e reduzir a formação do complexo antígeno-anticorpo que lesa o rim. Isso é feito pelos anti-inflamatórios esteróides e não esteróides e imunossupressores. Quando já há lesões crônicas, o tratamento é o de sustentação e impedimento do avanço das lesões. Os médicos nefrologistas têm orientação terapêutica adequada para as glomerulonefrites agudas e crônicas.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

INTRODUÇÃO ÀS DOENÇAS RENAIS

INTRODUÇÃO ÀS DOENÇAS RENAIS
O ser humano possui dois rins que têm cor vermelho-escuro e forma de um grão de feijão. Em uma pessoa adulta os rins medem 12cm cada um e pesam 130 a 170g cada um. Localizam-se nas costas um de cada lado da coluna e são protegidos pelas últimas costelas.

Passam pelo rim aproximadamente 1.200 a 2.000 litros de sangue por dia que chegam através das artérias renais. No interior dos rins, as artérias dividem-se em vasos, cada vez menores, até formarem um enovelado de vasos muito finos que constituem o glomérulo. O glomérulo é o verdadeiro filtro do rim, por onde o sangue passa e é filtrado, eliminando todas as substâncias indesejáveis através da urina. Existem aproximadamente um milhão de glomérulos em cada rim.

A urina é formada pela eliminação da água desnecessária, dos sais e outros produtos que não devem ser acumulados no nosso sangue. A quantidade diária de urina formada a partir de 1.200 a 2.000 litros de sangue que passam pelo filtro renal, é da ordem de 1,2 a 1,5 litros de urina por dia. Partindo do rim, a urina inicia a sua caminhada para o exterior, descendo pelo ureter, chegando à bexiga e saindo pela uretra. Na urina é eliminado diariamente, além da água, sódio, cálcio, fósforo, uréia, ácido úrico e inúmeros outros produtos do catabolismo do nosso organismo. O trabalho metabólico aproveita o que serve para o organismo e rejeita o que não deve ser assimilado (produto catabólico) e envia ao rim para ser eliminado por ser desnecessário.

Para que servem os rins?
Entre as muitas funções do rim salientam-se as seguintes:

1. O rim é responsável pela eliminação dos resíduos tóxicos produzidos pelo nosso organismo como a uréia e o ácido úrico. É a sua função de filtração, de limpeza ou de depuração.
2. O rim controla o volume dos líquidos, portanto qualquer excesso de água no corpo é eliminado pela urina; é o chamado efeito diurético.
3. O rim exerce controle sobre os sais de nosso corpo, eliminando os seus excessos ou poupando-os nas situações de carência.
4. A partir do controle do volume (líquidos) e dos sais, ele exerce grande influência sobre a pressão arterial e venosa do nosso organismo.
5. O rim produz e secreta hormônios: a eritropoetina, a vitamina D e a renina. A eritropoetina interfere na produção dos glóbulos vermelhos e a sua falta pode levar a uma anemia de difícil tratamento. A vitamina D, calciferol, controla a absorção intestinal de cálcio. E a renina, junto com a aldosterona, controla o volume dos líquidos e a pressão arterial de nosso organismo.

Como se reconhece que o rim está doente?
O rim pode ser atingido por doença de origem imunológica, inflamatória, infecciosa, neoplásica, degenerativa, congênita e hereditária.

A primeira atitude da pessoa é observar a urina, seu volume, sua cor, seu cheiro e a maneira como é eliminada (jato). O volume de urina pode estar aumentado ou diminuído. Grandes volumes diários de três a quatro litros ocorrem na diabete e podem ser a manifestação inicial de outras doenças renais. A cor pode se manifestar turva, esbranquiçada ou sanguinolenta.

O ato de urinar pode ter alterações como dor, ardência, urgência, ou urinar em pequenas quantidades em inúmeras micções diurnas ou noturnas. Pode ocorrer também a presença de inchaço nos pés, mãos e olhos. Quando o rim está inflamado, infectado ou aumentado por tumor ou obstrução ocorre dor nas costas ou flancos. Um dos sintomas iniciais de doença renal pode ser a presença freqüente de micção noturna, ou seja, a pessoa é acordada durante a noite porque está com vontade de urinar.

Quando há cálculos a dor é aguda, intensa e em cólica. Os principais fatores de risco para doença renal são: hipertensão (pressão alta), diabetes, idade acima de 60 anos, estória de doença renal na família e presença de doença cardíaca ou cardiovascular. Outros sintomas que não são específicos de doença renal, mas que podem aparecer em estágios mais avançados da doença renal crônica, quando já ocorre redução importante da função renal são: cansaço e fraqueza por anemia, falta de apetite, náuseas e vômitos.

Outros sinais que podem aparecer são a pele pálida e seca, sinais de anemia, e aumento da pressão arterial.

Caso haja suspeita que a pessoa tenha doença renal os exames iniciais são o exame de urina e a dosagem da creatinina no sangue. O exame de urina pode evidenciar perda de proteína, glicose, sangue, pus e bactérias. A creatinina é uma substância que existe no sangue e constitui um produto do metabolismo muscular, sendo razoavelmente constante. Suas taxas variam de acordo com a massa muscular do indivíduo. Quando ocorre aumento nas taxas de creatinina significa que há uma diminuição da capacidade de filtração dos rins. Outro exame simpels que pode ser realizado é a ecografia dos rins ou do abdome que pode demonstrar a presença de cálculos, sinais de obstrução das vias urinárias, alterações na forma e tamanho do rim.

As principais doenças do rim e suas características mais comuns


Nefrite

Caracteriza-se pela presença de albumina e sangue na urina, edema e hipertensão.
Infecção Urinária

O paciente se queixa de dor, ardência e urgência para urinar. O volume urinado torna-se pequeno e freqüente, tanto de dia como de noite. A urina é turva e mal cheirosa podendo surgir sangue no final da micção. Nos casos em que a infecção atingiu o rim, surge febre, dor lombar e calafrios, além de ardência e urgência para urinar.

