Gostaria de avisar a todos, que estou impossibilitada de fazer pesquisa e postar neste blog, mas, em breve estarei de volta com novos assuntos. Obrigada.
Êidina Queiroz
sábado, 12 de fevereiro de 2011
domingo, 28 de novembro de 2010
ESCLERODERMIA
Esta postagem é especial, dedico a Ana Verissimo, uma mae com muita esperança, que luta pelo tratamento, pelos remedios, pela vida da filha, Ana Paula. Enfim, ela conseguiu esta reportagem, que servirá para divulgar a doença e os problemas que os pacientes enfrentam.
Doença que enrijece a pele e afeta órgãos internos é pouco conhecida
Esclerodermia é condição pouco compreendida mesmo pelos médicos.
Na forma sistêmica da enfermidade, esôfago é afetado em 90% dos casos.
Mário Barra
Do G1, em São Paulo
Mãos manchadas de Rosângela Castro mostram
uma das características da esclerose sistêmica.
A esclerodermia, doença autoimune capaz de trazer sérias complicações à pele e a órgãos como esôfago e pulmões, ainda é desconhecida de grande parte dos profissionais de saúde no Brasil. Com diagnóstico difícil e, no máximo, 300 casos por milhão no mundo, portadores da doença no país reclamam da dificuldade para explicar e tratar a patologia, na qual o sistema de defesa do organismo ataca as próprias estruturas do corpo.
A doença ganhou destaque na imprensa em novembro por conta do caso de Susan Johnson, britânica de 61 anos com uma pele "similar" a de uma pessoa com 40, uma consequência do excesso de colágeno produzido pelo corpo. A substância é uma proteína capaz de revitalizar a pele, mas em doses excessivas causa espessamento e endurecimento, dificultando o movimento de mãos, boca e pálpebras.
O aspecto jovem da pele acontece pelo enrijecimento causado pelas fibras colágenas, mas isso não traz alegria aos seus portadores, que certamente prefeririam ficar com algumas rugas e flacidez, mas sem os outros transtornos trazidos pela doença"
Aldo Toschi, conselheiro da Sociedade Brasileira de Dermatologia
"Há um estímulo para que os fibroblastos, células que produzem colágeno, façam uma megaprodução. O colágeno fica muito proliferado. As fibras ficam uma em cima da outra, se acumulam e vão deixando a pele dura", explica Percival Sampaio-Barros, médico reumatologista da Universidade de São Paulo (USP). O especialista é chefe do Ambulatório de Esclerodermia da universidade e presidente da Comissão de Esclerose Sistêmica da Sociedade Brasileira de Reumatologia.
Mas a pele só é a única afetada na versão menos agressiva da doença, a esclerodermia localizada. Nela, os órgãos internos não são acometidos. Existe também a esclerose sistêmica, na qual estruturas como esôfago, estômago, rins, coração e pulmões podem ter o seu funcionamento prejudicado, abrindo espaço para uma série de sintomas paralelos. Ambas não são contagiosas e não há indicações de que sejam hereditárias.
Rosângela Castro, 54 anos, convivendo com a
esclerose sistêmica desde 1994.
Junto com a grande produção de colágeno, a doença é causada por alterações no sistema de circulação do corpo, com vasos mais constritos e com a atuação irregular dos linfócitos no corpo.
A causa para a esclerodermia não é conhecida, mas quando os médicos conseguem identificar a doença a tempo, é possível controlar os sintomas. Até dois terços dos pacientes conseguem levar vidas relativamente tranquilas, mantendo suas atividades e trabalhando.
Foi o caso de Rosângela Castro, 54 anos, moradora de Petrópolis (RJ) até 2009. Comerciante, é portadora de esclerose sistêmica. Após passar pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 1994 por causa de uma falta de ar intensa, com febre e dores nas costas, ela foi atendida por uma médica que, durante uma conversa, notou manchas na pele da paciente.
"Estava brilhante, havia manchas vermelhas na face. E o contato com o frio deixava minhas mãos roxas", conta Rosângela. "A médica pediu um exame de autoanticorpos e a doença foi diagnosticada." Neste ano, com a piora das dores nas articulações e o avanço da doença, a comerciante se viu obrigada a ficar em casa.
Estava brilhante [a pele], havia manchas vermelhas na face.
Fora o contato com o frio, que deixava minhas mãos roxas"
Rosângela Castro, 54 anos, contando como descobriu ser portadora de esclerose sistêmica
"Até então, eu ia empurrando com a barriga. Tinha crises de hipertensão por causa da medicação para controlar a doença, dores nas articulações. Há gente que tem úlceras digitais, como consequência do fenômeno de Raynaud. Eu tenho a síndrome, mas nunca tive as dores", explica Rosângela.
O frio de Raynaud
Pacientes com esclerose sistêmica normalmente convivem com o fenômeno de Raynaud, constante nos casos de esclerose sistêmica e esclerodermia localizada. A síndrome causa a constrição de vasos sanguíneos a cada estímulo frio. Durante o inverno, os pacientes precisam redobrar a atenção para proteger as extremidades do corpo, que em alguns casos chegam a apresentar ulcerações. Pode ser preciso, em casos mais graves, recorrer a amputações.
"O vaso sanguíneo em si não chega a entupir, mas sim o leito para passagem de sangue. É um fenômeno muito comum, pode ocorrer em 2% a 5% das mulheres jovens, mas só 1% desse grupo vai evoluir para uma doença autoimune como a esclerose sistêmica. Em homem também é raro", afirma Percival. "Mas é a manifestação mais dolorosa da esclerodermia, os pacientes reclamam bastante."
Manchas no rosto similares a varizes nas pernas
também surgem nos pacientes, o que chega a
motivar preconceitos até mesmo por parte de
familiares, segundo relataram os portadores ao G1.
A família de Ana Veríssimo Florezi conhece bem os incômodos causados pela enfermidade. A filha da moradora de São João da Boa Vista (SP), Ana Paula, de 28 anos, sofre de esclerose sistêmica desde 1999. “Ao voltar do colégio, ela ficava muito cansada ao caminhar. Conforme o tempo foi passando, as mãos dela começaram a ficar roxas, com manchas”, conta a mãe.
“Ninguém descobriu o que era aqui na minha cidade, passei com minha filha por vários médicos. Uns falavam que era depressão, outros falavam que era coluna. Até que o único reumatologista que a gente tinha aqui afirmou que era lúpus [outra doença autoimune]”, conta Ana Veríssimo.
Cinco anos se passaram desde o diagnóstico errado. Ana Paula começou o tratamento correto só em 2004. A mãe coordena rigorosamente o cronograma de remédios a serem tomados. "Ela toma Imuran [imunossupressor], calcort [cortisona], tramal [analgésico], peridal [para o estômago], sildenafril [composto presente no Viagra, para circulação], trental [pentoxifilina]. Ela ainda usa lágrimas artificiais, aplicadas a cada duas horas, pois os olhos ficam secos", elenca Ana Veríssimo.
"Sempre comprei todos os remédios, contando com ajuda de meus amigos. Há um ano, entrei com um mandado de segurança para obter a medicação, é um direito que ela tem, mas na prática, até eu conseguir os remédios demora muito. Já chegamos a ficar dois meses sem receber a medicação. Durante esse tempo, como minha filha não pode ficar sem, deixei de pagar minhas contas para comprar o que ela precisava", lamenta a mãe.
Ninguém descobriu o que era aqui na minha cidade, passei com minha filha por vários médicos. Uns falavam que era depressão, outros falavam que era coluna.
Até que o único reumatologista que a gente tinha aqui afirmou
que era lúpus"
Ana Veríssimo Florezi, sobre a dificuldade para identificar a doença da filha no interior paulista
Muito além da "dermia"
O órgão afetado com maior frequência na forma sistêmica da doença é o esôfago (90% dos casos). A estrutura liga a boca ao estômago, sendo responsável pelo transporte de comida. Para isso, conta com movimentos conhecidos como peristálticos. "Quem tem esclerodermia possui disfagia, que é uma dificuldade para engolir", diz Percival.
Os pulmões também são acometidos com regularidade (40% a 50% dos casos). "Há uma falta de ar progressiva, o paciente passa a ter o órgão endurecido - é a fibrose pulmonar. Além disso, existe o problema da hipertensão, causada pelo acometimento da artéria pulmonar. É necessária uma maior pressão para bombear o sangue nos pulmões", explica o médico.
Complicações também podem surgir no estômago (lentidão na digestão), intestino (diarreias, prisões de ventre), rins (insuficiência renal aguda) e coração (insuficiência cardíaca, inflamação nas membranas que recobrem o órgão e arritmias), cada uma em menos de 15% dos casos.
Quanto ao rosto, é comum que os pacientes pareçam ter a pele esticada, com diminuição dos lábios e da boca e o afilamento do nariz. "Os pacientes relatam que estão com uma espécie de 'máscara' na cara, com a pele endurecida", diz Percival. Por fim, as mãos também sofrem com a rigidez do órgão, ficando em forma de garra, com movimento reduzido.
