segunda-feira, 4 de outubro de 2010

PEDRA NOS RINS

PEDRA NOS RINS

Sinônimos: cálculo renal, pedra nos rins, litíase e nefrolitíase.

O que é?

O homem expele pela urina grandes quantidades de sais de cálcio, ácido úrico, fosfatos, oxalatos, cistina e, eventualmente, outras substâncias como penicilina e diuréticos. Em algumas condições a urina fica saturada desses cristais e como conseqüência formam-se cálculos. Não é um fenômeno raro até a idade de 70 anos. Aproximadamente 12% dos homens e 5% das mulheres podem ter, pelo menos, um cálculo durante suas vidas. A primeira década da vida não está imune ao surgimento de cálculos, havendo um pico de incidência entre quatro e sete anos de idade. A doença é mais comum no adulto jovem, em torno da 3 ª ou 4 ª década de vida, predominando na raça branca e não havendo diferença de sexo. A recorrência é mais comum no adulto jovem, 15% em um ano, 40% em até 5 anos e 50% em até 10 anos. A população negra tem menos litíase renal que a branca.

Como se desenvolve?
A formação de cálculos é um processo biológico complexo, ainda pouco conhecido, apesar dos consideráveis avanços já realizados. Hoje, constata-se que mudanças nos regimes alimentares, promovidas pela industrialização dos alimentos, mais ricos em proteínas, sal e hidratos de carbono, aumentaram a formação de cálculos.

Todo o indivíduo produtor de cálculos tem envolvimento com um ou mais fatores geradores de cálculo:
- Epidemiológicos (herança, idade, sexo, cor, ambiente, tipo de dieta)
- Anormalidades urinárias (saturada de sais, volume diminuído e alterações do pH)
- Ausência de fatores inibidores da formação de cálculos (citrato, magnésio, pirofosfato, glicosaminoglicans, nefrocalcina, proteína de Tam Horsfall)
- Alterações metabólicas (calcemia, calciúria, uricemia, uricosúria, oxalúria, cistinúria, citratúria, hipomagnesúria)
- Alterações anatômicas e urodinâmicas
- Infecções urinárias

As anormalidades da composição urinária têm, no volume urinário diminuído, o principal fator na formação de cálculos. Fruto de uma hidratação inadequada, esta pode ser a única alteração encontrada em alguns portadores de litíase. O volume urinário permanentemente inferior a 1 litro ocorre por maus hábitos alimentares ou por situações ambientais como clima muito seco, atividades profissionais em ambientes secos (aviões, altos fornos) que favorecem a supersaturação urinária de sais formadores de cálculos.

Principais tipos e componentes dos cálculos renais:


CÁLCIO:
Mais de oitenta por cento dos pacientes formam cálculos de cálcio. A maioria destes têm cálcio aumentado na urina (hipercalciúria) e/ou cálcio aumentado no sangue (hipercalcemia).

MAGNÉSIO:
É um elemento que participa na urina como inibidor da cristalização. Por isso, quando se encontra o magnésio urinário inferior a 50 mg/24h (magnesiúria), a formação de cálculo poderá ser facilitada.

OXALATO:
Mesmo com o oxalato urinário normal, alguns cálculos de cálcio têm oxalato na sua constituição.

CISTINA:
Como a cistina tem pouca solubilidade na urina, ela propicia a formação de cálculos por supersaturação.

ÁCIDO ÚRICO:
Os cálculos de ácido úrico puro ocorrem em cerca de 5% da população mundial, com exceção da zona mediterrânea e dos países árabes, onde as taxas podem atingir até 30%. Vinte e cinco por cento dos pacientes gotosos podem apresentar cálculos de ácido úrico.

CITRATO:
Uma excreção diária menor do que 450 mg é considerada hipocitratúria. As crianças, mulheres e idosos excretam mais citrato. Hipocitratúria isolada, como agente formador de cálculo, ocorre em cerca de 5% das nefrolitíases, podendo ser esta a única alteração metabólica encontrada nestes pacientes.

O que se sente e como se faz o diagnóstico?
A litíase pode ser assintomática, reconhecida somente em exames ocasionais. Na maioria das vezes, a litíase se apresenta com manifestação de dor (cólica) e hematúria. Muitas vezes, os cálculos podem obstruir a via urinária. A cólica renal é o sintoma agudo de dor severa, que pode requerer tratamento com analgésicos potentes. Geralmente, a cólica está associada a náuseas, vômitos, agitação. A cólica inicia quase sempre na região lombar, irradiando-se para a fossa ilíaca, testículos e vagina. No sedimento urinário, pode-se observar hematúria que, com a dor em cólica, nos permite pensar na passagem de um cálculo. A investigação clínica, na fase aguda, inclui além do exame comum de urina, um RX simples de abdômen e uma ecografia abdominal.

Principais complicações dos cálculos:
- Infecção urinária
- Obstrução urinária: perda do rim por destruição obstrutiva e/ou infecciosa
- Insuficiência renal crônica
- Hipertensão arterial
- Complicações cirúrgicas nas retiradas dos cálculos
- Complicações da litotripsia (hematúria, destruição de tecido renal, hipertensão)

Como se trata?
Tomar bastante líquidos é o principal item do tratamento, visando reduzir a concentração e supersaturação dos cristais urinários, e dessa forma, diminuir a formação de cálculos.

O ideal de tratamento é suprimir a recorrência e evitar que os cálculos existentes cresçam. Como os cálculos têm origem heterogênea e freqüentemente são manifestações de doenças multissistêmicas, é impossível haver um só esquema terapêutico. Por isso, o tratamento é diversificado e prolongado, requerendo o comprometimento permanente do paciente. Após seis meses de tratamento, deve-se repetir a seqüência de exames para avaliar a eficiência da ação terapêutica. A revisão é fundamental para ajustar as medidas usadas no controle da recorrência e estimular o paciente na continuidade do tratamento.

Os cálculos maiores de 0,8 cm não saem espontaneamente, por isso é necessária a intervenção do urologista para a retirada do cálculo por métodos cirúrgicos ou métodos extracorpóreos, endoscópicos ou litotripsia.

2 comentários:

Unknown disse...

Bom dia
Li atentamente este texto pela frequência com que nos deparamos com esta enfermidade em pessoas nossas amigas e conhecidas.
As dores parece que se tornam insuportáveis.
Parece que existem organismos que fabricam esses sais em maior quantidade e não os expelem correctamente.

Êidina Queiroz disse...

É verdade meu carissimo amigo Luís. Conheço varias pessoas que "fabricam" os calculos e ja fizeram varias cirurgias e o organismo continua produzindo e produzindo. Infelizmente, ainda, nao descobriram um tratamento eficaz neste sentido e os pacientes continuam penando. Obrigada pelas visitas.