Cálculo Renal

A cólica renal, com dor no flanco e costas é muito característica, quase sempre com sangue na urina e em certos casos pode haver eliminação de pedras.

Obstrução Urinária

Ocorre quando há um impedimento da passagem da urina pelos canais urinários, por cálculos, aumento da próstata, tumores, estenoses de ureter e uretra. A ausência ou pequeno volume da urina é a queixa característica da obstrução urinária.

Insuficiência Renal Aguda

É causada por uma agressão repentina ao rim, por falta de sangue ou pressão para formar urina ou obstrução aguda da via urinária. A principal característica é a total ou parcial ausência de urina.

Insuficiência Renal Crônica

Surge quando o rim sofre a ação de uma doença que deteriora irreversivelmente a função renal, apresentando-se com retenção de uréia, anemia, hipertensão arterial, entre outros.

Tumores Renais

O rim pode ser acometido de tumores benignos e malignos. E as queixas são de massas palpáveis no abdômen, dor, sangue na urina e obstrução urinária.

Doenças Multissistêmicas

O rim pode se ver afetado por doenças reumáticas, diabete, gota, colagenoses e doenças imunológicas. Podem surgir alterações urinárias em doenças do tipo nefrite, geralmente com a presença de sangue e albumina na urina.

Doenças Congênitas e Hereditárias

Um exemplo dessas doenças é a presença de múltiplos cistos no rim (rim policístico).

Nefropatias Tóxicas

Causadas por tóxicos, agentes físicos, químicos e drogas. Caracterizam-se por manifestações nefríticas e insuficiência funcional do rim

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA

INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA

O que é?

A insuficiência renal crônica (IRC) é o resultado das lesões renais irreversíveis e progressivas provocadas por doenças que tornam o rim incapaz de realizar as suas funções.

O ritmo de progressão depende da doença original e de causas agravantes, como hipertensão, infecção urinária, nefrite, gota e diabete. Muitas vezes a destruição renal progride pelo desconhecimento e descuido dos portadores das doenças renais.

Em cada 5.000 pessoas uma adoece dos rins por vários tipos de doenças. Quando o rim adoece, ele não consegue realizar as tarefas para as quais foi programado, tornando-se insuficiente.

Geralmente, quando surge uma doença renal, ela ocorre nos dois rins, raramente atingindo um só. Quando o rim adoece por uma causa crônica e progressiva, a perda da função renal pode ser lenta e prolongada. Por isso, o acompanhamento médico das doenças renais é importante para prolongar o bom funcionamento do rim por muito tempo, mesmo com certos graus de insuficiência.

O rim pode perder 25%, 50% e até 75% das suas capacidades funcionais, sem causar maiores danos ao paciente. Mas, quando a perda é maior do que 75%, começam a surgir problemas de saúde devido às alterações funcionais graves e progressivas. Os exames laboratoriais tornam-se muito alterados.

As principais doenças que tornam o rim incapaz ou insuficiente são:
- Hipertensão arterial severa
- Diabetes
- Infecção dos rins
- Nefrites
- Doenças hereditárias (rim com cistos)
- Pedras nos rins (cálculos)
- Obstruções

Como se reconhece a doença crônica renal?
São facilmente identificáveis os problemas clínicos que a insuficiência renal traz às pessoas:
- Hipertensão arterial, de moderada a severa
- Anemia severa que não responde ao tratamento com sulfato ferroso
- Edema por todo o corpo, aumentando o peso
- Pele pálida (cor de palha)
- Fraqueza, cansaço, emagrecimento, coceira no corpo, falta de apetite Náuseas e vômitos
- Cheiro desagradável na boca, pelo aumento da uréia no sangue
- Piora da hipertensão arterial
- Aumento do volume de urina sempre muito clara (nunca mudando de cor)
- Necessidade freqüente de urinar, com tendência de maior volume à noite
- Nas mulheres, alterações menstruais e abortamento fácil

Como se previne?
A melhor maneira de retardar a fase final da IRC é seguir todas as recomendações médicas e evitar os fatores agravantes da lesão renal, que são:
- Reagudização das glomerulonefrites e dos processos inflamatórios do rim
- Infecções urinárias agudas e crônicas
- Agravamento e descontrole da hipertensão arterial
- Dietas inadequadas (sal, proteína, água e potássio)
- Diabete descompensado
- Uso indiscriminado de corticóides e antinflamatórios
- Obstruções das vias urinárias (próstata, cálculos, tumores)

Como se trata?
A permanência no estágio crônico pode ser breve ou longa, dependendo do tipo de doença que afeta o rim, dos cuidados e orientações recebidos.

Nas fases iniciais da IRC diminuir proteínas, sal e alimentos que contenham fósforo é fundamental no tratamento dietético. Remédios para reduzir a perda de albumina na urina ajudam a preservar a função renal. O controle adequado da pressão arterial em quem tem pressão alta e do diabetes também são aspectos muito importantes no tratamento.

Se a doença continuar destruindo o rim até atingir 90% de sua atividade, os 10% restantes muito pouco poderão fazer para manter a saúde do paciente. Nesse momento, a dieta, os diuréticos, os anti-hipertensivos e outros medicamentos ajudam muito pouco. Torna-se necessário o uso da diálise e/ou o transplante renal.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA

INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA (IRA)

O que é?

A IRA é a supressão abrupta da função renal em conseqüência de alterações renais agudas, caracterizada pela oligúria (volume urinário menor que 20ml/h) ou anúria (ausência de urina).

Há três tipos de IRA dependendo do local onde se dão as alterações agudas: antes do rim, no rim e depois do rim: pré-renal, renal ou pós-renal.