Dermatologia com reumatologia
Na modalidade localizada, a esclerodermia se manifesta apenas na pele, deixando o órgão mais espesso. Essa é uma consequência da produção exagerada de colágeno. Apesar de aparecer em cremes de rejuvenescimento, no caso dos esclerodérmicos, a dose extra da substância não traz bem nenhum.
“O aspecto jovem da pele acontece pelo enrijecimento causado pelas fibras colágenas, mas isso não traz alegria aos seus portadores, que certamente prefeririam ficar com algumas rugas e flacidez, mas sem os outros transtornos trazidos pela doença”, diz Aldo Toschi, conselheiro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Os transtornos são confirmados por Fernanda Savarege, portadora de esclerodermia localizada há cinco anos. “Começou na minha coxa. O primeiro médico a que fui disse que era mancha de sol e passou um clareador à base de ácido”, explica. "Foi difícil no início, pois na internet há umas fotos horríveis. Pesquisei um pouco para tentar entender. É uma doença que varia muito de pessoa para pessoa. Quanto aos médicos também foi complicado, fui a cinco dermatologistas e a dois reumatologistas."
Como muitos pacientes são normalmente encaminhados a dermatologistas, especialistas dessa área precisam trabalhar em parceria com reumatologistas para os casos mais severos. "Os dermatologistas, normalmente, fazem o diagnóstico e trabalham com as formas localizadas segmentares, mas é preciso trabalhar em conjunto para os pacientes que apresentam manifestações em todo o corpo", explica Aldo.
saiba mais
Saiba como diagnosticar e tratar a dor
Divulgação e prevalência
A luta dos portadores da doença resultou na criação da Associação Brasileira de Pacientes com Esclerose Sistêmica (Abrapes), fundada por Percival para divulgação e para promover ações que melhorem a condição dos pacientes. Há também uma comunidade na rede social Orkut que conta com 700 membros. Nela há informações sobre sintomas e relatos.
Têm ocorrido, recentemente, iniciativas de esclarecimento sobre a doença, no Brasil e no exterior. O primeiro congresso mundial sobre esclerose sistêmica aconteceu em 2009 e foi realizado na cidade de Florença, na Itália. O próximo deverá ser realizado em 2012, em Madri, capital espanhola.
Sobre a falta de conhecimento, Percival Sampaio-Barros acredita que o preparo está mudando. "Há vinte anos, quando comecei, havia poucos profissionais na área. É um paciente difícil, que exige acompanhamento, o tratamento é específico para cada órgão, há um número pequeno de profissionais interessados", explica o médico. "No Brasil, a melhora no diagnóstico tem trazido resultados recentes, com os pacientes podendo ter os sintomas controlados antes."
Não há estudo sobre a prevalência da doença no Brasil. "É possível dizer que vem aumentando. No momento em que surgem novas modalidades terapêuticas, é importante que se diagnostique o paciente o mais rápido possível: exame de autoanticorpos ou pela capilaroscopia periungueal, para pacientes que ainda não tiveram a pele espessada", diz Percival.
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Ciência e Saúde
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Doença que enrijece a pele e afeta órgãos internos é pouco conhecida
Esclerodermia é condição pouco compreendida mesmo pelos médicos.
Na forma sistêmica da enfermidade, esôfago é afetado em 90% dos casos.
Mário Barra
Do G1, em São Paulo
Mãos manchadas de Rosângela Castro mostram
uma das características da esclerose sistêmica.
A esclerodermia, doença autoimune capaz de trazer sérias complicações à pele e a órgãos como esôfago e pulmões, ainda é desconhecida de grande parte dos profissionais de saúde no Brasil. Com diagnóstico difícil e, no máximo, 300 casos por milhão no mundo, portadores da doença no país reclamam da dificuldade para explicar e tratar a patologia, na qual o sistema de defesa do organismo ataca as próprias estruturas do corpo.
A doença ganhou destaque na imprensa em novembro por conta do caso de Susan Johnson, britânica de 61 anos com uma pele "similar" a de uma pessoa com 40, uma consequência do excesso de colágeno produzido pelo corpo. A substância é uma proteína capaz de revitalizar a pele, mas em doses excessivas causa espessamento e endurecimento, dificultando o movimento de mãos, boca e pálpebras.
O aspecto jovem da pele acontece pelo enrijecimento causado pelas fibras colágenas, mas isso não traz alegria aos seus portadores, que certamente prefeririam ficar com algumas rugas e flacidez, mas sem os outros transtornos trazidos pela doença"
Aldo Toschi, conselheiro da Sociedade Brasileira de Dermatologia
"Há um estímulo para que os fibroblastos, células que produzem colágeno, façam uma megaprodução. O colágeno fica muito proliferado. As fibras ficam uma em cima da outra, se acumulam e vão deixando a pele dura", explica Percival Sampaio-Barros, médico reumatologista da Universidade de São Paulo (USP). O especialista é chefe do Ambulatório de Esclerodermia da universidade e presidente da Comissão de Esclerose Sistêmica da Sociedade Brasileira de Reumatologia.
Mas a pele só é a única afetada na versão menos agressiva da doença, a esclerodermia localizada. Nela, os órgãos internos não são acometidos. Existe também a esclerose sistêmica, na qual estruturas como esôfago, estômago, rins, coração e pulmões podem ter o seu funcionamento prejudicado, abrindo espaço para uma série de sintomas paralelos. Ambas não são contagiosas e não há indicações de que sejam hereditárias.
Rosângela Castro, 54 anos, convivendo com a
esclerose sistêmica desde 1994.
Junto com a grande produção de colágeno, a doença é causada por alterações no sistema de circulação do corpo, com vasos mais constritos e com a atuação irregular dos linfócitos no corpo.
A causa para a esclerodermia não é conhecida, mas quando os médicos conseguem identificar a doença a tempo, é possível controlar os sintomas. Até dois terços dos pacientes conseguem levar vidas relativamente tranquilas, mantendo suas atividades e trabalhando.
Foi o caso de Rosângela Castro, 54 anos, moradora de Petrópolis (RJ) até 2009. Comerciante, é portadora de esclerose sistêmica. Após passar pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 1994 por causa de uma falta de ar intensa, com febre e dores nas costas, ela foi atendida por uma médica que, durante uma conversa, notou manchas na pele da paciente.
"Estava brilhante, havia manchas vermelhas na face. E o contato com o frio deixava minhas mãos roxas", conta Rosângela. "A médica pediu um exame de autoanticorpos e a doença foi diagnosticada." Neste ano, com a piora das dores nas articulações e o avanço da doença, a comerciante se viu obrigada a ficar em casa.
Estava brilhante [a pele], havia manchas vermelhas na face.
Fora o contato com o frio, que deixava minhas mãos roxas"
Rosângela Castro, 54 anos, contando como descobriu ser portadora de esclerose sistêmica
"Até então, eu ia empurrando com a barriga. Tinha crises de hipertensão por causa da medicação para controlar a doença, dores nas articulações. Há gente que tem úlceras digitais, como consequência do fenômeno de Raynaud. Eu tenho a síndrome, mas nunca tive as dores", explica Rosângela.
O frio de Raynaud
Pacientes com esclerose sistêmica normalmente convivem com o fenômeno de Raynaud, constante nos casos de esclerose sistêmica e esclerodermia localizada. A síndrome causa a constrição de vasos sanguíneos a cada estímulo frio. Durante o inverno, os pacientes precisam redobrar a atenção para proteger as extremidades do corpo, que em alguns casos chegam a apresentar ulcerações. Pode ser preciso, em casos mais graves, recorrer a amputações.
"O vaso sanguíneo em si não chega a entupir, mas sim o leito para passagem de sangue. É um fenômeno muito comum, pode ocorrer em 2% a 5% das mulheres jovens, mas só 1% desse grupo vai evoluir para uma doença autoimune como a esclerose sistêmica. Em homem também é raro", afirma Percival. "Mas é a manifestação mais dolorosa da esclerodermia, os pacientes reclamam bastante."
Manchas no rosto similares a varizes nas pernas
também surgem nos pacientes, o que chega a
motivar preconceitos até mesmo por parte de
familiares, segundo relataram os portadores ao G1.
A família de Ana Veríssimo Florezi conhece bem os incômodos causados pela enfermidade. A filha da moradora de São João da Boa Vista (SP), Ana Paula, de 28 anos, sofre de esclerose sistêmica desde 1999. “Ao voltar do colégio, ela ficava muito cansada ao caminhar. Conforme o tempo foi passando, as mãos dela começaram a ficar roxas, com manchas”, conta a mãe.
“Ninguém descobriu o que era aqui na minha cidade, passei com minha filha por vários médicos. Uns falavam que era depressão, outros falavam que era coluna. Até que o único reumatologista que a gente tinha aqui afirmou que era lúpus [outra doença autoimune]”, conta Ana Veríssimo.
Cinco anos se passaram desde o diagnóstico errado. Ana Paula começou o tratamento correto só em 2004. A mãe coordena rigorosamente o cronograma de remédios a serem tomados. "Ela toma Imuran [imunossupressor], calcort [cortisona], tramal [analgésico], peridal [para o estômago], sildenafril [composto presente no Viagra, para circulação], trental [pentoxifilina]. Ela ainda usa lágrimas artificiais, aplicadas a cada duas horas, pois os olhos ficam secos", elenca Ana Veríssimo.
"Sempre comprei todos os remédios, contando com ajuda de meus amigos. Há um ano, entrei com um mandado de segurança para obter a medicação, é um direito que ela tem, mas na prática, até eu conseguir os remédios demora muito. Já chegamos a ficar dois meses sem receber a medicação. Durante esse tempo, como minha filha não pode ficar sem, deixei de pagar minhas contas para comprar o que ela precisava", lamenta a mãe.
Ninguém descobriu o que era aqui na minha cidade, passei com minha filha por vários médicos. Uns falavam que era depressão, outros falavam que era coluna.
Até que o único reumatologista que a gente tinha aqui afirmou
que era lúpus"
Ana Veríssimo Florezi, sobre a dificuldade para identificar a doença da filha no interior paulista
Muito além da "dermia"
O órgão afetado com maior frequência na forma sistêmica da doença é o esôfago (90% dos casos). A estrutura liga a boca ao estômago, sendo responsável pelo transporte de comida. Para isso, conta com movimentos conhecidos como peristálticos. "Quem tem esclerodermia possui disfagia, que é uma dificuldade para engolir", diz Percival.
Os pulmões também são acometidos com regularidade (40% a 50% dos casos). "Há uma falta de ar progressiva, o paciente passa a ter o órgão endurecido - é a fibrose pulmonar. Além disso, existe o problema da hipertensão, causada pelo acometimento da artéria pulmonar. É necessária uma maior pressão para bombear o sangue nos pulmões", explica o médico.
Complicações também podem surgir no estômago (lentidão na digestão), intestino (diarreias, prisões de ventre), rins (insuficiência renal aguda) e coração (insuficiência cardíaca, inflamação nas membranas que recobrem o órgão e arritmias), cada uma em menos de 15% dos casos.
Quanto ao rosto, é comum que os pacientes pareçam ter a pele esticada, com diminuição dos lábios e da boca e o afilamento do nariz. "Os pacientes relatam que estão com uma espécie de 'máscara' na cara, com a pele endurecida", diz Percival. Por fim, as mãos também sofrem com a rigidez do órgão, ficando em forma de garra, com movimento reduzido.
Dermatologia com reumatologia
Na modalidade localizada, a esclerodermia se manifesta apenas na pele, deixando o órgão mais espesso. Essa é uma consequência da produção exagerada de colágeno. Apesar de aparecer em cremes de rejuvenescimento, no caso dos esclerodérmicos, a dose extra da substância não traz bem nenhum.
“O aspecto jovem da pele acontece pelo enrijecimento causado pelas fibras colágenas, mas isso não traz alegria aos seus portadores, que certamente prefeririam ficar com algumas rugas e flacidez, mas sem os outros transtornos trazidos pela doença”, diz Aldo Toschi, conselheiro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Os transtornos são confirmados por Fernanda Savarege, portadora de esclerodermia localizada há cinco anos. “Começou na minha coxa. O primeiro médico a que fui disse que era mancha de sol e passou um clareador à base de ácido”, explica. "Foi difícil no início, pois na internet há umas fotos horríveis. Pesquisei um pouco para tentar entender. É uma doença que varia muito de pessoa para pessoa. Quanto aos médicos também foi complicado, fui a cinco dermatologistas e a dois reumatologistas."
Como muitos pacientes são normalmente encaminhados a dermatologistas, especialistas dessa área precisam trabalhar em parceria com reumatologistas para os casos mais severos. "Os dermatologistas, normalmente, fazem o diagnóstico e trabalham com as formas localizadas segmentares, mas é preciso trabalhar em conjunto para os pacientes que apresentam manifestações em todo o corpo", explica Aldo.
saiba mais
Saiba como diagnosticar e tratar a dor
Divulgação e prevalência
A luta dos portadores da doença resultou na criação da Associação Brasileira de Pacientes com Esclerose Sistêmica (Abrapes), fundada por Percival para divulgação e para promover ações que melhorem a condição dos pacientes. Há também uma comunidade na rede social Orkut que conta com 700 membros. Nela há informações sobre sintomas e relatos.
Têm ocorrido, recentemente, iniciativas de esclarecimento sobre a doença, no Brasil e no exterior. O primeiro congresso mundial sobre esclerose sistêmica aconteceu em 2009 e foi realizado na cidade de Florença, na Itália. O próximo deverá ser realizado em 2012, em Madri, capital espanhola.
Sobre a falta de conhecimento, Percival Sampaio-Barros acredita que o preparo está mudando. "Há vinte anos, quando comecei, havia poucos profissionais na área. É um paciente difícil, que exige acompanhamento, o tratamento é específico para cada órgão, há um número pequeno de profissionais interessados", explica o médico. "No Brasil, a melhora no diagnóstico tem trazido resultados recentes, com os pacientes podendo ter os sintomas controlados antes."
Não há estudo sobre a prevalência da doença no Brasil. "É possível dizer que vem aumentando. No momento em que surgem novas modalidades terapêuticas, é importante que se diagnostique o paciente o mais rápido possível: exame de autoanticorpos ou pela capilaroscopia periungueal, para pacientes que ainda não tiveram a pele espessada", diz Percival.
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quinta-feira, 4 de novembro de 2010
MONONUCLEOSE INFECCIOSA
MONONUCLEOSE INFECCIOSA
Sinônimos: Angina monocítica, doença do beijo
O que é?
É uma síndrome clínica caracterizada por mal-estar, dor-de-cabeça, febre, dor-de-garganta, aumento de gânglios ou ínguas localizadas no pescoço ou generalizadas e inflamação do fígado (hepatite) leve e transitória. Na maior parte das vezes (79% dos casos) tem como agente causal o vírus chamado Epstein-Barr (EBV), mas pode também ser causada pelo Cytomegalovirus (CMV) em aproximadamente 21% dos casos. Acomete mais freqüentemente adolescentes e adultos jovens, mas pode acometer mais velhos e crianças pré-adolescentes. Pela freqüência e por tradição aqui trataremos apenas da infecção pelo vírus Epstein-Barr deixando a infecção pelo Cytomegalovirus para outro capítulo.
A doença passou a ter maior relevância em função de diversos tumores envolvendo um tipo de glóbulo branco, os linfócitos do tipo B, que é a célula que abriga o vírus quando da infecção, apresentarem no código genético de suas células o mesmo código do vírus o que levantou a suspeita , hoje confirmada, de que estas infecções contribuiriam com a causa destes tumores. Isto passou a ter relevância maior ainda no novo cenário de crescentes populações de “imunosuprimidos” (pessoas cujas defesas imunológicas estão diminuídas), seja em decorrência de infecção (SIDA ou AIDS) seja por tratamento anti-rejeição , no caso dos transplantados ou como decorrência de tratamento contra o câncer.
Como se adquire?
Normal e mais freqüentemente a infecção é adquirida pelo contato de saliva contaminada pelo vírus com a mucosa da boca e da garganta de pessoa que não teve contato anterior com este germe. Pode-se adquirir também, embora que raramente por transfusão de sangue ou outros órgãos e contato sexual. Por ser vírus pouco resistente necessita do contato direto da saliva contaminada com a mucosa. Esta característica junto com a faixa etária de acometimento mais freqüente é a razão pela qual mereceu o apelido de doença do beijo.
O que se sente?
A tríade clássica se constitui de dor-de-garganta, febre e ínguas pelo corpo (linfoadenomegalias em linguagem médica) principalmente no pescoço, mas outros sintomas como mal-estar, dor-de-cabeça, falta de apetite, dores musculares, calafrios, náuseas, desconforto abdominal, tosse, vômitos e dores articulares também podem estar presentes nesta ordem de freqüência. Após o contato a doença leva em média 2 a 3 semanas para manifestar-se (período de incubação), sendo que as manifestações mais freqüentes são a dor de garganta e a febre que tem um padrão diário, vespertino e pode chegar até 40° C. Em 5% dos casos ocorre “rash”, manchas na pele parecido com urticária, uma manifestação comum a outras doenças infecciosas que os médicos denominam de viroses exantemáticas (rubéola, sarampo, etc). Estes sintomas, na maioria dos casos, levam de um a quatro meses para resolverem-se. A população que não adolescente e adulto jovem possui menor possibilidade de desenvolver o quadro clínico completo, muitos casos passando desapercebido, são chamados assintomáticos. Outro achado relevante é o aumento do fígado (10 a 15% dos casos) e baço (50% dos casos). Este último achado surge no início da segunda semana das manifestações clínicas e dura de 7 a 10 dias sendo fator potencial de complicações pois o mesmo torna-se muito frágil podendo romper-se a traumas pequenos, causando uma hemorragia interna com risco de vida.
Como se faz o diagnóstico?
Pelos sintomas e achados que o médico faz durante o exame clínico além de dados que ele levanta durante a entrevista ao paciente. O diagnóstico com precisão é feito através de exames de sangue em que detecta-se a presença de anticorpos no sangue da pessoa doente.
Como se trata?