Pré-renal:


É uma alteração que ocorre antes do rim, levando à insuficiência funcional ou lesão orgânica. Ocorre por insuficiência circulatória aguda, por falta de líquidos (hipovolemia), por desidratação grave ou perda de sangue. Pode ocorrer, também, por queda da pressão arterial do sangue circulante. Quando a pressão arterial cai a menos de 90mmHg o sangue tem pouca pressão para filtrar e por isso se torna insuficiente. As situações mais comuns de hipotensão são o choque hemorrágico, traumático ou infeccioso (bactérias).

Renal:

É a lesão que atinge agudamente o rim seja por tóxicos (químico ou medicamentoso), seja por inflamações (nefrites) ou por morte de células do rim (necrose do glomérulo ou do túbulo renal).

Pós-renal:

É a que ocorre por obstrução das vias urinárias, impedindo a passagem da urina pela via urinária. A obstrução pode ocorrer em qualquer parte da via urinária: pelve renal, ureter, bexiga ou uretra.


Como se reconhece?

O paciente está com IRA quando urinar menos do que 400 ml de urina por 24 horas.

A evolução da IRA ocorre em três fases:

1. A fase inicial é o período durante o qual se dá a instalação da doença desencadeada pela causa provocadora. Ela pode passar desapercebida pelo paciente e pelo médico, que preocupados com a doença causadora, esquecem de observar a produção de urina. O principal achado médico na IRA é a pequena produção de urina.

2. A segunda fase é a de notória escassez ou ausência de urina, que dura de 8 a12 dias. A urina dessa fase além de ser de pequeno volume, não contribui para eliminação das toxinas ("lixo" metabólico) que se acumulam no sangue (uréia, potássio, acidose). Quando os tóxicos se acumulam no sangue causam transtornos clínicos importantes conhecidos por uremia. O paciente urêmico apresenta-se com náuseas, vômitos, hipertensão, edema, contrações musculares, alterações da consciência e pode atingir o coma. Essa é a fase na qual ocorre a maioria das mortes por coma urêmico, insuficiência cardíaca congestiva, hiperpotassemia, acidose metabólica e infecções respiratórias importantes.

3. A terceira fase é a da recuperação, com o paciente voltando ao normal se houver melhora progressiva da função renal. O volume urinário e a eliminação das toxinas acumuladas vão aumentando e começa a ocorrer recuperação da função renal. O quadro clínico tem melhoras evidentes. Essa fase pode durar de 7 a 14 dias.

Como se previne e trata?
Em primeiro lugar a insuficiência renal aguda deve ser evitada para que as lesões renais não se tornem irreversíveis. Há um pequeno período em que as alterações que atingiram o rim são ainda reversíveis. Chama-se esse período de IRA reversível ou funcional, pois ainda há tempo de impedir que as lesões se tornem irreversíveis. Assim, faltando água, plasma ou sangue, devemos repor as carências. Se houver hipotensão, devemos normalizar a pressão arterial. Se houver substâncias tóxicas, devemos retirá-las da circulação sangüínea.

Se a fase reversível for ultrapassada e as toxinas forem se acumulando no organismo, somente os métodos artificiais de limpeza do sangue poderão resolver. Trata-se do método de diálise: hemodiálise ou diálise peritoneal. Torna-se obrigatória a utilização de métodos dialíticos. A sobrecarga de volume, o potássio elevado, a acidose metabólica, a pericardite e a uremia aumentam a mortalidade dos pacientes se esses não forem dialisados.

Nos pacientes em que a causa da IRA for pós-renal, devemos corrigir a causa da obstrução, retirando cálculos, tumores ou estreitamentos que levaram à dificuldade de trânsito da urina.

A ausência completa de urina pode surgir nas seguintes situações: oclusão bilateral das artérias e veias renais, obstrução completa da uretra e ureteres, necrose cortical renal e glomerulonefrite rapidamente progressiva.

sábado, 11 de setembro de 2010

INSUFICIÊNCIA RENAL

INSUFICIÊNCIA RENAL (IR)

Para manter estável o meio interno do organismo, o rim, através de suas funções:
- Remove as substâncias indesejáveis do nosso corpo filtrando uréia e ácido úrico.
- Reabsorve a albumina e sais desejáveis como o sódio, potássio, cálcio.
- Excreta substâncias desnecessárias como o fósforo e o hidrogênio.
- Secreta hormônios para o controle do volume, da pressão arterial, do cálcio e fósforo e da formação de hemácias.

Há algumas situações que lesam o rim agudamente, outras levam anos para o dano tornar-se aparente. As doenças que lesam as diferentes estruturas dos rins são, entre outras, as nefrites, o diabete, a hipertensão arterial, infecções urinárias, obstruções das vias urinárias e as hereditárias.

A insuficiência renal é um diagnóstico que expressa uma perda maior ou menor da função renal. Qualquer desvio funcional, de qualquer uma das funções renais, caracteriza um estado de insuficiência renal. Mas, somente a análise dessas funções nos permite afirmar que há perda da capacidade renal e estabelecer níveis de insuficiência renal. Nenhuma prova isolada é suficientemente exata ou fiel para avaliar a função renal, por isso, devem ser feitas várias provas, analisando a filtração, a reabsorção, a excreção e a secreção renal.

INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA (IRA)
A falta abrupta e intensa de água (desidratação severa), a perda repentina de sangue (hemorragias) ou do plasma (queimaduras) faz com que não haja formação de urina (anúria) ou somente de pequenas quantidades de urina por dia (oligúria).

A perda de água, sangue ou plasma são as principais causas de insuficiência renal aguda (IRA), provocadas por falta de volume do líquido circulante.