Como a maioria das doenças causadas por vírus não há tratamento disponível nem mesmo é necessário uma vez que na maior parte das vezes ela é autolimitada. Utiliza-se medicamentos para os sintomas como analgésicos, antitérmicos e se necessário medicamentos contra o enjôo. Recomenda-se para aqueles que apresentam baço aumentado que não pratiquem esportes ou atividades que representem risco de ruptura do mesmo.
Como se previne?
A doença confere imunidade permanente, muito raramente pode apresentar manifestações em uma segunda infecção. Não há necessidade de isolamento dos doentes uma vez que a infecção ocorre apenas com contato muito próximo ou íntimo. Embora a vacinação tenha uma abrangência que vai além da infecção, pois poderia em tese prevenir inclusive alguns tumores de linfócitos (os linfomas), ainda não existe este recurso com a eficiência e segurança recomendável.
Sinônimos: Angina monocítica, doença do beijo
O que é?
É uma síndrome clínica caracterizada por mal-estar, dor-de-cabeça, febre, dor-de-garganta, aumento de gânglios ou ínguas localizadas no pescoço ou generalizadas e inflamação do fígado (hepatite) leve e transitória. Na maior parte das vezes (79% dos casos) tem como agente causal o vírus chamado Epstein-Barr (EBV), mas pode também ser causada pelo Cytomegalovirus (CMV) em aproximadamente 21% dos casos. Acomete mais freqüentemente adolescentes e adultos jovens, mas pode acometer mais velhos e crianças pré-adolescentes. Pela freqüência e por tradição aqui trataremos apenas da infecção pelo vírus Epstein-Barr deixando a infecção pelo Cytomegalovirus para outro capítulo.
A doença passou a ter maior relevância em função de diversos tumores envolvendo um tipo de glóbulo branco, os linfócitos do tipo B, que é a célula que abriga o vírus quando da infecção, apresentarem no código genético de suas células o mesmo código do vírus o que levantou a suspeita , hoje confirmada, de que estas infecções contribuiriam com a causa destes tumores. Isto passou a ter relevância maior ainda no novo cenário de crescentes populações de “imunosuprimidos” (pessoas cujas defesas imunológicas estão diminuídas), seja em decorrência de infecção (SIDA ou AIDS) seja por tratamento anti-rejeição , no caso dos transplantados ou como decorrência de tratamento contra o câncer.
Como se adquire?
Normal e mais freqüentemente a infecção é adquirida pelo contato de saliva contaminada pelo vírus com a mucosa da boca e da garganta de pessoa que não teve contato anterior com este germe. Pode-se adquirir também, embora que raramente por transfusão de sangue ou outros órgãos e contato sexual. Por ser vírus pouco resistente necessita do contato direto da saliva contaminada com a mucosa. Esta característica junto com a faixa etária de acometimento mais freqüente é a razão pela qual mereceu o apelido de doença do beijo.
O que se sente?
A tríade clássica se constitui de dor-de-garganta, febre e ínguas pelo corpo (linfoadenomegalias em linguagem médica) principalmente no pescoço, mas outros sintomas como mal-estar, dor-de-cabeça, falta de apetite, dores musculares, calafrios, náuseas, desconforto abdominal, tosse, vômitos e dores articulares também podem estar presentes nesta ordem de freqüência. Após o contato a doença leva em média 2 a 3 semanas para manifestar-se (período de incubação), sendo que as manifestações mais freqüentes são a dor de garganta e a febre que tem um padrão diário, vespertino e pode chegar até 40° C. Em 5% dos casos ocorre “rash”, manchas na pele parecido com urticária, uma manifestação comum a outras doenças infecciosas que os médicos denominam de viroses exantemáticas (rubéola, sarampo, etc). Estes sintomas, na maioria dos casos, levam de um a quatro meses para resolverem-se. A população que não adolescente e adulto jovem possui menor possibilidade de desenvolver o quadro clínico completo, muitos casos passando desapercebido, são chamados assintomáticos. Outro achado relevante é o aumento do fígado (10 a 15% dos casos) e baço (50% dos casos). Este último achado surge no início da segunda semana das manifestações clínicas e dura de 7 a 10 dias sendo fator potencial de complicações pois o mesmo torna-se muito frágil podendo romper-se a traumas pequenos, causando uma hemorragia interna com risco de vida.
Como se faz o diagnóstico?
Pelos sintomas e achados que o médico faz durante o exame clínico além de dados que ele levanta durante a entrevista ao paciente. O diagnóstico com precisão é feito através de exames de sangue em que detecta-se a presença de anticorpos no sangue da pessoa doente.
Como se trata?
Como a maioria das doenças causadas por vírus não há tratamento disponível nem mesmo é necessário uma vez que na maior parte das vezes ela é autolimitada. Utiliza-se medicamentos para os sintomas como analgésicos, antitérmicos e se necessário medicamentos contra o enjôo. Recomenda-se para aqueles que apresentam baço aumentado que não pratiquem esportes ou atividades que representem risco de ruptura do mesmo.
Como se previne?
A doença confere imunidade permanente, muito raramente pode apresentar manifestações em uma segunda infecção. Não há necessidade de isolamento dos doentes uma vez que a infecção ocorre apenas com contato muito próximo ou íntimo. Embora a vacinação tenha uma abrangência que vai além da infecção, pois poderia em tese prevenir inclusive alguns tumores de linfócitos (os linfomas), ainda não existe este recurso com a eficiência e segurança recomendável.
domingo, 31 de outubro de 2010
REPOSIÇÃO HORMONAL II
REPOSIÇÃO HORMONAL E CÂNCER DE MAMA
José Aristodemo Pinotti (†)
Alguns anos após seu início, na década de 80, a reposição hormonal (TRH) tornou-se panacéia. Prevenia doenças – inclusive cardiovasculares e algumas neoplásicas -, prolongava a juventude e mitigava os desagradáveis sintomas da menopausa.
Essa visão foi, durante uma década, sustentada por publicações na literatura médica, até que, um ano atrás, o National Institute of Health, dos EUA, abriu um braço de sua pesquisa – irrefutável pela metodologia e pela ausência de qualquer conflito de interesses -, mostrando que com TRH não havia diminuição do risco de doenças cardiovasculares e, em alguns casos, notava-se até um aumento considerável. Isso deu início a um processo de reavaliação do conceito e do uso de hormônio após a menopausa.
Há poucas semanas, os resultados percebidos obrigaram à abertura de um outro braço dessa pesquisa pesquisa, agora lidando especificamente com o câncer de mama, que é a principal causa de morte de mulheres por neoplasias (tumores) e cuja incidência e mortalidade vem aumentando ano a ano.
Foram estudadas 16.608 mulheres; metade delas usou a combinação de estrógenos equinos e medroxiprogesterona por um tempo relativamente curto (média de 5 anos), a outra metade recebeu placebo. No grupo que utilizou hormônios verificou-se o seguinte: um maior número de casos de câncer de mama; o diagnóstico foi mais tardio; e nos exames mamográficos houve mais anormalidades e mais dificuldades de interpretação. Essas diferenças foram estatisticamente significantes, não ocorreram por acaso.
Como ensinamento, fica a permanente dúvida descartiana, que deve estar na mente de qualquer pesquisador, combinanda com um ditado francês: “Na medicina, como no amor, não existe nem sempre, nem nunca”.
O tempo de maturação das novas aquisições científicas deve ser repeitado, a repetição das pesquisas e a busca da verdade devem ser constantes e, mais do que isso, não se pode deixar de, pelo menos, considerar a possibilidade de um viés financeiro quando os laboratórios farmacêuticos lucram abundantemente com a reposição hormonal e financiaram uma boa parte dos estudos que comprovaram o seu efeito benéfico em diferentes campos e que estão sendo agora desvendados.
Com relação às mulheres, elas devem sem angústia ou pressa – pois o risco adicional é pequeno -, procurar os seus ginecologistas para reavaliar a questão da TRH, que precisa, quando feita, ser acompanhada caso a caso, com observação continuada. Na prática, se as usuárias, de acordo com seus ginecologistas, decidirem pela reposição, suas mamas devem receber atenção especial – traduzida por mamografias anuais, informando ao radiologista sobre o uso dos hormôinios. Devem ser realizados também ecografia e exames clínicos semestrais. Com isso, não se afasta o risco aumentado pela reposição, mas se garante o diagnóstico precoce, que pode ser dificultado pelos hormônios.
Quando a detecção é precoce, a probalidade de cura beira 100% e não é preciso retirar a mama. Na maioria das mulheres que tratamos no Hospital das Clínicas, em estádios clínicos iniciais, logra-se, além da cura, mamas em geral esteticamente melhores do que aquelas que tinham de ser operadas.
O conceito da reposição hormonal mudou. Sua indicação é mais restrita aos sintomas da menopausa, devendo ser usada na menor dose pelo prazo mais curto. As alternativas ao seu uso são hábitos de vida mais sadios e tratamentos não-hormonais, como os existentes hoje para a osteoporose. Os estudos nesse sentido prosseguem e apontarão caminhos novos. Estão aí os fitoestrogênios sendo amplamente experimentados. Eles são eficientes para melhorar ondas de calor e a lubrificação vaginal. Suspeitamos – e estamos pesquisando isso – que eles possam diminuir o risco para o câncer mamário, mas isso ainda não está comprovado.