A queda de pressão arterial por diversos fatores, como falta de líquidos, doenças do coração (infarto) e substâncias ou medicamentos que baixem a pressão, podem diminuir a força de filtração e a urina não se forma.

Pode ocorrer também que substâncias tóxicas ingeridas ou injetadas destruam parte do rim e suas funções sejam alteradas agudamente. Outra situação comum que resulta em IRA é a obstrução das vias urinárias. A urina é formada, mas é impedida de sair, e em conseqüência surge anúria ou oligúria.

INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA (IRC)
Muitas doenças renais são irremediavelmente progressivas. Quanto mais elas progridem ou se agravam, mais danos causam ao rim. As lesões perturbam a funcionalidade do rim, provocando a insuficiência renal crônica pela perda irreversível de suas funções.

A suspeita de IRC é caracterizada pela presença de doenças renais e suas manifestações. A insuficiência renal é comprovada através de exames laboratoriais. Dosagens elevadas de uréia, ácido úrico e creatinina no sangue ocorrem por defeito crônico de filtração do rim doente.

Na urina, a densidade urinária é sempre baixa mostrando a incapacidade do rim em concentrar a urina. Por isso, os pacientes com insuficiência renal crônica nos informam que sua urina é sempre clara e que nunca muda de cor.

Em todos os casos de insuficiência renal crônica, encontra-se uma anemia de difícil tratamento, que só responde com o uso de eritropoetina, um hormônio secretado pelo rim. Quando há doença renal crônica, o rim perde a capacidade de produzir esse hormônio.

Outros dados clínicos mostram a incapacidade do rim de eliminar substâncias tóxicas e excretar o pigmento amarelo que tinge a pele. Por isso, a pele do renal crônico é pálida e amarelada. Quando a lesão renal é superior a 50% da massa renal, surge hipertensão arterial.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

INFECÇÃO URINÁRIA EM CRIANÇAS

INFECÇÃO URINÁRIA EM CRIANÇAS

Um sério problema que os pediatras enfrentam no seu dia a dia é a infecção urinária (IU), pois ela é a mais freqüente infecção em crianças após a respiratória. Nas crianças com febre, sem causa aparente, a infecção urinária pode ser encontrada num percentual de 7 a 8%. Já nas emergências pediátricas febris e com sintomas digestivos, o índice de infecção pode chegar a 18%.

Nos primeiros 6 meses de vida, a IU ocorre mais nos meninos devido ao maior número de malformações congênitas do trato urinário. Depois do primeiro ano de vida, o predomínio da IU ocorre nas meninas. A incidência de IU nas meninas é da ordem de 3 a 5% e de 1 a 2% nos meninos.

O que é?
A IU é definida pela presença de microorganismos na urina em qualquer parte do aparelho urinário. A identificação do microorganismo causador da IU é fundamental para o diagnóstico e o tratamento adequado.

Tanto nos meninos como nas meninas, o agente mais comum é a Escherichia coli, bactéria da flora intestinal, responsável por 80% a 95% dos casos de IU. Segue-se, em ordem de freqüência, estafilococo, proteus e klebisiela. Mas o trato urinário, também, pode ser atacado por vírus (adenovírus), fungos, bacilo da tuberculose.

A principal via de contaminação do trato urinário é a ascendente. A partir da flora bacteriana da região perianal, é que se dá a contaminação urinária. Somente em infecções generalizadas (septicemia) pode ocorrer que a via sangüínea seja a fonte de infecção urinária, mas isto é excepcional.

O que se sente?
Na maioria das vezes, a IU em crianças apresenta sintomas urinários iguais aos dos adultos: ardência, urgência e freqüência urinária aumentada. Mas, em muitos casos, podem surgir sintomas diferentes e a criança apresentar-se irrequieta, irritadiça, sem fome e emagrecer. Fica com medo de urinar. Algumas vezes, ocorrem sintomas digestivos com dor abdominal, náuseas, vômitos, diarréia, febre e até icterícia (amareläo). Raramente, a IU em crianças é sem sintomas, mas quando isto acontece o diagnóstico fica mais difícil de ser feito.

Como se faz o diagnóstico?
Quando as queixas urinárias são sugestivas, a confirmação do diagnóstico de IU se faz pela presença de leucócitos, sangue e bactérias no exame de urina e bactérias na urocultura. Para encontrar as bactérias na urina é necessário coletar uma urina representativa. Porém, a coleta em crianças menores de 5 anos é difícil de ser feita. Cuidados extremos devem ser adotadas para evitar a contaminação que pode prejudicar o diagnóstico de infecção urinária.

Há quatro métodos de coleta da urina que podem ser usados com crianças: jato médio, saco coletor, sondagem (cateter) e punção suprapúbica.

O jato médio e o saco coletor são de mais fácil contaminação. A sondagem é um método invasivo que pode levar bactérias para o interior da bexiga, restando a punção suprapúbica como o padrão ouro para a coleta de urina na urocultura em crianças menores.

Após os 5-6 anos, a criança já é mais cooperativa e o jato médio passa a ser mais utilizado, deixando-se a punção para os casos de dúvida. Colher uma urina confiável é fundamental, porque a presença ou ausência de bactérias faz o diagnóstico.

Em crianças, a ecografia do aparelho urinário é obrigatória após o primeiro episódio de infecção urinária. Com esse exame, procura-se afastar os fatores predisponentes congênitos e adquiridos e, principalmente, os obstrutivos. É importante que se determine se há malformações e alterações da estrutura funcional do aparelho urinário. Para isso, deve-se realizar os estudos necessários, sejam eles radiológicos, ecográficos e/ou cintilográficos.

Em 30-45% das crianças com pielonefrite, foi encontrado refluxo vésico ureteral devido a algum defeito congênito ou adquirido, que resulta em uma válvula uretero-vesical, incapaz de impedir o refluxo da urina da bexiga para o rim.

Como se trata?
A IU nas crianças deve ser tratada precoce e intensamente visando à erradicação do processo infeccioso. Quanto mais precoce, menos cicatrizes e defeitos estruturais vão ocorrer.

Além do tratamento por antibióticos, a ingestão de líquidos deve ser abundante, cuidando que as micções sejam sempre as mais completas possíveis. Geralmente, o tratamento é feito em casa, mas crianças debilitadas e com outros problemas médicos devem ser hospitalizadas para tratamento. Na infecção repetitiva e/ou com malformação estrutural, principalmente as crianças com refluxo vésico ureteral, pode ser necessário tratamentos com medicação antiinfecciosa por longos períodos.

Em relação aos meninos, a literatura médica mostra que os não circuncidados apresentam maior probabilidade de infecção urinária, (10 a 20 vezes mais). Isso não é uma indicação generalizada, mas deve ser discutida com o seu médico pediatra, principalmente se o menino já teve alguma IU e não apresenta outras alterações anatômicas.

Evolução
As infecções urinárias não complicadas têm uma evolução boa. As dificuldades de tratamento e evolução ocorrem mais nas infecções urinárias complicadas por fatores obstrutivos, doenças neurológicas (bexiga neurogênica) e no refluxo vésico ureteral.

Numa revisão de crianças que tiveram infecção urinária, 27 anos após a IU, 23% delas eram hipertensas, 10% tinham insuficiência renal crônica, 7% eram transplantadas e 3% estavam em diálise. Portanto, 43% das crianças evoluíram com uma ou mais alterações renais importantes.

Devido aos problemas futuros, deve-se fazer o diagnóstico precoce e tratamento adequado em todos os casos de infecção urinária em crianças

Glossário:

septicemia:
infecção generalizada, provocada por microorganismos.

icterícia:
coloração amarela do corpo devido à presença anormal de bilirrubinas.

vesical: referente à bexiga.

suprapúbica: região acima do púbis.

cintilografia: exame de imagem que permite ver um tecido ou órgão, na presença de uma substância radioativa.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

INFECÇÃO URINÁRIA E GRAVIDEZ

INFECÇÃO URINÁRIA E GRAVIDEZ
Na gestação, a infecção urinária (IU) se reveste de grande importância e interesse em razão de sua elevada incidência nesse período especial da vida da mulher. É a terceira intercorrência clínica mais comum na gestação, acometendo de 10 a 12% das grávidas. A maioria destas infecções ocorre no primeiro trimestre da gravidez, 9% sob a forma de infecção urinária baixa (cistite) e 2% como infecção urinária alta (pielonefrite). A infecção urinária cria várias situações doentias e contribui para a mortalidade materno infantil.

Como ocorre?
As infecções urinárias são causadas por bactérias da flora intestinal que contaminam o trato urinário. As bactérias são encontradas na urina quando se rompe o equilíbrio entre a defesa do organismo e a sua virulência. Normalmente na gravidez, a urina é mais rica em nutrientes (açúcar e aminoácidos), o que propicia um meio de cultura mais rico, facilitando o crescimento das bactérias. Também ocorre, normalmente, na gravidez, uma dilatação do trato urinário, criando condições de estase urinária (urina parada) que favorece o crescimento bacteriano e a instalação da infecção urinária. O aumento do útero, ao ocupar mais espaço, pode obstruir parcialmente o ureter e criar condições de estase urinária. A estase é um mecanismo complicador e favorecedor de IU nas grávidas.

Quais são os sintomas?

Os sintomas surgem e se definem de acordo com o tipo de infecção que se estabeleceu no trato urinário da grávida.

Há quatro tipos de infecção, descritos a seguir:

1- Bacteriúria assintomática.
É definida como a presença de proliferação bacteriana na urina, em grávida que não apresenta sintomas ou queixas urinárias, provavelmente, porque não está ocorrendo lesão e agressão à mucosa do trato urinário. Na gravidez, a incidência de bacteriúria assintomática é da ordem de 4 a 7%. Nas grávidas diabéticas, a incidência é maior, em torno de 12 a 14%, e nas mulheres que já tiveram IU antes de engravidar, é de 18 a 20 %. É interessante observar que a metade (50%) das bacteriúrias assintomáticas se tornam sintomáticas até o final da gestação.

2- Infecção urinária baixa.
É também chamada de cistite. A contaminação e agressão bacteriana são restritas à bexiga. Caracteriza-se, principalmente por ardência ao urinar (disúria), urgência para urinar, freqüência aumentada (polaciúria), dor suprapúbica e, algumas vezes, sangue no término da micção ou no exame de urina.

3- Pielonefrite aguda.
É a infecção urinária que ocorre no rim, também chamada de infecção urinária alta. Caracteriza-se pela contaminação ascendente da uretra até o rim. Ocorre em aproximadamente 2% das grávidas, geralmente no último trimestre. Apresenta-se, clinicamente, com início abrupto ou súbito, comprometendo muito o estado geral da grávida com febre, calafrios, dor lombar intensa, náuseas e vômitos. A presença das toxinas liberadas pelas bactérias pode desencadear o trabalho de parto pelo aumento das contrações uterinas. Por esta razão, a pielonefrite aguda na grávida pode ser responsabilizada por abortamento, trabalho de parto prematuro, hipertensão arterial gestacional, óbito fetal e até mesmo morte materno fetal nos casos de infecção severas e generalizadas. A grande maioria das pielonefrites agudas ocorre depois das infecções bacterianas assintomáticas, daí a importância de se descobrir as IU assintomáticas, que podem redundar em pielonefrite.

4- Pielonefrite crônica
É a fase crônica das infecções renais anteriores que deixaram lesões ou cicatrizes nos rins. Geralmente, não apresentam sintomas, mas podem estar acompanhadas de hipertensão arterial. Com a gravidez, a hipertensão pode se tornar severa e piorar a função renal; com isto, o estado de saúde da mãe e do feto se alteram.