As pesquisas em medicina levam muito tempo; por isso, é sempre bom que usuárias e médicos não se deixem levar por modismos terapêuticos de forma acrítica e açodada, particularmente aqueles que agridem a natureza e os processos fisiológicos normais.
--------------------------------------------------------------------------------
* Professor Titular do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Secretário de Estado da Educação (1986-1987), Secretário de Estado da Saúde (1987-1991), Reitor da Unicamp (1982-1986), Deputado Federal (1994-1998) e Presidente da Federação Internacional de Ginecologia (1986-1990).
José Aristodemo Pinotti (†)
Alguns anos após seu início, na década de 80, a reposição hormonal (TRH) tornou-se panacéia. Prevenia doenças – inclusive cardiovasculares e algumas neoplásicas -, prolongava a juventude e mitigava os desagradáveis sintomas da menopausa.
Essa visão foi, durante uma década, sustentada por publicações na literatura médica, até que, um ano atrás, o National Institute of Health, dos EUA, abriu um braço de sua pesquisa – irrefutável pela metodologia e pela ausência de qualquer conflito de interesses -, mostrando que com TRH não havia diminuição do risco de doenças cardiovasculares e, em alguns casos, notava-se até um aumento considerável. Isso deu início a um processo de reavaliação do conceito e do uso de hormônio após a menopausa.
Há poucas semanas, os resultados percebidos obrigaram à abertura de um outro braço dessa pesquisa pesquisa, agora lidando especificamente com o câncer de mama, que é a principal causa de morte de mulheres por neoplasias (tumores) e cuja incidência e mortalidade vem aumentando ano a ano.
Foram estudadas 16.608 mulheres; metade delas usou a combinação de estrógenos equinos e medroxiprogesterona por um tempo relativamente curto (média de 5 anos), a outra metade recebeu placebo. No grupo que utilizou hormônios verificou-se o seguinte: um maior número de casos de câncer de mama; o diagnóstico foi mais tardio; e nos exames mamográficos houve mais anormalidades e mais dificuldades de interpretação. Essas diferenças foram estatisticamente significantes, não ocorreram por acaso.
Como ensinamento, fica a permanente dúvida descartiana, que deve estar na mente de qualquer pesquisador, combinanda com um ditado francês: “Na medicina, como no amor, não existe nem sempre, nem nunca”.
O tempo de maturação das novas aquisições científicas deve ser repeitado, a repetição das pesquisas e a busca da verdade devem ser constantes e, mais do que isso, não se pode deixar de, pelo menos, considerar a possibilidade de um viés financeiro quando os laboratórios farmacêuticos lucram abundantemente com a reposição hormonal e financiaram uma boa parte dos estudos que comprovaram o seu efeito benéfico em diferentes campos e que estão sendo agora desvendados.
Com relação às mulheres, elas devem sem angústia ou pressa – pois o risco adicional é pequeno -, procurar os seus ginecologistas para reavaliar a questão da TRH, que precisa, quando feita, ser acompanhada caso a caso, com observação continuada. Na prática, se as usuárias, de acordo com seus ginecologistas, decidirem pela reposição, suas mamas devem receber atenção especial – traduzida por mamografias anuais, informando ao radiologista sobre o uso dos hormôinios. Devem ser realizados também ecografia e exames clínicos semestrais. Com isso, não se afasta o risco aumentado pela reposição, mas se garante o diagnóstico precoce, que pode ser dificultado pelos hormônios.
Quando a detecção é precoce, a probalidade de cura beira 100% e não é preciso retirar a mama. Na maioria das mulheres que tratamos no Hospital das Clínicas, em estádios clínicos iniciais, logra-se, além da cura, mamas em geral esteticamente melhores do que aquelas que tinham de ser operadas.
O conceito da reposição hormonal mudou. Sua indicação é mais restrita aos sintomas da menopausa, devendo ser usada na menor dose pelo prazo mais curto. As alternativas ao seu uso são hábitos de vida mais sadios e tratamentos não-hormonais, como os existentes hoje para a osteoporose. Os estudos nesse sentido prosseguem e apontarão caminhos novos. Estão aí os fitoestrogênios sendo amplamente experimentados. Eles são eficientes para melhorar ondas de calor e a lubrificação vaginal. Suspeitamos – e estamos pesquisando isso – que eles possam diminuir o risco para o câncer mamário, mas isso ainda não está comprovado.
As pesquisas em medicina levam muito tempo; por isso, é sempre bom que usuárias e médicos não se deixem levar por modismos terapêuticos de forma acrítica e açodada, particularmente aqueles que agridem a natureza e os processos fisiológicos normais.
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* Professor Titular do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Secretário de Estado da Educação (1986-1987), Secretário de Estado da Saúde (1987-1991), Reitor da Unicamp (1982-1986), Deputado Federal (1994-1998) e Presidente da Federação Internacional de Ginecologia (1986-1990).
sábado, 30 de outubro de 2010
REPOSIÇÃO HORMONAL
A POLÊMICA DA REPOSIÇÃO HORMONAL
ESCLARECIMENTO ÀS USUÁRIAS DA TERAPÊUTICA DE REPOSIÇÃO HORMONAL (TRH) E À POPULAÇÃO EM GERAL
A Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia - FEBRASGO - e a Sociedade Brasileira do Climatério - SOBRAC -, entidades médicas que cuidam da saúde da mulher climatérica, em virtude:
1. Das manifestações e da enorme repercussão na mídia quanto aos resultados do trabalho publicado pelo Journal of American Medical Association (JAMA, julho/2002 - vol. 288, nº 3, 321-333), do estudo denominado "Iniciativa da Saúde na Mulher" (WHI), patrocinado pelo National Institute of Health (NIH), dos Estados Unidos da América do Norte, sobre as influências da terapêutica de reposição hormonal em mulheres pós-menopáusicas;
2. De grande preocupação com a saúde das mulheres nesta etapa da vida, especialmente das que estão em uso de TRH.
Acham-se no dever de prestar os seguintes esclarecimentos às usuárias de TRH e à população brasileira:
O estudo WHI reuniu, em várias cidades americanas, mais de 27.000 mulheres pós-menopaúsicas, com idade entre 50 e 79 anos, sendo a média etária de 63,2 anos. O objetivo primário foi avaliar os efeitos da TRH sobre o risco de infarto do miocárdio e de câncer de mama. Também se procurou verificar o risco de acidente vascular cerebral, de embolia pulmonar, de câncer colo-retal e de fratura de bacia. O tempo médio previsto de observação para este conjunto de mulheres era de 8,5 anos. As pacientes para fins do estudo planejado foram divididas em dois grupos:
Grupo 1 - Composto de pacientes que haviam retirado o útero (histerectomizadas), tratadas com Estrogênios Conjugados Eqüinos (ECE), nas doses de 0,625 mg/dia. Os seus resultados vêm sendo comparado com placebo (substância inativa). Os seus resultados não estão disponíveis ainda param o conhecimento público - Este grupo continua sendo estudado com as pacientes se mantendo dentro dos limites de segurança pré-estabelecidos pelo comitê de monitorização e segurança do estudo.
Grupo 2 - Composto de pacientes com útero intacto, tratadas com a associação de estrogênios progesterona, por via oral, no seguinte esquema: Estrogênios Conjugados Eqüinos (ECE), nas doses de 0,625 mg/dia. Igualmente tiveram os seus resultados comparados com placebo. Este grupo teve o seu acompanhamento interrompido após 5,2 anos de seguimento médio das pacientes pois a incidência de câncer invasivo de mama ultrapassou os limites de segurança pré-estabelecidos para as pacientes do estudo.
Os resultados encontrados no grupo 2 (associação de estrogênios e progesterona), que sofreu interrupção na sua continuidade, foram: aumento do risco de câncer de mama (8 casos em 10.000 mulheres a cada ano), infarto do miocárdio (7 casos em 10.000 mulheres a cada ano), acidente vascular cerebral - derrame cerebral - (8 casos em 10.000 mulheres a cada no) e tromboembolismo venoso (8 casos em 10.000 a cada ano). De outra parte, houve diminuição do risco de fraturas (5 casos em 10.000 mulheres a cada ano) do quadril e de câncer colo-retal (6 casos em 10.000 mulheres a cada ano).
CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESTUDO
1. Deve ser levado sem consideração que apenas um regime terapêutico foi utilizado, uma única dose de hormônios foi empregada (doses convencionais) e uma única via de administração dos medicamentos foi testada. Não se analisou as vias não orais (adesivos transdérmicos, gel, implantes e via nasal). Não se avaliou os vários tipos de regimes terapêuticos disponíveis em nosso país. Analisou-se apenas o regime terapêutico que é mais empregado no país em que o estudo foi realizado. Não se levou em consideração os aspectos clínicos singulares de cada paciente que permitiriam a individualização por parte do médico do regime mais apropriado para cada caso, possibilitando, desta forma, otimizar os benefícios e reduzir os riscos.
2. O aumento do risco relativo de câncer de mama já era referido em estudos anteriores. Parece, conforme o próprio WHI mostra, depender do tempo de uso dos hormônios e do emprego concomitante e contínuo de progesterona junto com o estrogênio. O risco neste estudo só foi observado depois de um tempo médio de seguimento de 5,2 anos, o que já havia sido notado em outros estudos.
3. O grupo de mulheres no estudo WHI que estão usando apenas estrogênios não foi interrompido, pois os limites de segurança estão preservados. Os seus resultados serão divulgados em tempo oportuno.
4. Os resultados deste estudo, inquestionáveis, devem, no entanto, ficar restritos ao regime de tratamento empregado às pacientes dessa faixa etária. Não se pode extrapolar os seus resultados para todos os outros tipos de regimes terapêuticos. De igual modo, não podem ser estendidos para a s mulheres que iniciam a TRH mais cedo em período mais próximo da menopausa.
5. Atualmente, existe uma tendência mundial para a admisnistração de baixas doses de hormônios nas mulheres com maior tempo de pós-menopausa e/ou idade mais avançada, o que não foi avaliado no estudo WHI.
Parece-nos importante esclarecer que a decisão clínica de iniciar ou dar continuidade TRH (conjunta de médico e paciente) deve levar sempre em consideração a peculiaridade de cada caso, em particular procurando-se individualizar o regime terapêutico a ser adotado, as doses e vias a serem empregadas, o tempo de utilização dos hormônios, os benefícios e os riscos desta modalidade de tratamento. Com base nos resultados publicados não aparece apropriado indicar a TRH em esquema combinado e contínuo com estrogênios e progesterona, especialmente com os mesmos hormônios e as mesmas doses usadas no estudo WHI, visando a prevenção primária de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral.
Por fim, gostaríamos de enfatizar que não existe razão apara pânico. As pacientes usuárias de TRH que estejam preocupadas com o seu tratamento, devem compartilhar com os seus médicos de confiança a decisão da continuidade do seu atual regime de TRH, da eventual conveniência de mudanças ou mesmo da sua interrupção.
Fonte: FEBRASGO - Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia e SOBRAC - Sociedade Brasileira de Climatério.
COMENTÁRIO PESSOAL:
Como paciente, portadora de Lúpus Eritematoso Sistêmico, sei que nós, lúpicas, nao podemos fazer reposição hormonal. O estrôgeno ou estrogênio, nao "combina" com lúpus. As pacientes, que precisam usar anticompepcional, o comprimido nao pode conter este hormonio, estrogênio, somente progesterona.
Nao sei dizer qual a relação do estrogenio no desenvolvimento da doença (lúpus), mas sei que ele é "inimigo", assim como temos o fator hereditario, a pre-disposição para desenvolvermos ou nao a doença e o tipo de vida que levamos, levando-se em conta, estresse, aborrecimentos, preocupaçoes, jornada dupla de trabalho, quer dizer, temos o nosso emprego + casa + filho + obrigaçoes aqui e acolá: está formada a vítima do lobo.
ESCLARECIMENTO ÀS USUÁRIAS DA TERAPÊUTICA DE REPOSIÇÃO HORMONAL (TRH) E À POPULAÇÃO EM GERAL
A Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia - FEBRASGO - e a Sociedade Brasileira do Climatério - SOBRAC -, entidades médicas que cuidam da saúde da mulher climatérica, em virtude:
1. Das manifestações e da enorme repercussão na mídia quanto aos resultados do trabalho publicado pelo Journal of American Medical Association (JAMA, julho/2002 - vol. 288, nº 3, 321-333), do estudo denominado "Iniciativa da Saúde na Mulher" (WHI), patrocinado pelo National Institute of Health (NIH), dos Estados Unidos da América do Norte, sobre as influências da terapêutica de reposição hormonal em mulheres pós-menopáusicas;
2. De grande preocupação com a saúde das mulheres nesta etapa da vida, especialmente das que estão em uso de TRH.
Acham-se no dever de prestar os seguintes esclarecimentos às usuárias de TRH e à população brasileira:
O estudo WHI reuniu, em várias cidades americanas, mais de 27.000 mulheres pós-menopaúsicas, com idade entre 50 e 79 anos, sendo a média etária de 63,2 anos. O objetivo primário foi avaliar os efeitos da TRH sobre o risco de infarto do miocárdio e de câncer de mama. Também se procurou verificar o risco de acidente vascular cerebral, de embolia pulmonar, de câncer colo-retal e de fratura de bacia. O tempo médio previsto de observação para este conjunto de mulheres era de 8,5 anos. As pacientes para fins do estudo planejado foram divididas em dois grupos:
Grupo 1 - Composto de pacientes que haviam retirado o útero (histerectomizadas), tratadas com Estrogênios Conjugados Eqüinos (ECE), nas doses de 0,625 mg/dia. Os seus resultados vêm sendo comparado com placebo (substância inativa). Os seus resultados não estão disponíveis ainda param o conhecimento público - Este grupo continua sendo estudado com as pacientes se mantendo dentro dos limites de segurança pré-estabelecidos pelo comitê de monitorização e segurança do estudo.
Grupo 2 - Composto de pacientes com útero intacto, tratadas com a associação de estrogênios progesterona, por via oral, no seguinte esquema: Estrogênios Conjugados Eqüinos (ECE), nas doses de 0,625 mg/dia. Igualmente tiveram os seus resultados comparados com placebo. Este grupo teve o seu acompanhamento interrompido após 5,2 anos de seguimento médio das pacientes pois a incidência de câncer invasivo de mama ultrapassou os limites de segurança pré-estabelecidos para as pacientes do estudo.
Os resultados encontrados no grupo 2 (associação de estrogênios e progesterona), que sofreu interrupção na sua continuidade, foram: aumento do risco de câncer de mama (8 casos em 10.000 mulheres a cada ano), infarto do miocárdio (7 casos em 10.000 mulheres a cada ano), acidente vascular cerebral - derrame cerebral - (8 casos em 10.000 mulheres a cada no) e tromboembolismo venoso (8 casos em 10.000 a cada ano). De outra parte, houve diminuição do risco de fraturas (5 casos em 10.000 mulheres a cada ano) do quadril e de câncer colo-retal (6 casos em 10.000 mulheres a cada ano).
CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESTUDO
1. Deve ser levado sem consideração que apenas um regime terapêutico foi utilizado, uma única dose de hormônios foi empregada (doses convencionais) e uma única via de administração dos medicamentos foi testada. Não se analisou as vias não orais (adesivos transdérmicos, gel, implantes e via nasal). Não se avaliou os vários tipos de regimes terapêuticos disponíveis em nosso país. Analisou-se apenas o regime terapêutico que é mais empregado no país em que o estudo foi realizado. Não se levou em consideração os aspectos clínicos singulares de cada paciente que permitiriam a individualização por parte do médico do regime mais apropriado para cada caso, possibilitando, desta forma, otimizar os benefícios e reduzir os riscos.
2. O aumento do risco relativo de câncer de mama já era referido em estudos anteriores. Parece, conforme o próprio WHI mostra, depender do tempo de uso dos hormônios e do emprego concomitante e contínuo de progesterona junto com o estrogênio. O risco neste estudo só foi observado depois de um tempo médio de seguimento de 5,2 anos, o que já havia sido notado em outros estudos.
3. O grupo de mulheres no estudo WHI que estão usando apenas estrogênios não foi interrompido, pois os limites de segurança estão preservados. Os seus resultados serão divulgados em tempo oportuno.
4. Os resultados deste estudo, inquestionáveis, devem, no entanto, ficar restritos ao regime de tratamento empregado às pacientes dessa faixa etária. Não se pode extrapolar os seus resultados para todos os outros tipos de regimes terapêuticos. De igual modo, não podem ser estendidos para a s mulheres que iniciam a TRH mais cedo em período mais próximo da menopausa.
5. Atualmente, existe uma tendência mundial para a admisnistração de baixas doses de hormônios nas mulheres com maior tempo de pós-menopausa e/ou idade mais avançada, o que não foi avaliado no estudo WHI.
Parece-nos importante esclarecer que a decisão clínica de iniciar ou dar continuidade TRH (conjunta de médico e paciente) deve levar sempre em consideração a peculiaridade de cada caso, em particular procurando-se individualizar o regime terapêutico a ser adotado, as doses e vias a serem empregadas, o tempo de utilização dos hormônios, os benefícios e os riscos desta modalidade de tratamento. Com base nos resultados publicados não aparece apropriado indicar a TRH em esquema combinado e contínuo com estrogênios e progesterona, especialmente com os mesmos hormônios e as mesmas doses usadas no estudo WHI, visando a prevenção primária de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral.
Por fim, gostaríamos de enfatizar que não existe razão apara pânico. As pacientes usuárias de TRH que estejam preocupadas com o seu tratamento, devem compartilhar com os seus médicos de confiança a decisão da continuidade do seu atual regime de TRH, da eventual conveniência de mudanças ou mesmo da sua interrupção.
Fonte: FEBRASGO - Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia e SOBRAC - Sociedade Brasileira de Climatério.