Como se faz o diagnóstico?

- A suspeita diagnóstica de IU se dá pelos sintomas de: micção freqüente, ardência, urgência, dor lombar, náuseas, vômitos, sangue na urina e febre.
- Para toda a gestante deve-se sempre solicitar de 3 em 3 meses exames de urina e urocultura. Com estes cuidados, procuramos descobrir as infecções urinárias assintomáticas e tratá-las precocemente.
- No exame comum de urina, o sedimento urinário apresenta um número aumentado de leucócitos, acompanhados de sangue e albumina na urina.
- Considera-se infecção urinária quando a cultura de urina é positiva, ou seja, com mais de 100.000 bactérias por mililitros de urina. A urina para cultura deve ser colhida pelo jato médio com técnica de antissepsia adequada. As grávidas principalmente no 3º trimestre contaminam a urina muito facilmente, por esta razão é importante que a coleta seja bem feita para evitar erros na interpretação da urocultura.
- O diagnóstico de lesões do rim na IU é feito pela ultra-sonografia (ecografia), que é uma investigação não invasiva e que permite a avaliação anatômica do rim, como malformações e tamanho renal, pode também, mostrar cálculos e obstruções. Poderá ocorrer que a paciente tenha sinais clínicos de IU, mas as uroculturas são negativas. Quando isto ocorrer deve-se procurar outras infecções, por outros microorganismos como Chlamydia, Herpes, Candida albicans, Tricomoníase e outros.

Como se faz o tratamento?
- Constatada a IU na grávida, ela deve ser imediatamente tratada para evitar complicações, como infecção generalizada, abortamento, parto prematuro, hipertensão gestacional e piora de anemia.
- O tratamento deve basear-se no antibiograma. O médico deve escolher antibióticos que não sejam prejudiciais ao feto e a medicação deve ser usada pelo menor tempo possível, mas num período suficiente para ter a segurança de um tratamento adequado e eficaz.

Como se faz a prevenção?
Nas gestantes que têm IU recorrente, pode-se usar medicações preventivas por um longo período. Recomenda-se uma ingestão abundante de líquidos e, nas micções, procurar sempre o esvaziamento completo da bexiga.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

INFECÇÃO URINÁRIA - Pielonefrite

INFECÇÃO URINÁRIA - PIELONEFRITE
Sinônimo: Infecção do rim, infecção urinária alta

O que é?

A pielonefrite é a infecção urinária que atingiu o rim. As bactérias ou microorganismos que entraram pela uretra passaram pela bexiga e se instalaram no rim. Nas mulheres, na maioria dos casos, isso ocorre pela contaminação e colonização perivaginal pela flora bacteriana fecal. O representante mais importante da flora bacteriana fecal é a Escherichia coli, responsável por 85-90% das infecções urinárias.

O que se sente?
Quando as bactérias atingem o rim, elas provocam no local um processo inflamatório e infeccioso. Como conseqüência imediata, o rim aumenta de tamanho, a região lombar se torna muito sensível a qualquer toque ou batida e a dor lombar ou no flanco torna-se constante.

A pielonefrite sempre é acompanhada de febre (> 37,5º C) e calafrios. A urina sai em pequenas quantidades, muitas vezes ao dia, sempre ardendo muito. Pode ocorrer gotejamento de sangue no final da micção. O paciente observa que a sua urina tornou-se mal cheirosa, turva e apresenta grumos (filamentos) no seu interior. Pode haver queixas digestivas, como náuseas, vômitos e anorexia. Desânimo, canseira e prostração podem ser importantes. No exame físico, o médico encontra febre, dor lombar a punho-percussão e, muitas vezes, dor à palpação abdominal.

Como se faz o diagnóstico?
O paciente que apresenta os sinais e sintomas, acima descritos, tem infecção urinária no rim. Para comprovar o diagnóstico, solicita-se um exame de urina e uma urocultura. O exame de urina apresenta sempre muitos leucócitos, eritrócitos e bactérias no sedimento urinário. Na urocultura, crescem germes em quantidades superiores a 100.000 por mililitro de urina. No hemograma, pode ter aumento dos leucócitos (leucocitose), e na hemossedimentação, o índice é muito elevado, mostrando a intensidade e gravidade da infecção urinária.

Em alguns casos, o paciente apresenta muita febre e intensos calafrios. Nesta situação, devemos afastar a possibilidade de invasão das bactérias na circulação sangüínea e, para encontrá-las, torna-se necessária uma coleta de sangue para realizar uma hemocultura. Com a hemocultura, além de identificarmos a bactéria que invadiu o sangue, podemos testar a sensibilidade aos antibióticos (antibiograma), permitindo, assim, um tratamento adequado da infecção sangüínea.

A ecografia ou o Rx simples de abdômen mostram o aumento do rim infectado e presença de possíveis lesões . Em certos casos, poderá ser necessária a urografia excretória e/ou cintilografia renal para verificar a existência e evolução das lesões renais.

Como se trata?
O tratamento é feito com o antibiótico sensível de acordo com o antibiograma realizado com as bactérias encontradas na urocultura. Em todos os casos de pielonefrite, além de tratar a infecção, deve-se pesquisar e tratar fatores complicadores que podem perpetuar ou impedir a melhora da infecção renal. Os fatores complicadores mais importantes são: cálculos, obstruções, estenoses congênitas ou adquiridas, refluxo vésico-ureteral, malformações congênitas, sondagens e cateteres.

Em alguns casos, o paciente com pielonefrite aguda requer tratamento hospitalar. Isto ocorre quando há infecção severa (septicemia), ou nos pacientes incapacitados ou incapazes de autocuidados ou que necessitem de administração de antibióticos endovenosos.