COMENTÁRIO PESSOAL:
Como paciente, portadora de Lúpus Eritematoso Sistêmico, sei que nós, lúpicas, nao podemos fazer reposição hormonal. O estrôgeno ou estrogênio, nao "combina" com lúpus. As pacientes, que precisam usar anticompepcional, o comprimido nao pode conter este hormonio, estrogênio, somente progesterona.
Nao sei dizer qual a relação do estrogenio no desenvolvimento da doença (lúpus), mas sei que ele é "inimigo", assim como temos o fator hereditario, a pre-disposição para desenvolvermos ou nao a doença e o tipo de vida que levamos, levando-se em conta, estresse, aborrecimentos, preocupaçoes, jornada dupla de trabalho, quer dizer, temos o nosso emprego + casa + filho + obrigaçoes aqui e acolá: está formada a vítima do lobo.
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
HEPATITE AUTOIMUNE
HEPATITE AUTOIMUNE
Sinônimos: Hepatite lupóide (denominação antiga)
O que é?
É uma inflamação crônica do fígado sem causa conhecida.
Como se desenvolve?
Não se sabe bem porque a doença inicia. Sabe-se que é causada por um descontrole nas defesas do próprio organismo (sistema imunológico) que passam a atacar células e órgãos normais, ao invés de agir apenas protejendo o organismo contra infecções. Essa agressão causa inflamação, destruição e, potencialmente, perda da função do órgão atingido. No caso da hepatite autoimune, o órgão atingido é o fígado.
Acredita-se que exista uma predisposição genética para desenvolvimento da doença, e que vírus e bactérias poderiam ser fatores desencadeantes do processo autoimune.
É tipicamente uma doença de mulheres jovens, mas pode atingir crianças e adultos de qualquer sexo.
O que se sente?
De modo semelhante a outras hepatites pode-se não apresentar sintomas ou iniciar com sintomas gerais, tais como:
- fraqueza
- cansaço fácil
- perda de apetite
- perda de peso
- febre
- dores no corpo e nas articulações (nas juntas).
Ainda que inicialmente leves, esses sintomas podem se intensificar e, em cerca de 25%dos casos, serem acompanhados de
- icterícia (cor amarelada da pele e mucosas)
- fezes claras (cor de massa de vidraceiro)
- urina escura (cor de Coca-Cola).
São raros os casos sem sintomas e descobertos em exames de rotina, assim como aqueles de forma fulminante com evolução rápida para o coma hepático.
Excesso de pelos, espinhas e alterações menstruais são comuns em mulheres jovens. Até metade dos pacientes tem outras doenças concomitantes como diabetes, doenças da tireóide, artrite reumatóide e lúpus eritematoso sistêmico.
Como o médico faz o diagnóstico?
Não há um exame que confirme exatamente o diagnóstico. A partir de suspeita pelas queixas do paciente e pelo exame clínico, o médico solicita exames de sangue que visam excluir outras causas mais comuns de hepatite, como, por exemplo, as causadas por vírus.
Dentre os exames geralmente solicitados e que colaboram com o diagnóstico estão as transaminases, fosfatase alcalina, gamaglutamiltranspeptidase, proteinograma, fator antinuclear, anticorpos anti-músculo liso, anticorpos anti-rim-fígado.
Ecografia e biópsia hepática (retirada com agulha de um pequeno fragmento do fígado) são frequentemente necessários para auxílio diagnóstico e avaliação da gravidade da doença. A biópsia pode ser também necessária para avaliar a resposta ao tratamento, após alguns meses ou anos..
Como se trata?
A maioria dos casos de hepatite autoimune é tratada com corticóides (assemelhados da cortisona) associados ou não a outros medicamentos, como a azatioprina.
A maioria dos casos de hepatite autoimune é tratada com corticóides, associados ou não a outros medicamentos que controlam o sistema imunológico.
A função do tratamento é diminuir a formação e a ação de substâncias de defesa (anticorpos) que estão "desreguladas" e causando lesões.
O tratamento controla a inflamação em 80 a 90% dos casos, porém, em muitos casos, a doença volta quando o tratamento é suspenso. Por isso, na maioria das vezes, é necessário o uso contínuo de medicações.
Pela dificuldade e pelos efeitos indesejáveis do tratamento prolongado, a decisão de tratamento deve ser estudada e discutida entre o especialista e o paciente, considerando a gravidade da doença e o risco individual de evolução para cirrose.
Como se previne?
Não há forma conhecida de prevenção, já que não se conhece porque a doença ocorre.
Sinônimos: Hepatite lupóide (denominação antiga)
O que é?
É uma inflamação crônica do fígado sem causa conhecida.
Como se desenvolve?
Não se sabe bem porque a doença inicia. Sabe-se que é causada por um descontrole nas defesas do próprio organismo (sistema imunológico) que passam a atacar células e órgãos normais, ao invés de agir apenas protejendo o organismo contra infecções. Essa agressão causa inflamação, destruição e, potencialmente, perda da função do órgão atingido. No caso da hepatite autoimune, o órgão atingido é o fígado.
Acredita-se que exista uma predisposição genética para desenvolvimento da doença, e que vírus e bactérias poderiam ser fatores desencadeantes do processo autoimune.
É tipicamente uma doença de mulheres jovens, mas pode atingir crianças e adultos de qualquer sexo.
O que se sente?
De modo semelhante a outras hepatites pode-se não apresentar sintomas ou iniciar com sintomas gerais, tais como:
- fraqueza
- cansaço fácil
- perda de apetite
- perda de peso
- febre
- dores no corpo e nas articulações (nas juntas).
Ainda que inicialmente leves, esses sintomas podem se intensificar e, em cerca de 25%dos casos, serem acompanhados de
- icterícia (cor amarelada da pele e mucosas)
- fezes claras (cor de massa de vidraceiro)
- urina escura (cor de Coca-Cola).
São raros os casos sem sintomas e descobertos em exames de rotina, assim como aqueles de forma fulminante com evolução rápida para o coma hepático.
Excesso de pelos, espinhas e alterações menstruais são comuns em mulheres jovens. Até metade dos pacientes tem outras doenças concomitantes como diabetes, doenças da tireóide, artrite reumatóide e lúpus eritematoso sistêmico.
Como o médico faz o diagnóstico?
Não há um exame que confirme exatamente o diagnóstico. A partir de suspeita pelas queixas do paciente e pelo exame clínico, o médico solicita exames de sangue que visam excluir outras causas mais comuns de hepatite, como, por exemplo, as causadas por vírus.
Dentre os exames geralmente solicitados e que colaboram com o diagnóstico estão as transaminases, fosfatase alcalina, gamaglutamiltranspeptidase, proteinograma, fator antinuclear, anticorpos anti-músculo liso, anticorpos anti-rim-fígado.
Ecografia e biópsia hepática (retirada com agulha de um pequeno fragmento do fígado) são frequentemente necessários para auxílio diagnóstico e avaliação da gravidade da doença. A biópsia pode ser também necessária para avaliar a resposta ao tratamento, após alguns meses ou anos..
Como se trata?
A maioria dos casos de hepatite autoimune é tratada com corticóides (assemelhados da cortisona) associados ou não a outros medicamentos, como a azatioprina.
A maioria dos casos de hepatite autoimune é tratada com corticóides, associados ou não a outros medicamentos que controlam o sistema imunológico.
A função do tratamento é diminuir a formação e a ação de substâncias de defesa (anticorpos) que estão "desreguladas" e causando lesões.
O tratamento controla a inflamação em 80 a 90% dos casos, porém, em muitos casos, a doença volta quando o tratamento é suspenso. Por isso, na maioria das vezes, é necessário o uso contínuo de medicações.
Pela dificuldade e pelos efeitos indesejáveis do tratamento prolongado, a decisão de tratamento deve ser estudada e discutida entre o especialista e o paciente, considerando a gravidade da doença e o risco individual de evolução para cirrose.
Como se previne?
Não há forma conhecida de prevenção, já que não se conhece porque a doença ocorre.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
QUANDO PROCURAR UM NEFROLOGISTA
QUANDO PROCURAR UM NEFROLOGISTA?
O que é Nefrologia?
É a área da medicina que estuda e pesquisa o funcionamento dos rins e as doenças renais.
O que é um Nefrologista?
Nefrologista é um Clínico Geral (Medicina Interna) com especialização em doenças renais.
O que é o Rim?
O ser humano possui dois rins que têm cor vermelha escura e forma de um grão de feijão. Os dois medem 12cm em uma pessoa adulta e pesam, em média, 130 -170g cada um. Localizam-se nas costas um de cada lado da coluna e protegidos pelas últimas costelas.
Aproximadamente, passam pelo rim 1.200 -2000 litros de sangue por dia que chegam através das artérias renais. No interior dos rins, as artérias dividem-se em vasos, cada vez menores até formarem um enovelado de vasos muito finos que constituem o glomérulo. O glomérulo é o verdadeiro filtro do rim, por onde o sangue passa e é filtrado, eliminando todas as substâncias indesejáveis, através da urina. Existem aproximadamente um milhão de glomérulos em cada rim (figura 2).
A urina é formada pela eliminação da água desnecessária, dos sais e outros produtos que não devem ser acumulados no nosso sangue. A quantidade diária de urina formada a partir de 1200 a 2000 litros de sangue que passam pelo filtro renal, é da ordem de 1,2 a 1,5 litros por dia.