Como se previne?
No caso de pielonefrite aguda, é difícil para médico saber se o paciente é portador de uma infecção complicada ou não. Se for homem, é imperioso procurar as causas que possibilitaram a infecção, pois, sempre tem algum fator que contribuiu para o surgimento da pielonefrite.

No homem, as causas da pielonefrite, quase sempre, são obstrutivas. Na mulher, devem ser afastadas causas ginecológicas e, nos jovens, as doenças sexualmente transmissíveis.

Glossário

Leucócito:
glóbulo branco do sangue, participa dos processos de defesa do organismo.

Leucocitose: aumento do número de leucócitos no sangue.

Hemossedimentação: sedimentação de glóbulos vermelhos, realizada em tubos especiais durante uma hora.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

INFECÇÃO URINÁRIA: Cistite

INFECÇÃO URINÁRIA: CISTITE
Sinônimo: Infecção urinária baixa

Cistite é o nome que se dá para doenças inflamatórias e/ou infecciosas da bexiga. Por isso, é também chamada de infecção urinária baixa.

A cistite inflamatória sem infecção pode ter várias causas, como produtos químicos, medicamentos, doenças alérgicas, parasitárias, imunológicas e irradiação.

Neste artigo, vamos tratar somente da cistite infecciosa, que é causada principalmente por bactérias, mas também por fungos e vírus.

A cistite pode ser acompanhada de uretrite, prostatite e até pielonefrite (infecção urinária alta). A grande maioria das cistites não é complicada, porque não há obstruções, cálculos e malformações do trato urinário.

Incidência
A cistite é muito comum, ocorre em 3% das meninas e 1% dos meninos até os 10 anos de idade. Aproximadamente, 50% das mulheres farão cistite durante a sua vida. As mulheres em atividade sexual farão, no mínimo, um episódio de cistite a cada dois anos. A incidência de infecção urinária em homens é muito menor do que nas mulheres. Em média, ocorrem 5 a 8 casos de cistite por 10.000 homens, quase sempre resultantes de fatores obstrutivos (malformações, cálculos), diabetes mellitus e rim policístico.

Estudos já mostraram a importância social e econômica da cistite, pois, em média, o paciente tem sintomas durante seis dias, em três, há restrição de atividades e, ao menos em um, há necessidade de repouso.

Como se adquire?
As cistites mais freqüentes são causadas por germes da flora bacteriana oriundos do trato intestinal. Nas mulheres, as bactérias contaminam o intróito vaginal, possibilitando a entrada delas pela uretra e atingindo a bexiga. Aí localizadas, as bactérias entram em luta com as defesas do organismo e, se vencerem, surge a infecção urinária. Em algumas situações, nas pessoas sem defesa ou com fatores facilitadores, as bactérias podem avançar pelos ureteres até o rim, provocando pielonefrite (infecção urinária alta ou renal).

As mulheres, em atividade sexual freqüente, têm maior risco de invasão bacteriana na bexiga por terem a uretra curta. O uso de espermicidas, diafragma, chuveirinho e absorventes internos facilitam a contaminação da bexiga por bactérias da região peri-anal.

Os homens têm menos infecção urinária porque é mais difícil contaminar a uretra, por ser longa e não estar em contato com a região peri-anal. Outro fator que ajuda a evitar a infecção urinária, no homem, é que os fluidos prostáticos têm substâncias bactericidas.

O que se sente e como se manifesta?

Os pacientes com cistite queixam-se do aumento da freqüência das micções (polaciúria), da urgência miccional (micção imperiosa), de dor na bexiga (cistalgia), de ardência e dificuldade para urinar (disúria). A urina pode apresentar odor característico (mau cheiro) e raias de sangue. Desconforto geral, dores lombares baixas e irritação podem acompanhar o quadro. Febre geralmente não acompanha as cistites no adulto. A febre leve ou moderada pode estar presente nas crianças. Há situações em que o paciente tem germes na urina sem sintoma algum. É o que se chama de bacteriúria assintomática, bactérias na urina sem sintomas.

A cistite pode ser acompanhada de: uretrite, prostatite, vaginite e pielonefrite. A vaginite pode ser considerada quando houver corrimento, mau cheiro, prurido (coceira) e dor vaginal acompanhada de ardência para urinar.

Como se faz o diagnóstico?
Quando se suspeita de IU, a confirmação do diagnóstico é feita através de pesquisa e do encontro de bactérias na urina. A urocultura é considerada positiva quando o número de bactérias é superior a 100.000 por mililitro de urina. Contagens inferiores podem representar contaminações externas ou significar infecção urinária. Nestes casos, é importante a análise criteriosa do médico. Por todos estes motivos, a coleta da urina deve ser muito bem feita, como foi discutido no artigo Infecção Urinária.

Como se trata?
A infecção deve ser tratada precocemente e com toda a atenção. O tratamento deve ser específico para cada tipo de microorganismo infectante. A escolha do antibiótico mais adequado é baseada no antibiograma, que analisa e quantifica a resposta das bactérias aos antibióticos estudados na urocultura.

Além do tratamento por antibióticos, deve-se afastar todas as causas que possam provocar novas infecções, vistas no artigo Infecção Urinária.

Como se previne?
Para prevenir e/ou diminuir as possibilidades de infecção urinária, algumas ações são muito importantes.

Algumas atitudes, se observadas continuadamente, ajudam na prevenção da infecção urinária:
- Beber líquidos em abundância (acima de 2 litros por dia);
- Urinar freqüentemente de 3/3 horas (é o ideal);
- Fazer sexo seguro, evitando as infecções sexualmente transmissíveis
- Urinar após relações sexuais,

Para as mulheres é especialmente recomendado:
- Limpar-se sempre da frente para trás após defecar;
- Lavar a região peri-anal após as evacuações;
- Não usar absorventes internos;
- Evitar diafragma, espermicidas e chuveirinho;
- Evitar o uso constante de roupas íntimas de " Nylon" e jeans ;
- Evitar o uso indiscriminado e, sem justa causa, de antibióticos.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

INFECÇÃO URINÁRIA

INFECÇÃO URINÁRIA
A infecção do trato urinário (IU) constitui uma das principais causas de consulta na prática médica, só perdendo para as infecções respiratórias.

É importante, assim, definir e caracterizar a infecção urinária, bem como explicar os termos mais usados pelos médicos, o que é abordado neste primeiro artigo.

No segundo artigo trataremos das cistites (infecção urinária baixa) e, no terceiro, das pielonefrites (infecção urinária alta).

No quarto artigo, trataremos das infecções urinárias nas crianças e, no quinto, das infecções urinárias nas gestantes.

Assim, para que se tenha uma idéia abrangente da IU, é aconselhável ler os artigos em seqüência pois eles abordam as infecções urinárias de diferentes ângulos.

O que é ?
A IU é a presença de microorganismos em alguma parte do trato urinário. Quando surge no rim, chama-se pielonefrite; na bexiga, cistite; na próstata , prostatite e na uretra, uretrite.

A grande maioria das IU é causada por bactérias, mas também podem ser provocadas por vírus, fungos e outros microorganismos. A maioria das infecções urinárias ocorre pela invasão de alguma bactéria da flora bacteriana intestinal no trato urinário. A bactéria Escherichia coli, representa 80-95% dos invasores infectantes do trato urinário.

Às vezes, o paciente apresenta sintomas semelhantes aos da IU, como dor, ardência, urgência para urinar e aumento da freqüência, mas os exames culturais não mostram bactérias na urina.

Estes casos podem ser confundidos com IU e são chamados de síndrome uretral aguda, que pode ter outras causas não infecciosas, mas de origem inflamatória, como químicas, tóxicas, hormonais e irradiação.

Como ocorre?
O acesso dos microorganismos ao trato urinário se dá por via ascendente, ou seja, pela uretra, podendo se instalar na própria uretra e próstata, avançando para a bexiga e, com mais dificuldade, para o rim.

Dificilmente, as bactérias podem penetrar no trato urinário pela via sangüínea. Isto ocorre apenas quando existe infecção generalizada (septicemia) ou em indivíduos sem defesas imunitárias como aidéticos e transplantados. A intensidade da IU depende das defesas do paciente, da virulência do microorganismo e da capacidade de aderir à parede do trato urinário.

Como a urina é estéril, existem fatores que facilitam a contaminação do trato urinário, tais como:
- obstrução urinária: próstata aumentada, estenose de uretra, defeitos congênitos e outros
- corpos estranhos: sondas, cálculos (pedras nos rins), introdução de objetos na uretra (crianças)
- doenças neurológicas: traumatismo de coluna, bexiga neurogênica do diabetes
- fístulas genito-urinárias e do trato digestivo, colostomizados e constipados
- doenças sexualmente transmissíveis e infecções ginecológicas.

As orientações profiláticas e terapêuticas desses fatores facilitadores poderão ser vistas nos artigos sobre cistite, pielonefrite e infecção urinária na criança e grávida.

O que se sente ?
O ato de urinar é voluntário e indolor. A presença de:
- dor
- ardência
- dificuldade e/ou urgência para urinar
- micções urinárias muito freqüentes e de pequeno volume
- com urina de mau cheiro, de cor opaca
- com filamentos de muco

formam um conjunto de dados que permite ao médico suspeitar que o paciente está com infecção urinária. Muitas vezes, somam-se a esses sintomas e sinais dores na bexiga e no final da micção, gotejamentos de pequenas quantidades de sangue.

Quando o rim é atingido, o paciente apresenta, além dos sintomas anteriores, calafrios, febre e dor lombar, podendo, algumas vezes, ocorrer cólicas abdominais, náuseas e vômitos.

Como se faz o diagnóstico?
A presença dos sinais e sintomas de IU obriga o médico a solicitar um exame comum de urina e uma urocultura. Para isso, é muito importante que a coleta de uma amostra de urina seja feita sem contaminação. A contaminação, geralmente, é de microorganismos da uretra, da região perianal e algumas vezes da tosse ou das mãos que manuseiam os frascos esterilizados.

Há quatro métodos de coleta: jato urinário médio, coletor urinário, sondagem e punção da bexiga. Cada um desses métodos tem suas indicações, conveniências e complicações. O médico deve decidir qual é o melhor para o seu paciente.

A maioria das coletas é feita pelo jato médio da primeira urina da manhã, após uma higienização bem feita da região peri-uretral. O jato médio é o jato urinário colhido após ter sido desprezada a primeira porção da urina, que poderia estar contaminada por microorganismos da uretra.

O exame comum de urina, no caso de IU, apresenta bactérias e grande quantidade de leucócitos (glóbulos brancos), predominando sobre os eritrócitos (glóbulos vermelhos) no sedimento urinário.

O exame cultural da urina na IU mostra um crescimento de bactérias superior a 100.000 germes por mililitro de urina. Esta quantidade de bactérias permite o diagnóstico de IU em mais de 95% dos casos, desde que não tenha havido contaminação. Algumas vezes, em certas situações, um número menor de bactérias, também, pode significar IU.

É bom sempre lembrar que a urina é estéril e não deve ter bactérias.

Continue lendo sobre IU nos artigos sobre cistite e pielonefrite.

Glossário

Fístulas
: é uma abertura que comunica duas cavidades, como pode ocorrer com a bexiga e a vagina (fístula vésico-vaginal).

Colostomizado: é o paciente que precisa defecar em bolsas especiais, porque tem ânus contra a natureza.