Partindo do espaço capsular (figura 2), a urina inicia a sua caminhada para o exterior, descendo pelo túbulo proximal e depois pelo ureter, chegando à bexiga e saindo pela uretra (vide figura 1).
Na urina é eliminado diariamente, além da água, sódio, cálcio, fósforo, uréia, ácido úrico e inúmeros outros produtos do catabolismo do nosso organismo. O trabalho metabólico aproveita o que serve para o organismo e rejeita o que não deve ser assimilado (produto catabólico), e envia ao rim para ser eliminado por ser desnecessário.
Para que servem os Rins?
Entre as inúmeras funções do rim salientam-se as seguintes:
- O rim é responsável pela eliminação dos resíduos tóxicos produzidos pelo nosso organismo como a uréia e o ácido úrico. É a sua função de filtração, de limpeza ou de depuração;
- O rim controla o volume do organismo, eliminando ou conservando os líquidos. Por exemplo, qualquer excesso de água no corpo é eliminado pela urina; é o chamado efeito diurético.
- O rim exerce controle sobre os sais de nosso corpo, eliminando os seus excessos ou poupando-os nas situações de carência.
- A partir do controle do volume (líquidos) e dos sais, ele exerce grande influência sobre a pressão arterial e venosa do nosso organismo.
- O rim produz e secreta hormônios: como a eritropoetina, vitamina D e a renina. A eritropoetina interfere na produção dos glóbulos vermelhos e a sua falta pode levar a uma anemia de difícil tratamento. A vitamina D, calciferol, controla a absorção intestinal de cálcio. E a renina, junto com a aldosterona, controla o volume dos líquidos e a pressão arterial de nosso organismo.
Assim, os rins regulam a pressão arterial, filtram o sangue, eliminam as toxinas, controlam a água e o sal no corpo, produzem hormônios e eliminam os excessos de medicamentos e outras substâncias ingeridas.
Quando procurar um Nefrologista?
Deve-se procurar um nefrologista quando algum desses sintomas, abaixo relacionados, ou sinais de alterações de doenças renais estiverem presentes, ou se tiver familiares com doença renal, hipertensão, diabetes, cálculos e cistos renais, ou quando tiver alguma dúvida sobre esses sintomas e sinais:
- Micção alterada, por um jato fino, difícil e/ou sem força; quando a micção é acompanhada de dor, ardência, aumento da freqüência ou mau cheiro. Levantar-se muitas vezes à noite para urinar sem razão, como por excesso de ingestão de líquidos.
- Quando a urina apresenta coloração diferente do amarelo claro, por exemplo escura como coca-cola, sanguinolenta ou amarelo muito escuro ou quando ao urinar surgir grande quantidade de espuma.
- Exame de urina que apresentar proteínas, sangue, glicose, pus, cilindros e bactérias.
- Inchume (edema) de mãos, pés ou olhos.
- Dor lombar, com urina escura ou sanguinolenta. Dor em cólica com ou sem eliminação de cálculo. Dor permanente, sem modificações, nos flancos.
- Pressão arterial elevada.
- Palidez exagerada (cor de palha de trigo) ou anemia que não responde ao uso de medicamentos com ferro.
- História de doença renal familiar. Exemplo: Rim policístico, cálculo renal, etc.
- Todo portador de diabete mellitus com mais de 5 anos de evolução.
- Portador de doenças colágeno, artrites (gota), lupus.
- Exame de sangue com taxas altas de creatinina, uréia, ácido úrico, fósforo e cálcio.
- Ecografia ou radiologia ocasional que mostre rins aumentados ou diminuídos, presença de cálculos, tumores ou cistos.
Como escolher um Nefrologista?
Para escolher um nefrologista deve-se procurar informações:
- com amigos que já usaram a especialidade com sucesso;
- a respeito da formação do médico, se é especialista;
- da atividade em centros médicos e hospitalares de bom nível e de referência;
- a atividade de ensino e pesquisa em Universidades.
O que é Nefrologia?
É a área da medicina que estuda e pesquisa o funcionamento dos rins e as doenças renais.
O que é um Nefrologista?
Nefrologista é um Clínico Geral (Medicina Interna) com especialização em doenças renais.
O que é o Rim?
O ser humano possui dois rins que têm cor vermelha escura e forma de um grão de feijão. Os dois medem 12cm em uma pessoa adulta e pesam, em média, 130 -170g cada um. Localizam-se nas costas um de cada lado da coluna e protegidos pelas últimas costelas.
Aproximadamente, passam pelo rim 1.200 -2000 litros de sangue por dia que chegam através das artérias renais. No interior dos rins, as artérias dividem-se em vasos, cada vez menores até formarem um enovelado de vasos muito finos que constituem o glomérulo. O glomérulo é o verdadeiro filtro do rim, por onde o sangue passa e é filtrado, eliminando todas as substâncias indesejáveis, através da urina. Existem aproximadamente um milhão de glomérulos em cada rim (figura 2).
A urina é formada pela eliminação da água desnecessária, dos sais e outros produtos que não devem ser acumulados no nosso sangue. A quantidade diária de urina formada a partir de 1200 a 2000 litros de sangue que passam pelo filtro renal, é da ordem de 1,2 a 1,5 litros por dia.
Partindo do espaço capsular (figura 2), a urina inicia a sua caminhada para o exterior, descendo pelo túbulo proximal e depois pelo ureter, chegando à bexiga e saindo pela uretra (vide figura 1).
Na urina é eliminado diariamente, além da água, sódio, cálcio, fósforo, uréia, ácido úrico e inúmeros outros produtos do catabolismo do nosso organismo. O trabalho metabólico aproveita o que serve para o organismo e rejeita o que não deve ser assimilado (produto catabólico), e envia ao rim para ser eliminado por ser desnecessário.
Para que servem os Rins?
Entre as inúmeras funções do rim salientam-se as seguintes:
- O rim é responsável pela eliminação dos resíduos tóxicos produzidos pelo nosso organismo como a uréia e o ácido úrico. É a sua função de filtração, de limpeza ou de depuração;
- O rim controla o volume do organismo, eliminando ou conservando os líquidos. Por exemplo, qualquer excesso de água no corpo é eliminado pela urina; é o chamado efeito diurético.
- O rim exerce controle sobre os sais de nosso corpo, eliminando os seus excessos ou poupando-os nas situações de carência.
- A partir do controle do volume (líquidos) e dos sais, ele exerce grande influência sobre a pressão arterial e venosa do nosso organismo.
- O rim produz e secreta hormônios: como a eritropoetina, vitamina D e a renina. A eritropoetina interfere na produção dos glóbulos vermelhos e a sua falta pode levar a uma anemia de difícil tratamento. A vitamina D, calciferol, controla a absorção intestinal de cálcio. E a renina, junto com a aldosterona, controla o volume dos líquidos e a pressão arterial de nosso organismo.
Assim, os rins regulam a pressão arterial, filtram o sangue, eliminam as toxinas, controlam a água e o sal no corpo, produzem hormônios e eliminam os excessos de medicamentos e outras substâncias ingeridas.
Quando procurar um Nefrologista?
Deve-se procurar um nefrologista quando algum desses sintomas, abaixo relacionados, ou sinais de alterações de doenças renais estiverem presentes, ou se tiver familiares com doença renal, hipertensão, diabetes, cálculos e cistos renais, ou quando tiver alguma dúvida sobre esses sintomas e sinais:
- Micção alterada, por um jato fino, difícil e/ou sem força; quando a micção é acompanhada de dor, ardência, aumento da freqüência ou mau cheiro. Levantar-se muitas vezes à noite para urinar sem razão, como por excesso de ingestão de líquidos.
- Quando a urina apresenta coloração diferente do amarelo claro, por exemplo escura como coca-cola, sanguinolenta ou amarelo muito escuro ou quando ao urinar surgir grande quantidade de espuma.
- Exame de urina que apresentar proteínas, sangue, glicose, pus, cilindros e bactérias.
- Inchume (edema) de mãos, pés ou olhos.
- Dor lombar, com urina escura ou sanguinolenta. Dor em cólica com ou sem eliminação de cálculo. Dor permanente, sem modificações, nos flancos.
- Pressão arterial elevada.
- Palidez exagerada (cor de palha de trigo) ou anemia que não responde ao uso de medicamentos com ferro.
- História de doença renal familiar. Exemplo: Rim policístico, cálculo renal, etc.
- Todo portador de diabete mellitus com mais de 5 anos de evolução.
- Portador de doenças colágeno, artrites (gota), lupus.
- Exame de sangue com taxas altas de creatinina, uréia, ácido úrico, fósforo e cálcio.
- Ecografia ou radiologia ocasional que mostre rins aumentados ou diminuídos, presença de cálculos, tumores ou cistos.
Como escolher um Nefrologista?
Para escolher um nefrologista deve-se procurar informações:
- com amigos que já usaram a especialidade com sucesso;
- a respeito da formação do médico, se é especialista;
- da atividade em centros médicos e hospitalares de bom nível e de referência;
- a atividade de ensino e pesquisa em Universidades.
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